Que eu gosto muito do cinema argentino, já não é nenhuma novidade. Junte isso a uma temática literária, a qual também muito me interessa, e logo O Cidadão Ilustre teria grandes chances de cair no meu gosto. E ainda que não seja um dos melhores exemplares da cinematografia da terra de Lionel Messi, ainda assim ele é bem bacana.
Daniel Mantovani é um escritor argentino radicado na Espanha e ganhador do Prêmio Nobel de Literatura. Um dia ele recebe um convite da prefeitura de sua cidadezinha natal para ir até lá receber uma homenagem de Cidadão Ilustre e participar de alguns eventos.
Ele decide comparecer e, nos poucos dias em que passa no vilarejo ao qual não retornava há quarenta anos, não vai demorar muito para se lembrar de porque saíra de lá e nunca mais voltara. Situações constrangedoras, tipos estranhos e os costumeiros chupins de gente famosa vão dar as caras, criando um monte de saias justas para o tranquilo escritor.
O longa faz a tradicional mistura de drama e comédia com muita competência. Apesar das situações estilo vergonha alheia” em que ele acaba se metendo, é perceptível que há sempre um tom saudosista por trás do motivo de sua volta à cidade, com ele se reconectando com sua juventude e com a principal fonte de inspiração para suas histórias.
À medida em que os dias por lá vão passando, as coisas também começam a ficar mais estranhas e engraçadas. Várias situações são exploradas, desde o reencontro com um antigo amigo de infância até Daniel arranjar seu próprio arquiinimigo local, que passa a tentar se promover denegrindo a imagem do autor mundialmente reconhecido.
O filme é bacana e explora bem as locações da cidadezinha interiorana e os tipos que a habitam, sendo que muitos deles também são facilmente encontrados em nossa própria terrinha.
Também vale ressaltar que o terceiro ato foge um pouco da combinação azeitada de drama e comédia e parte para algo um tanto mais exagerado. Talvez isso desagrade quem estava gostando do tom da produção até então, mas pode vir a agradar quem curte o lado mais cômico.
No geral, O Cidadão Ilustre é bastante simpático e, como disse lá no primeiro parágrafo, embora não seja uma das películas mais memoráveis de nossos hermanos, ainda é boa o bastante para merecer uma assistida por qualquer apreciador do cinema argentino.”