Divirta-se com o nosso especial do Quarteto:
– Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado – Quem teve a idéia estúpida de transformar o Galactus em uma nuvem?
– Os Jogos do Quarteto Fantástico e do Surfista Prateado – Os jogos não tão fantásticos assim do Quarteto. TODOS eles!
– Os Maiores Clássicos do Quarteto Fantástico Vol. 2 – Quase tão tremendão quanto o Doutor Destino.
– O Quarteto Fantástico – O filme nunca lançado – O filme secreto é analisado pelo DELFOS.
– Quarteto Fantástico – Leia a lendária única crítica positiva ao primeiro filme. Dizem que aqueles que a leram tiveram que ser internados em hospícios nerds.
Podemos dividir os vilões em algumas categorias. Temos os paus-mandados, que fazem o que os chefes mandam, sem ter nenhum objetivo específico. Também existem aqueles que têm seus objetivos, mas que só afetam um pequeno grupo de pessoas. Finalmente, temos os realmente tremendões, que se alcançarem o que almejam causarão mudanças globais. O Doutor Destino faz parte dessa última categoria.
A ORIGEM
Filho de ciganos, Victor Von Doom nasceu em um pequeno país europeu próximo à Hungria. Logo, sua mãe foi raptada pelo demônio Mephisto. Ainda criança, se dedicou a estudar a ciência e o ocultismo. Sua excelência no primeiro campo lhe rendeu uma bolsa para ir aos EUA estudar na Universidade Empire State, onde conheceu Reed Richards e Ben Grimm. Apesar de Richards oferecer sua amizade, Doom a recusou, pois via no futuro super-herói o único rival ao seu intelecto superior.
Nessa época, Victor estava trabalhando em uma máquina que permitiria que sua mãe fosse libertada das garras do demônio. O pentelho Richards tentou avisá-lo de uma falha nos cálculos, mas Doom, é claro, não deu bola para o pusilânime e ativou sua invenção assim mesmo. “BUM!”, foi a resposta da máquina, que explodiu (caso não tenha ficado claro). O pobre Victor ficou com umas poucas cicatrizes no rosto, mas achou que estava completamente deformado. Na verdade, usou isso como desculpa para odiar Reed ainda mais, pois, incapaz de admitir seu erro, achou mais fácil simplesmente acreditar que seu companheiro nerd o havia sabotado.
Assim, considerando seu rosto deformado como um símbolo de seu fracasso, saiu dos EUA rumo ao Tibet, onde foi procurar por iluminação espiritual e por uma cura. Lá encontrou um feiticeiro que o mandou para uma ordem de monges, que Doom, como um bom tremendão, logo reduziu a meros lacaios. Assim, os monges criaram a sua tradicional armadura, que tinha como objetivo esconder seus traços deformados da humanidade. Sabe-se lá por qual motivo, obrigou os monges a pressionar a máscara em seu rosto antes de ela ter esfriado, deformando-o de vez e escondendo seu rosto de todos. Para sempre.
Logo, Victor conquistou a Latvéria e a tornou um paraíso, livre das guerras e onde todos o veneravam – ou sofreriam as conseqüências. Feito isso, ele estabeleceu três objetivos para sua vida: resgatar a mamãe, provar sua superioridade sobre Reed Richards e, é claro, a mesma que todos nós temos – dominar o mundo! E assim surgiu um dos maiores vilões das HQs: o Doutor Destino.
A VERSÃO ULTIMATE
Infelizmente, o Doutor Destino foi um dos poucos personagens (talvez o único), que ficou pior em sua versão Ultimate. Para começar, batizaram o cara de Victor Van Damme, o que, por si só, já dá para ele um ar de paródia. Também refizeram toda sua origem.
Na versão Ultimate, Van Damme era um gênio mirim contratado por um departamento de pesquisa do governo estadunidense para trabalhar no edifício Baxter junto com… adivinha só… Reed Richards. Obviamente, uma rivalidade surge entre os dois, tanto que Victor tenta “consertar” uma experiência que fazia com o colega, o que causa o acidente que cria tanto o Quarteto Fantástico quanto o Doutor Destino.
