Capitão América: Guerra Civil

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Guerra Civil, a minissérie em quadrinhos, foi um dos eventos recentes mais importantes nas HQs da Marvel. Por isso, quando foi anunciado que este arco de histórias seria adaptado no terceiro longa do Capitão América, ele imediatamente se tornou o filme mais aguardado do Universo Cinematográfico Marvel.

As expectativas eram altas para o confronto entre as equipes lideradas pelo Capitão e pelo Homem de Ferro, respectivamente. Bem, com a estreia nesta quinta-feira de Capitão América: Guerra Civil, chegou a hora de analisarmos se tais expectativas correspondem com a realidade.

A cabine de imprensa sofreu um atraso considerável para começar devido a problemas técnicos (às vezes acontece, são ossos do ofício), o que só deixou os muitos jornalistas presentes ainda mais ansiosos na quilométrica fila formada até que a entrada na sala de exibição fosse liberada. O filme, programado para começar no costumeiro horário das 10h30, só foi se iniciar ao meio-dia.

Ao final, o possível mau humor devido à longa espera foi devidamente apagado e esquecido, pois tivemos excelentes 146 minutos de mais uma obra de alta qualidade dos Estúdios Marvel. Eu saí plenamente satisfeito com o que vi. Guerra Civil é até melhor do que eu esperava.

ESCOLHA SEU LADO

Na comparação entre filme e HQ há muitas diferenças. O elenco de personagens é muito menor, o estopim que move a trama é totalmente diferente e a questão das identidades secretas sequer é abordada no longa porque no universo cinematográfico elas nunca tiveram a mesma relevância que nos gibis.

Posto isso, o básico da trama original de Mark Millar foi transposto para a tela, com as adaptações necessárias funcionando muito bem e ainda mantendo o fato de que este é um filme do Capitão América e não uma espécie de Vingadores 2,5 como se poderia naturalmente especular.

Após uma missão de rotina dos Vingadores causar baixas civis, a opinião pública passa a expressar o medo causado pelas ações dos vigilantes superpoderosos. As destruições anteriores, como as de Nova Iorque no primeiro Vingadores, a de Washington em Capitão América 2 e a de Sokovia em Era de Ultron voltam à baila.

O General Ross (de O Incrível Hulk), agora promovido a Secretário de Estado, exige que os seres aprimorados passem a se registrar e que suas ações sejam sancionadas por um órgão regulamentador. É o chamado Tratado de Sokovia, e ele imediatamente causa um racha ideológico nas fileiras dos heróis.

Enquanto o Homem de Ferro acredita que assinar o Tratado é a coisa responsável a se fazer, devolvendo assim paz de espírito à população mundial, o Capitão América sente que isso viola as liberdades de seus pares. Afinal, se eles serão controlados por uma instituição, quem garante que as missões onde eles terão aprovação para agir serão do melhor interesse da humanidade? E o que acontece se porventura eles receberem uma proibição de agir? Deverão simplesmente cruzar os braços e ficar assistindo a uma desgraça acontecer?

O filme leva um bom tempo neste debate sobre moralidade, responsabilidade e o dever inerente aos chamados super-heróis. Ambos os lados apresentam bons argumentos e aí reside o problema, pois não existe certo e errado nessas questões. Contudo, outro elemento vai levar os dois times ao limite e à pancadaria.

ESCUDO VS ARMADURA

Como disse, este ainda é um filme do Capitão América, e embora ele tenha de inevitavelmente dividir seu tempo de tela com os outros heróis, ainda é o bandeiroso quem move a trama, graças à sua lealdade cega a seu melhor amigo Bucky. O Soldado Invernal é outro elemento muito importante para a história e o estopim para o confronto entre os lados rivais.

Do outro lado, Tony Stark também tem bastante tempo em cena e seu personagem ganha até mais desenvolvimento psicológico do que havia sido mostrado em seus próprios filmes solo. Por outro lado, particularmente, o personagem vem me irritando bastante desde Era de Ultron por sua soberba cada vez maior. O filme nunca o pinta como um vilão ou como o lado errado da história, mas mesmo assim eu nunca hesitei sobre de qual lado eu ficaria.

