Uma Dama de Óculos Escuros com uma Arma no Carro já mereceria ser visto só pelo título

Eu nunca vi o mar.

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Tem filmes que chamam atenção e despertam o interesse só pelo título. Eu não sei porquê, mas isso tende a acontecer comigo com longas de nomes quilométricos, tipo Garota Sombria Caminha pela Noite. E também com este Uma Dama de Óculos Escuros com uma Arma no Carro.

Vamos, vai dizer que você não ficou curioso para saber quem é a dama de óculos escuros e por que ela tem uma arma no carro? Eu sei que eu fiquei. E embora o filme como um todo não seja tão legal quanto seu nome, ainda assim ele é estiloso o suficiente para valer uma assistida.

Dany é uma secretária que vai fazer um trabalho na casa de seu chefe. O truta pede que ela leve ele e sua família até o aeroporto no carro dele e depois traga o automóvel de volta. Dany aproveita a oportunidade para levar a caranga para um rolê numa road trip que passa a assumir ares misteriosos.

Coisas estranhas começam a acontecer, tipo desconhecidos afirmando que já viram Dany antes, quando ela supostamente estava bem longe daquele lugar no momento em questão. Contar mais não é conveniente, mas muito da história se escora nesse mistério do que estaria realmente acontecendo.

Há alguma coisa estranha se desenrolando mesmo ou seria tudo viagem da cabeça da mulher, causada pela culpa de ter surrupiado o carro do patrão? O filme oferece essas respostas, porém em seu próprio passo, que está longe de ser o mesmo de produções mais comerciais.

 

Esteticamente, o filme é bastante charmoso, com uma ambientação nos anos 1960 que deixa tudo ainda mais estiloso, complementado pela fotografia bacana e pelos enquadramentos e movimentos de câmera elegantes. E, sobretudo, pela caprichada trilha sonora, que ajuda muito a passar a sensação de que algo emocionante está acontecendo quando, na verdade, a coisa não é bem assim.

Em alguns momentos, a combinação da trilha sonora de primeira com a direção cool me lembrou Quentin Tarantino, embora também seja preciso ressaltar que não são todos os momentos. Ainda assim, isso ajuda a manter o interesse.

Contudo, da metade para o final ele começa a dar uma esfriada. Sorte que ele é curto o bastante para que isso não o prejudique tanto e também que a resolução do mistério, mesmo que não seja lá tudo isso, volte a reavivar o interesse e a atenção na película.

Uma Dama de Óculos Escuros com uma Arma no Carro não é um grande filme, mas visualmente é bonito o bastante para ganhar alguns pontos a mais. Não é para todo mundo, mas quem curte um cinema mais alternativo pode querer dar uma chance a ele.

REVER GERAL
Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
uma-dama-de-oculos-escuros-com-uma-arma-no-carro-ja-mereceria-ser-visto-so-pelo-tituloTítulo: La Dame Dans L'auto Avec des Lunettes et un Fusil<br> País: França/Bélgica<br> Ano: 2015<br> Gênero: Suspense<br> Duração: 93 minutos<br> Distribuidora: Alpha Filmes e Mares Filmes<br> Diretor: Joann Sfar<br> Roteiro: Gilles Marchand e Patrick Godeau<br> Elenco: Freya Mavor, Benjamin Biolay e Elio Germano.