Poucos astros do cinema marcaram tanto a infância dos jovens nos anos 80 e 90 quanto Arnold Schwarzenegger. Além de ícone dos filmes de ação, é um dos maiores campeões do fisiculturismo de todos os tempos, empresário bem sucedido e ex-governador por dois mandatos consecutivos de um dos estados mais importantes dos EUA.
Nesta autobiografia, ele conta sua história de maneira cronológica desde o nascimento, em uma cidade rural da Áustria, até o atual período, mais precisamente as gravações do último filme, The Last Stand. Tudo repleto de registros fotográficos, curiosidades sobre o que acontecia por trás das câmeras, seus altos e baixos em todos os períodos que passou.
Uma característica inegável de quase todos os filmes do Arnold é o humor e tiradas sarcásticas, e tem um monte disso aqui, deixando a leitura leve, interessante e te prendendo aos capítulos, atiçando curiosidade sobre os próximos passos que ele toma em cada iniciativa. Você sente simpatia pelo personagem. Em algumas situações fica claro que ele fez alguma coisa idiota, mas é escrito de forma de que dá para entender o motivo para ele fazer aquilo e dizer “Arnold, você estava certo e tem bom coração, apenas não foi compreendido”.
Tendo nascido em uma família relativamente pobre, mas rigorosa na educação e com valores morais, Arnold desde pequeno foi um batalhador. E isso ele deixa bem claro ao longo do livro todo, de que ele não foi um rosto bonito que deu sorte, foi um homem com objetivos que lutou arduamente para alcançar seus sonhos.
As histórias de como escapou do exército são hilárias (ele dirigia tanques, e volta e meia perdia algum deles). Sua ascensão como campeão do halterofilismo é interessantíssima, bem como o início da vida nos EUA. Mas é óbvio que os capítulos que falam dos filmes clássicos são os que mais prendem a atenção, e valem a leitura. Nessa parte, cada capítulo é dedicado a um filme importante dele e o que acontecia no período. Curiosamente, os filmes ruins recebem apenas alguns parágrafos, enquanto os horríveis são apenas citados em uma ou duas linhas (Herói de Brinquedo e Batman e Robin, por exemplo).
Quando inicia sua trajetória política e a pausa da sua carreira cinematográfica, o livro foca mais no casamento com Maria Shriver e perde um pouco a graça, se estende demais. Talvez por eu não achar a parte política tão interessante, mas também achei que foi escrita muito sob o ponto de vista do Arnold, de maneira que tudo que ele fazia era certo, mas não conseguia porque os outros políticos estavam errados. Não acompanhei muito a carreira política do Governator, de maneira que não sei o que ali é certo ou não, mas convenhamos, se em algumas épocas a aprovação dele era baixíssima nas pesquisas, acho que ele não estava fazendo tudo certo, né?
Mas este é Arnold Schwarzenegger. Enquanto os outros adolescentes iam a festas, ele malhava para ser Mr. Universo. Enquanto os fisiculturistas ficavam felizes com papéis genéricos de Hércules no cinema, ele foi atrás de papéis de protagonista em filmes importantes. Enquanto os astros gastavam seus cachês em festas, ele investia no ramo imobiliário e outros negócios que formou. Enquanto outros famosos decaiam em suas carreiras rumo ao esquecimento, ele engajou uma carreira política e se manteve tanto na mídia quanto no ramo empresarial, tornando-se cada vez mais conhecido e poderoso.
Mais do que o brucutu máximo de nossa infância, Arnold é um exemplo de que nada é impossível quando se tem vontade e perseverança. Só não leve a sério quando ele fala de interpretação como se fosse especialista no assunto.
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