OS PROBLEMAS

Analisando friamente, o filme não é perfeito. Ele tem algumas falhas. Em comparação com o longa anterior do Sentinela da Liberdade, este aqui tem um ritmo mais lento, principalmente no primeiro ato. Claro, é perfeitamente compreensível. São muitos personagens para lidar e, como já falei antes, ele não se furta a reservar um bom tempo para apresentar e discutir as questões filosóficas que dividem os dois grupos. Ainda assim, O Soldado Invernal tinha um andamento mais azeitado, mais redondo.

Alguns personagens caem de paraquedas na trama e não têm a menor função a não ser participar da treta. É o caso, mais uma vez, do Gavião Arqueiro, que surge do nada e pouco acrescenta. O próprio grande vilão da história pode irritar alguns fãs, especialmente os mais puristas, visto que ele foi totalmente modificado, ou mesmo decepcionar outra parcela, que talvez não aceite que aquele cara desencadeou tanta confusão entre os maiores heróis da Terra. Particularmente, eu não achei algo marcante, mas funcionou.

O AMIGÃO DA VIZINHANÇA VOLTA PARA CASA

Tá, a essa altura você quer saber do Homem-Aranha. E eu respondo. A participação dele é na quantidade certa, entre 20 e 30 minutos, se tanto. E ele é outro que não tem qualquer importância para a narrativa. É um gigantesco fan service. E ainda assim é uma das melhores coisas do filme! Vale cada precioso frame.

Tom Holland, nesses poucos minutos de participação, já é a melhor versão cinematográfica do personagem. Ele realmente tem cara de adolescente e se porta como o Aranha das HQs, fazendo piada o tempo todo quando está mascarado. Ao trazê-lo de volta para casa, a Marvel “humilha” a Sony e seus cinco filmes (é, até os do Sam Raimi), mostrando como é que se caracteriza o personagem. Se mantiver a mesma pegada apresentada aqui, seu filme solo tem tudo para ser excelente.

DA FECHADA WAKANDA PARA O MUNDO

Outro personagem que faz sua estreia aqui é o Pantera Negra. E é outro dos pontos altos da película. Diferente do Amigão da Vizinhança, T’Challa ganha um arco dramático completo, com começo, meio e fim e importância para a narrativa. E também rouba a cena.

Seu uniforme é extremamente cool e vê-lo em ação, com um estilo de luta todo particular, às vezes gracioso como um felino, às vezes bruto, ajuda a diferenciá-lo da miríade de personagens presentes. Ele pode não ser um dos heróis mais poderosos, mas certamente é um dos mais estilosos. Novamente, o que é apresentado dele aqui deixa uma ótima impressão para seu primeiro filme solo.

PANCADARIA EM GRANDE ESTILO

Já falei sobre a trama, os defeitos e os novatos. Resta falar das qualidades do filme. A essa altura a Marvel já dominou a fórmula que é sua marca registrada. Muita ação e situações grandiosas temperadas com o bom humor sempre precisamente colocado.

Aqui não é diferente, embora tenha achado este filme mais sóbrio em tom do que a maioria dos outros. Sim, as piadas ainda estão presentes e são hilárias, mas fiquei com a impressão de que a maioria delas ficou concentrada no terceiro ato. Nada de mais, apenas uma constatação.

A ação, como não poderia deixar de ser, é o grande destaque. Quando os heróis finalmente deixam a diplomacia de lado e partem para o quebra-pau, o bicho pega. Os irmãos Russo sabem orquestrar muito bem essas sequências. O estilo deles de câmera na mão (popularizada pela franquia do Jason Bourne), porém com enquadramentos muito mais próximos, te deixa dentro da ação, quase como se você estivesse envolvido diretamente.

