Living Colour

0

Chegamos ao Via Funchal por volta das 8 horas, bem antes do horário combinado para pegarmos as credenciais de imprensa, marcado para 8:30. Melhor chegar antes do que atrasado, certo?

Depois de um tempinho esperando, pegamos nossas credenciais e adentramos o recinto. Nos informamos como faríamos para tirar as fotos e sentamos para esperar o show começar.

O show de abertura ficou a cargo do Moonrock. O porquê de esta ter sido a banda escolhida para abrir o show me é uma incógnita, já que seu estilo em nada tem a ver com o Living Colour. Enquanto os americanos fazem um Rockão na linha Led Zeppelin, o Moonrock apostava em uma mistura de Charlie Brown Jr. com Nu Metal. Resultado: o público se dividiu entre aqueles que esperaram sentados pelo fim do show e aqueles mais impacientes que ficavam xingando a banda, praticamente expulsando-a do palco. A parte mais bem recebida do show foram, obviamente, as covers. Foram três: Everlong (Foo Fighters), Blurry (Puddle Of Mud) e Killing In The Name (Rage Against The Machine), sendo que esta última foi a que mais empolgou o público. Continua abaixo…

Por volta das 11 horas, o Living Colour sobe ao palco tranqüilamente, sem introdução, nem nada. Eles simplesmente entram, cumprimentam o público, plugam seus instrumentos e começam a tocar. Apesar de o palco ser bem simples, sem pano de fundo, nem pirotecnias, nem absolutamente nada especial, o show dos caras começou com muita energia e, infelizmente, logo na segunda música, já mandam sua fantástica versão para Back In Black do AC/DC. Digo infelizmente porque os fotógrafos podem tirar suas fotos apenas durante as três primeiras músicas e lá estava eu entre a platéia e o palco tentando tirar as melhores fotos possíveis. Isso, claro, não me impediu de curtir a música, foi uma verdadeira fusão de trabalho e prazer.

Algo que merece ser destacado no show do Living Colour é a tremenda energia e presença de palco dos músicos, principalmente o baixista Doug Winbish e o vocalista Corey Glover que não param de se mexer por um segundo sequer. Curiosamente, o guitarrista e líder da banda, Vernon Reid quase não se movimenta. Deve ter dado apenas uns cinco passos durante as mais de duas horas de show.

Durante Sacred Ground, a banda faz uma pausa para um solo de guitarra e um de bateria (sem ninguém sair do palco) que foi muito aplaudido. Infelizmente, isso foi feito muitas vezes durante o show. Quase todas as músicas eram aumentadas para os músicos mostrarem suas habilidades, o que deixa o público um pouco entediado. Até porque após Sacred Ground seguiu-se uma série de baladas, que durou mais de meia hora. Nessa seqüência de baladas, cuja mais legal foi Flyin’, tivemos até uma citação à famosíssima Sex Machine, de James Brown, que acabou sendo o grande destaque desse “meio de show”, que foi bem morno.

Depois dessa parte, o show melhorou bastante. Seguiu-se a bela Open Letter To a Landlord, durante a qual a banda fez a tradicional “paradinha” para cantar com a platéia. Após essa música, Corey Glover e Vernon Reid saem do palco, deixando Doug e o baterista Will Calhoun sozinhos. Doug conversa com a platéia e apresenta a próxima música, chamada Terrorism, durante a qual Doug Winbish tocou seu instrumento com a boca. Embora a música não seja lá grande coisa, já que é apenas baixo e bateria, sua letra (muito bem cantada por Doug) chama a atenção por dizer, literalmente, que George Bush e os Estados Unidos são terroristas. Já seria surpreendente ver alguém de outro país ter coragem de dizer isso, mas fica ainda mais surpreendente ao lembrarmos que a própria banda é norte-americana.

Em seguida, Vernon Reid volta ao palco e anuncia que tocarão uma música de uma de suas bandas preferidas. Eu imaginei que eles fossem mandar a versão de Beatles que gravaram, mas Vernon se referia à banda White Stripes e a música tocada foi Seven Nation Army, cantada pelo guitarrista, que mandou muito bem, por sinal (pô, todo mundo nessa banda canta bem?).

Corey volta ao palco, ao som de um sambinha tocado por seus colegas, emendado com a divertida Glamour Boys, que inicia a melhor parte do show, recheada dos hits da banda. Esta música, obviamente muito bem recebida, foi uma das mais legais do show.

A próxima foi a pesada Type, também muito bem recebida. Pouco depois, tivemos o clássico da banda Cult Of Personality, que agitou a galera antes de mais um balde de água fria: um solo de bateria longuíssimo acompanhado por playbacks de barulhinhos eletrônicos. Esses barulhinhos, aliás, ocuparam boa parte do show, pois eram tocados entre quase todas as músicas. Acho que no total, o show deve ter tido mais de meia hora de barulhinhos.

Após o solo, vem a melhor música da noite, Elvis Is Dead, pesada, empolgante e com um refrão que faz até quem não conhece a música cantar, Elvis Is Dead foi, junto com Glamour Boys, o destaque do show. E, para deixar a música ainda mais divertida, a banda inseriu nela uma citação a Can’t Help Falling In Love, gravada por Elvis Presley.

Segue um cover para Sailin’ On do Bad Brains, recebida de forma apática pela platéia que não devia conhecê-la. Love Rears Its Ugly Head fecha a primeira parte do show, não sem antes o vocalista Corey Glover pular na platéia duas vezes. Foi a primeira vez que vi isso em um show grande.

Após um breve intervalo, Will Calhoun volta ao palco para mais um solo de bateria. Não satisfeito com o anterior, ele agora decide entediar a platéia com uma bateria eletrônica. E dá-lhe mais uma seqüência de barulhinhos chatos. Crosstown Traffic, de Jimi Hendrix fecha o show, emendada com um trecho de What’s Your Favorite Color e a banda deixa o palco definitivamente.

No geral, o show teve um balanço positivo. Gosto do fato do show ter sido longo (2 horas e meia, mais ou menos), pois isso demonstra o respeito da banda pelo seu público, que pagou para vê-los tocar. O setlist, no entanto, poderia ter sido melhor escolhido. Uma maior comunicação com a platéia em detrimento dos barulhinhos eletrônicos também seriam bem-vindos, mas a cara de alegria dos fãs na saída confirma o que muitos já sabiam: o Living Colour é uma ótima banda ao vivo, só precisa de alguns retoques.

Galeria

Galeria