3 Dias para Matar

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Está rolando uma verdadeira invasão dos filmes com a grife Luc Besson nos nossos cinemas, delfonauta. Este ano já tivemos 13º Distrito, Lucy, e agora chega este 3 Dias para Matar (do qual ele é co-roteirista). E todos eles estreando com poucas semanas de diferença.

E, de fato, essa fartura toda claramente está se tornando um problema. O cara está saturando o filão e a qualidade de seus últimos produtos já não anda lá aquela maravilha (embora o já citado 13º Distrito seja bem legalzinho). Este novo longa não é diferente.

Na trama, Ethan Renner é um assassino da CIA que descobre estar morrendo de câncer. Ele então parte para Paris com o intuito de consertar sua relação com a filha distante. Mas eis que uma outra agente vai procurá-lo com uma oferta irrecusável. Realizar um último serviço a troco de um remédio experimental que pode lhe dar mais alguns meses de vida para ele poder desfrutar junto da filhota.

Este longa tinha potencial para ser mais uma bobagem divertida e cheia de adrenalina, como a maioria dos bons filmes escritos, produzidos e ocasionalmente dirigidos pelo Luc Besson. Tem boas cenas de ação, uma historinha mirabolante para justificar os tiroteios e o Kevin Costner até que funciona bem como o matador acabadão.

Mas o longa simplesmente se leva a sério demais e acredita ter muito mais qualidade do que realmente possui. Parece querer ser uma produção classe A, tipo um True Lies, quando na verdade é bem menos. E se assumisse seu tamanho verdadeiro, com certeza funcionaria bem melhor para todo mundo, especialmente para quem assiste.

E o pior de tudo, tenta ter mais história do que deveria, verdadeiro pecado capital para qualquer produção do gênero. Ele simplesmente coloca elementos desnecessários demais na tela. E a maioria deles, claro, simplesmente não serve para nada. Cito a família africana que se aloja no apartamento de Ethan como um bom exemplo disso.

Por conta dessas complicações desnecessárias à trama, acaba resultando numa película que se estende além do desejável. Tivesse uns 20 ou até 30 minutos a menos, poderia agradar bem mais. E ainda poderia limar muitas das tentativas de humor que não funcionam e também aquela última sequência de ação que dá uma baita forçada de barra no roteiro já tão defeituoso.

Seja como for, o longa não chega a ser horrível e, quando chega nas partes mais movimentadas, até que dá para o gasto. O problema é todo o resto que deixa o negócio bem esquecível, dentro do famoso domínio dos filmes nada. Assim, após assisti-lo, posso tirar duas conclusões.

A primeira é que está na hora de Luc Besson caprichar mais em seus produtos, e para isso talvez seja melhor ele ter menos lançamentos por ano, podendo se dedicar melhor a eles. E a segunda é que até dá para assistir a 3 Dias para Matar, mas não no cinema, visto que ele definitivamente não vale o caro preço do ingresso.

Aproveite o embalo da resenha e leia nossa cobertura da coletiva com Luc Besson.

REVER GERAL
Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
3-dias-para-matarPaís: EUA / França / Grécia / Rússia<br> Ano: 2014<br> Gênero: Ação<br> Duração: 117 minutos<br> Roteiro: Adi Hasak e Luc Besson<br> Elenco: Kevin Costner, Amber Heard, Hailee Steinfeld e Connie Nielsen.<br> Diretor: McG<br> Distribuidor: California Filmes<br>