W.A.S.P. – The Neon God: Part 1 – The Rise

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Sempre que o W.A.S.P. divulga que o próximo CD vai ser sério, eu sinto um certo calafrio na espinha. Afinal, essa é a banda que nos presenteou com músicas singelas como Don’t Cry (Just Suck) e Animal (Fuck Like a Beast). Ou seja, a banda sempre primou por diversão da melhor qualidade, equilibrando muito bem um Rock N’ Roll pesadíssimo com características do Heavy Metal.

Há pouco mais de dez anos, o W.A.S.P. lançou seu primeiro CD conceitual, The Crimson Idol, considerado o melhor da banda pelo seu líder Blackie Lawless. O álbum contava a história de um carinha que ficou trilhardário com a música que fazia, mas decepcionado com o mundo dos negócios que o rodeava. Inclusive, a melhor música desse CD, Chainsaw Charlie, foi composta em “homenagem” ao dono da Capitol (gravadora que lançou o álbum), que era xará do personagem da música. Por causa disso, a banda foi expulsa da gravadora. É preciso respeitar um cara com tamanha coragem, não é? 🙂

Pois bem, The Neon God: Part 1 vem musicalmente na mesma linha do Crimson Idol, mas traz um conceito muito mais interessante. Aqui conhecemos a história de um órfão que teve uma infância horrível no orfanato no qual vivia, mas que acaba ficando trilhardário ao se tornar um falso messias. Embora resumidamente não pareça grande coisa, recomendo a leitura do encarte a todos que se interessarem, pois traz alguns assuntos muito apropriados para reflexão. Na verdade, encaixaria The Neon God mais como um CD filosófico do que apenas como um CD de música, pois seu conceito é muito mais interessante do que a música nele contida.

Como já disse, a música lembra muito o Crimson Idol, ou seja, ela tem um clima bem sério e as baladas predominam no disco, como The Rise, What I’ll Never Find e Raging Storm. Como alguém que gosta mesmo do primeiro álbum e do Helldorado, realmente não vejo o W.A.S.P. como uma banda craque em baladas (título que dou para o Savatage), pois acho todas elas muito parecidas, sempre com uma guitarra sem distorção, com riffs “atmosféricos”. Neon God também tem muitas músicas curtas (com cerca de 1 minuto), como Why Am I Here, Why Am I Nothing, Me And The Devil e Someone To Love, todas caminhando também pelo terreno das baladas.

Mas em compensação, quando a banda decide fazer as músicas pesadas que os consagraram, mandam muito bem. É o caso de Wishing Well, XTC Riders, Asylum #9 e o maior destaque Sister Sadie. Esta última, cuja letra fala de uma freira sádica e pedófila tem em seu título uma referência óbvia ao Marquês de Sade, cujo nome originou a palavra “sadismo”. Sister Sadie remete diretamente à já citada Chainsaw Charlie pois, além da letra polêmica, tem um refrão que gruda na cabeça e que na segunda audição, você já vai estar cantando junto. Também tem no final, um daqueles corais “polifônicos”, característica muito presente em alguns clássicos do Savatage, como Chance, Wake Of Magellan e Not What You See. Será que o Savatage está influenciando Blackie?

Infelizmente, tendo um conceito mais forte do que a própria música (erro imperdoável para quem se aventura pelo rumo dos álbuns conceituais), The Neon God deixou muito a desejar. Vale pelo conceito, realmente muito elaborado. Claro que, se você gosta mais do W.A.S.P. mais sério, como vimos nos álbuns Crimson Idol e Still Not Black Enough, você vai adorar, pois este vai na mesma linha. Agora se você prefere o W.A.S.P. divertido de um Helldorado e não se importa com o conceito, é melhor passar longe.

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