Christian Bale perde sua família, vitimada por um criminoso, e decide fazer justiça com as próprias mãos. Esta poderia ser a sinopse de Batman Begins, mas se encaixa muito bem também para Tudo por Justiça. Neste novo filme, contudo, ele não se veste de morcego gigante para conquistar seu objetivo, o que o torna naturalmente bem menos interessante…
Brincadeiras à parte, esta é aquela típica história manjada de um sujeito comum que resolve pôr a mão na massa após uma tragédia. Tipo aqueles filmes que passavam sábado sim, sábado não no Supercine (por falar nisso, o Supercine ainda existe? Faz séculos que não assisto a Globo), manja?
Russell (Bale) é um operário de siderúrgica numa cidadezinha no meio do nada. Seu irmão Rodney (Casey Affleck) é aquele típico cara que só se mete em furada e, numa dessas, se envolve com um criminoso psicótico (Woody Harrelson) e acaba comendo capim pela raiz. Russell acha que a polícia não está fazendo o suficiente para pegá-lo e decide ir atrás do meliante ele mesmo.
O grande problema é que este não é um filme de ação ou mesmo um suspense. Ele é tratado como um drama denso, focado nos personagens. Esta opção por um gênero diferente do que normalmente este tipo de história apresenta, e o foco na construção dos personagens seria louvável se o resultado final não resultasse em algo tão chato.
O filme é todo paradão e demora horrores para andar com a trama. Para se ter uma ideia, o irmão de Russell só vai morrer (algo que está na sinopse dada pela distribuidora, logo, não pode ser considerado um spoiler) lá pela uma hora de filme! Só então o lance da justiça com as próprias mãos começa.
A primeira hora é focada apenas no cotidiano dos personagens. Tudo bem, a intenção é apresentar suas psicologias, personalidades e fazer o espectador se afeiçoar a eles e, desta forma, sentir mais o que lhes acontece no desenrolar da trama. Mas simplesmente não precisava demorar tanto assim para conseguir isso.
E aí, quando a história principal de fato começa, ela é tão genérica e batida que o filme não se furta em resolvê-la rapidamente (num completo oposto da hora inicial), sem grandes percalços, e de forma igualmente sem criatividade.
Salvam-se as boas atuações do elenco (Christian Bale tem um momento especialmente tocante envolvendo a ex-namorada), sobretudo de Woody Harrelson, o grande vilão do filme, um caipira white trash violento, imprevisível e bastante assustador.
Mas é pouco para redimir uma produção extremamente irregular que se arrasta além da conta e, no final, deixa aquela típica sensação de que você já viu este filme, pois, dada sua trama nada original, é bem capaz que já tenha mesmo assistido a alguma outra película similar. Dessa forma, não recomendo que se gaste a grana do ingresso com ele. Mas, caso o Supercine ainda exista, é só esperar uns anos que ele passa lá de graça.