Em Journey, você começa no meio de um deserto. Dá para ir para qualquer direção, mas apenas em uma delas você vê uma formação que chama a atenção. Este é o caminho que faz a aventura andar. Vane começa mais ou menos assim.

Após uma breve introdução, você é um pássaro no deserto. “Voe para onde quiser”, diz o jogo, sem usar palavras. E lá vou eu, explorando um cenário aparentemente enorme, mas sem grandes atrativos ou pontos marcantes. De vez em quando, um troféu popava. Mas eu não via nenhum progresso.

Vane, Friend & Foe, Delfos

Fiquei assim, claramente voando pelos mesmos lugares. Como eu sei? Tem umas máquinas de vento que mudam de posição quando passa por elas pela primeira vez, e isso me mostrava que estava explorando em círculos. O jogo não me dava nenhum sinal de que estava fazendo progresso, a não ser os troféus ocasionais.

Pensei que Vane era simplesmente um simulador de passarinho. Mais ou menos tipo o Wander. Tipo, você fica solto no mundo e ao encontrar algumas áreas ganha um troféu. Mas sem progressão ou final. Eu estava errado.

VANE

Depois de perder literalmente mais de duas horas voando em círculos pelo deserto, encontrei uma caverna. Voei até ela. Lá, me transformei novamente na criança com a qual joguei na introdução. Fui subindo as escadinhas, pensando “finalmente este jogo vai começar”.

Daí tinha um buraco na minha frente com uma coluna perto da ponta. Empurrei-a, e formou uma ponte. Porém, a criança não largava o bloco. Apertei todos os botões e nada acontecia. Eu não conseguia mais me mexer. Aparentemente, encontrei um bug. O jeito é sair do jogo e voltar. Fiz isso, torcendo para que o jogo tivesse salvado quando virei o humaninho, que me parecia um ponto lógico de salvamento.

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O humaninho e sua coluna magnética.

Ao recarregar o save, o jogo me colocou literalmente no início, inclusive com o título reaparecendo na tela. E assim, ele torrou a minha paciência até que eu me visse obrigado a desistir dele. Perder duas horas de entediante progresso por causa de um problema técnico é imperdoável.

E este não foi o primeiro problema técnico do jogo. A criança constantemente atravessa pedaços do chão, quase sempre andando como se estivesse em uma poça de água que a submergisse até a altura do peito.

A câmera também é péssima. Ela fica presa no cenário, mas mesmo quando funciona bem, funciona mal. Tipo, ao voar pelo deserto, ela é programada para se aproximar muito do passarinho que você controla, mas a ave não fica centralizada. Fica do lado esquerdo ou direito da tela, aparentemente aleatoriamente, o que incomoda bastante.

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Isso parece um enquadramento de gameplay apropriado para você?

O GUIA DOS DESENVOLVEDORES

Curiosamente, alguns dias depois de chegar o código de review de Vane, enviaram para mim um guia. No guia, explica que o jogo salva no início de cada uma de suas quatro fases. E apenas neste ponto. A segunda fase era a caverna, então eu provavelmente estava quase no início da segunda quando o pau aconteceu.

Se tem uma coisa que não entendo são jogos que ficam economizando nos saves. Esta economia custou a Vane a chance que eu estava disposto a dar para ele. Passei mais de duas horas para encontrar a entrada da caverna e não vou começar de novo.

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Não há nenhuma indicação visual de para onde ir.

Talvez fizesse um sacrifício se estivesse gostando bastante do que joguei até então, mas não era o caso. O visual de Vane é simples e feio. Tecnicamente ele não funciona direito. E seu design aberto demais não ajuda. Quando percebi quanto tempo eu perdi nele, só pensava em como poderia ter jogado Journey do começo ao fim. Journey sem dúvida é um benchmark para jogos como este, mas faltou a Vane fazer a lição de casa.