Uma equipe ultra-hiper-mega secreta de operações especiais do governo dos EUA precisa proteger um informante e levá-lo da embaixada estadunidense num fictício país asiático até um avião que o levará para os States. O trajeto possui as 22 Milhas do título e, pelo caminho, há um monte de gente que deseja apresuntar o sujeito.
Essa é a trama básica do novo filme estrelado por Mark Wahlberg. E a sinopse até lembra um pouco 16 Quadras, até o momento o último filme dirigido pelo tremendão Richard Donner. Só que 22 Milhas comete um erro que muitos filmes de ação recentes andam praticando. Ele quer ser, ou ao menos parecer, algo mais do que apenas um pretexto para sequências de tiroteiros, explosões e pancadarias.
22 MILHAS
Estaríamos testemunhando o nascimento de um novo subgênero? O filme de ação que tem vergonha de si mesmo? Não sei, mas é no mínimo irritante quando ficam tentando enfiar historinhas supérfluas sem necessidade onde não é preciso. O exemplo aqui são as cenas do depoimento do Marky Mark que permeiam todo o longa. Para que isso? O que acrescenta?
E para quê tantos diálogos desconexos tentando soar cool? Partam logo para o que interessa e pronto. Bom, se essa vontade de ser algo mais sério atrapalha o que deveria ser simples diversão ligeira, o longa comete outro grande pecado. Ter em seu elenco Iko Uwais e não utilizá-lo como deveria.
Se você não o conhece, ele é o protagonista de Operação Invasão, aquele que é fácil o melhor filme de ação a dar as caras nos últimos dez anos. Confira o rapaz distribuindo bordoadas no clipe abaixo:
Massa, né? Logo, se o mundo fizesse algum sentido, ele seria o protagonista, e não o Marky Mark. Mas tudo bem, a estrela de Hollywood é o amigo do ursinho Ted. Mesmo como coadjuvante ele ainda poderia ter boas cenas de porrada. Bem, poderia, se não entrasse aí outro problema.
O diretor Peter Berg simplesmente não sabe como filmar Uwais em ação. Ele acaba picotando demais as cenas dele na montagem, dificultando ver direito o que está acontecendo.
Assim, a coisa toda resulta genérica, pouco inspirada e bem esquecível. Tivesse o mínimo de inspiração, e a justiça de colocar Iko Uwais como o protagonista, certamente renderia algo acima da média. Como mais um veículo para Mark Wahlberg, é apenas um filme nada e olhe lá. Melhor guardar a grana do ingresso e reassistir Operação Invasão, para ver como se faz um filme de ação com “A” maiúsculo!