Aqui, a pele de Victor foi alterada para algo semelhante a uma substância metálica, diminuindo a sensibilidade do seu tato e o pior: deu pés de bode para o coitado. Damme iniciou uma seita onde as pessoas viveriam com conforto desde que fossem leais a ele. Logo, o Quarteto Fantástico apareceu por ali e acabou com a alegria dos locais, deixando Victor ainda mais pê da vida com Reed.
Embora no momento que eu escrevo esse texto, Victor ainda não seja o governante da Latvéria aqui no Brasil, isso já aconteceu nos EUA. Contudo, até o momento, ele é uma ameaça muito mais direta ao Quarteto Fantástico, não ao mundo como um todo. Assim, o Doutor Destino do universo Ultimate se encaixa no segundo grupo de vilões citados acima, o daqueles que têm objetivos, mas sem ser um perigo global. Pelo menos por enquanto.
A VERSÃO CINEMATOGRÁFICA
O Doutor Destino do filme Quarteto Fantástico não faz jus ao personagem que conhecemos. Completamente inspirado por sua versão Ultimate (felizmente sem pés de bode), também teve sua origem ligada à dos heróis.
O ator Julian McMahon, de Nip/Tuck foi escolhido para viver o vilão e, em minha opinião, foi uma péssima escolha. Só que a culpa de sua versão cinematográfica deixar tanto a dever à sua contraparte literária não é do ator, mas do roteiro. E eu sempre vou insistir nessa tecla: primeiros filmes não devem trazer os grandes arquiinimigos, pois boa parte da história será ocupada pela origem dos heróis. Por causa desse erro, por exemplo, o Duende Verde foi completamente desperdiçado no filme do Homem-Aranha. Alguns diretores já perceberam isso (vide Batman Begins), mas outros ainda precisam aprender. Felizmente, no filme do Quarteto, não matam o Doutor Destino, o que permite que ele venha a se tornar um personagem digno de seu legado literário, também no cinema.
O PERSONAGEM
Falamos de todas as suas versões e origens, mas falta falar do principal: o que torna o Doutor Destino um vilão tão legal. Bom, para começar, de todos os milhões de vilões que querem dominar o mundo, Victor é o único que já deu o primeiro passo. Afinal, o cara já tem um país.
Isso dá uma profundidade inédita para seus combates contra os heróis Marvel, pois, como governante de um país, ele tem imunidade diplomática. Isso significa que, legalmente, os EUA não podem mandar o Capitão América até a Latvéria para prendê-lo, assim como também não podiam fazer isso com Saddam Hussein, mas enfim… Isso dá uma idéia de quão relevantes politicamente as histórias do personagem poderiam ser nas mãos de um roteirista habilidoso.
Para completar, Doom é um político adorado pelo seu povo, o que deixa tudo ainda mais complicado. E, como diria Stan Lee, ele não faz nada de ilegal. Afinal de contas, não existe nenhuma lei que diga que você não pode tentar dominar o mundo.
Aliás, falando de Stan Lee, no filme Barrados no Shopping, do Kevin Smith, o próprio Stan fala sobre o Doutor Destino, dizendo que o criou para manifestar o que sentia em relação a uma garota. De qualquer forma, isso deve ter sido criado para o filme, não necessariamente manifestando a intenção original do velhinho simpático quando fez o vilão (e ainda não era velhinho).
Doutor Destino é normalmente considerado o arquiinimigo do Quarteto Fantástico, mas assim como o Rei do Crime ou o Magneto, sua extensão é bem maior que isso. O cara é uma ameaça para todo o universo Marvel e não é à toa que já foi, inclusive, o chefe final de jogos do Homem-Aranha. Aliás, dependendo de como você encare o personagem, ele nem uma ameaça é. Afinal, se ele transformou a Latvéria em um paraíso, pode fazer o mesmo com o resto do mundo. Vamos dar uma chance ao Doutor Destino!
Momento mais tremendão: A conquista da Latvéria sem dúvida separou o Doutor Destino de qualquer outro vilãozinho mequetrefe que sonha em conquistar o mundo.
Momento menos tremendão: Suas versões Ultimate e cinematográfica. Pés de bode e Julian McMahon mostram como a Marvel não tem noção do potencial do personagem. De qualquer forma, ambos ainda podem ser salvos e eu, sinceramente, torço por isso, pois Victor Von Doom merece mais.