Abro esta resenha com uma confissão: literatura francesa não é o meu forte. Logo, antes de assistir a este filme, nunca tinha ouvido falar de Violette Leduc, autora de livros como A Asfixia e A Bastarda. Mas é para isso que estão aí as cinebiografias, e esta, veja só que coincidência, conta justamente sua história.
O longa começa a partir do final da Segunda Guerra Mundial, quando Leduc se sustentava vendendo mantimentos no mercado negro, e vai até o sucesso crítico e comercial de A Bastarda já na década de 60, passando pela amizade com outra escritora, Simone de Beauvoir, essa sim muito mais conhecida.
Grande parte do filme é dedicado ao relacionamento entre as duas, uma amizade complicada que resistiu ao grande sucesso da carreira de Simone, enquanto Violette amargou por anos o anonimato e a pindaíba financeira. E também ao gênio difícil desta, que às vezes passava do ponto em sua admiração por Simone, comportando-se muitas vezes praticamente como uma stalker.
Mas devo dizer que, fora ser apresentado a esta figura literária da qual era completamente ignorante, o longa pouco apresenta de predicados para o meu gosto. Lento, longo e verborrágico, é praticamente a representação perfeita daquele antigo estereótipo que as pessoas faziam dos filmes franceses. Muita falação, num filme grande e arrastado demais.
Por mais que seja interessante conhecer informações novas, bem poderiam ter arranjado uma forma narrativa mais interessante para isso, ao invés de simplesmente dividir a história em capítulos (sacou? Porque é sobre uma escritora! – insira aqui uma piscadela marota). O longa acabou se tornando modorrento em muitos momentos e acabei por ficar contando os minutos para que acabasse de uma vez.
Como se trata de um filme de época, a produção é caprichada e o visual é bem bonito. Também conta pontos por outras importantes figuras artísticas francesas que dão as caras ou são citadas, como os escritores Jean Genet e Albert Camus (este, argelino de nascimento).
Mas creio que você sabe exatamente onde quero chegar com isso. Produção bem-feita, alguns elementos interessantes, mas que no geral não são nenhuma Brastemp. Pois é, temos aqui mais um a entrar no quilométrico rol dos filmes nada, tendendo até ao meramente regular por conta do andamento deveras arrastado.
Para quem não se importa com filmes lentos e àqueles que conhecem e gostam da cena artística francesa do período em questão, Violette pode agradar. Mas se essa não é sua praia, melhor procurar outra opção.