O combate no aeroporto é o grande momento do filme e ele corresponde às mais altas expectativas. Ver todos os heróis reunidos se digladiando é simplesmente épico. A forma como cada um usa seus poderes e habilidades é bastante explorada e todo mundo ganha seu momento. Claro, alguns roubam a cena mais do que outros, como os já citados Homem-Aranha e Pantera Negra. Mas quem também merece uma menção honrosa, veja só, é o diminuto Homem-Formiga, responsável pelo grande momento hell yeah da película.

ESCOLHA SEU LADO

Mais do que a reunião dos heróis num grupo no primeiro Vingadores, fica a impressão de que tudo que a Marvel construiu desde o já longínquo Homem de Ferro, foi para levar a esse momento de pura HQ em movimento. Não há como não assistir a isso com um baita sorriso no rosto.

É engraçado que mais que os filmes dos Vingadores, sejam as aventuras do Capitão América as que mais alteram o status quo do Universo Cinematográfico Marvel. Isso já havia acontecido com a queda da S.H.I.E.L.D. em Capitão América 2: O Soldado Invernal e aqui volta a acontecer como consequência da dita Guerra Civil.

Mesmo com os citados defeitos, o longa é tão divertido, tão prazeroso de se assistir, tanto para o grande público quanto para os aficionados por quadrinhos, que suas falhas acabam por se tornar irrelevantes. Por isso, há de figurar entre os melhores dos Estúdios Marvel e digno de receber o cobiçado Selo Delfiano Supremo. Afinal, Capitão América: Guerra Civil é diversão de primeira qualidade. Resta então ao delfonauta escolher seu time e partir para o cinema.

CURIOSIDADE:

– Na cópia exibida na cabine de imprensa só houve uma cena pós-créditos, no meio dos créditos finais. Não fomos informados se é só essa cena mesmo ou se há outra quando os créditos terminam de rolar e ela não foi exibida para os jornalistas (como já aconteceu em outras ocasiões). Então peço aos delfonautas que assistirem ao filme que nos informem nos comentários da existência ou não de mais alguma cena escondida. Valeu.

LEIA TAMBÉM AS RESENHAS DOS FILMES QUE LEVARAM A ESTE MOMENTO:

Homem de Ferro – Onde tudo começou.

Homem de Ferro 2 – Agora com ainda mais Tony Stark.

O Incrível Hulk – Até por favelas cariocas o gigante esmeralda passou.

Thor – E não é que o deus do trovão é meio fanfarrão?

Capitão América: O Primeiro Vingador – Apresentando a última peça que faltava na fase 1.

Os Vingadores – The Avengers – O filme de super-heróis mais esperado da história.

O Hulk de Ang Lee – Não faz parte da história, mas, ei, é o Hulk!

Homem de Ferro 3 – Has he lost his mind? Can he see or is he blind?

Thor: O Mundo Sombrio – A fanfarronice está de volta.

Capitão América 2: O Soldado Invernal – O Sentinela da Liberdade está de volta. E dessa vez é pessoal.

Guardiões da Galáxia – Somos como o Kevin Bacon.

Vingadores: Era de Ultron – Toninho Stark e seus superamigos estão de volta.

Homem-Formiga – Encerrando a fase 2 da Marvel no cinema.

 

Galeria

 

 

 

 

REVER GERAL
Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
capitao-america-guerra-civilPaís: EUA<br> Ano: 2016<br> Gênero: Ação<br> Duração: 146 minutos<br> Roteiro: Christoper Markus e Stephen McFeely<br> Elenco: Chris Evans, Robert Downey Jr., Scarlett Johansson, Sebastian Stan, Anthony Mackie, Don Cheadle, Jeremy Renner, Chadwick Boseman, Paul Bettany, Elizabeth Olsen, Paul Rudd, Emily VanCamp, Tom Holland, Daniel Brühl, Frank Grillo, William Hurt e Martin Freeman.<br> Diretor: Anthony Russo e Joe Russo<br> Distribuidor: Disney<br>