O Voo

0

Robert Zemeckis deu ao mundo filmes tremendões como a trilogia De Volta para o Futuro, Uma Cilada para Roger Rabbit e Forrest Gump – O Contador de Histórias, dentre outros. Por algum motivo inexplicável, passou mais de dez anos fazendo apenas aquelas animações com captura de performance que ninguém gosta.

Sua carreira parecia ter tomado um caminho sem retorno. Mas aí ele decidiu voltar a fazer longas em live action. O Voo é seu primeiro filme com atores de verdade em frente às câmeras desde Náufrago, no longínquo ano 2000. Poderia ser a chance de levantar sua carreira e recuperar o pique perdido após ficar fazendo esses desenhos que não são desenhos. Poderia, mas não foi. O Voo parece ter sido feito apenas para conseguir algumas indicações ao Oscar (e acabou conseguindo) e nada mais. Certamente não foi feito para mostrar aos fãs do diretor que ele ainda tem bala na agulha.

E o pior é que o filme até engana no início, pois ele começa muito bem, com a história de um avião de passageiros que sofre uma pane em pleno voo. Seria um desastre de proporções trágicas não fosse pela perícia do piloto Whip Witaker, que consegue pousar a aeronave em segurança e salvar mais de 100 vidas, diminuindo o número de baixas ao máximo.

O cara seria um herói não fosse por um pequeno detalhe: ele estava completamente mamado ao salvar a pátria. E parece que a sociedade e os órgãos responsáveis não veem com bons olhos gente que toma uns “birinaites” e pilota aviões, não importando se ele salvou um monte de gente do desastre certo. Whip é um alcoólatra que, obviamente, esconde o fato de todo mundo. E as investigações em torno das causas do acidente invariavelmente levarão a esse segredo.

Como disse dois parágrafos acima, o negócio até começa bem, dando esperanças de um bom filme ao espectador. Quando Whip é apresentado, ele tem uma pegada fanfarrona, totalmente Quagmire.

Toda a sequência do avião é muito bem orquestrada e é o melhor momento do filme. Infelizmente, depois disso o negócio fica morno pra caramba e nunca mais volta a esquentar. O filme se prende entre as investigações do acidente e o drama pessoal de Whip, que vira um personagem sério e deprimente, bem diferente de sua cena de apresentação. E, sinceramente, isso não é interessante. Acaba ficando com jeitão de novela.

Nem a presença de John Goodman, como o traficante de Whip e que protagoniza uma cena engraçada no final, consegue voltar a levantar o ritmo do filme. No fim das contas, temos aqui um típico filme nada, autêntico representante da temporada de Oscarizáveis, sem grandes atrativos para o público que busca algo com qualidade no mínimo satisfatória. Robert Zemeckis voltou aos filmes live action, mas continua devendo. Quem sabe no próximo.

REVER GERAL
Nota
Artigo anteriorIngressos para Anthrax e Testament já estão à venda
Próximo artigoLive ‘N’ Louder confirma mais uma atração!
Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
o-vooPaís: EUA<br> Ano: 2012<br> Gênero: Drama<br> Duração: 138 minutos<br> Roteiro: John Gatins<br> Elenco: Denzel Washington, Don Cheadle, Bruce Greenwood, John Goodman, James Badge Dale, Melissa Leo, Tamara Tunie e Nadine Velazquez.<br> Diretor: Robert Zemeckis<br> Distribuidor: Paramount<br>