Torture Squad – Hellbound

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Minha relação com o Thrash Metal é um tanto diferente daquela da maioria dos Thrashers. Talvez por ser um cara com a maior parte das preferências do lado mais melódico do Rock Pesado (em especial o Hard Rock e o Heavy Tradicional), eu não sou um profundo conhecedor dos gêneros mais extremos.

Contudo, do meu ponto de vista semi-leigo, vejo dois estilos bem diferentes dentro do Thrash Metal. Um deles, aquele feito por bandas como Nuclear Assault, por exemplo, é mais rápido e costuma apresentar influências de Punk. Esse dificilmente me agrada. Porém, existe um outro Thrash Metal, com músicas mais longas, mais técnicas e mais próximas do Heavy Metal propriamente dito. Neste estilo, os riffs são cadenciados, mais apropriados para bater cabeça. É o que temos em bandas como Annihilator ou Exodus. E esse lado do Thrash muito me agrada. E eu colocaria o Torture Squad exatamente neste grupo.

O álbum, como 66,6% dos álbuns de Metal, começa com uma introdução desnecessária antes da primeira música real, Living for the Kill. Porém, assim que esta última começou a tocar, já chamou minha atenção, graças aos vários e excelentes riffs de guitarra que apresenta e à ótima bateria. Aliás, as baterias de Thrash com suas batidas criativas me agradam bem mais do que as metralhadoras/helicópteros que as bandas de Metal Melódico costumam fazer.

E o álbum segue em frente, com outras sete faixas na mesma linha e uma baladinha instrumental (The Four Winds). Também merece destaque Twilight For All Mankind, talvez a melhor composição de Thrash Metal que ouvi em muito tempo. Até os quatro minutos (ela tem uns sete), até é bem normalzinha, mas depois disso entram as variações que a tornam tremendona. Novamente, se sobressai pelo ótimo trabalho de guitarra e bateria – em especial pela combinação dos dois. Tem uma parte lá no meião que a bateria dá uma paradinha de repente que é deveras excelente. Deveria ter mais coisas assim no Heavy Metal contemporâneo.

Independente de ser fã de Metal Melódico ou Extremo, se você curte riffs de guitarra acompanhados de uma bateria criativa, Hellbound é um disco que merece ser comprado.

Curiosidades:

– Na chamada de capa, eu digo que tem uma música baseada nos jogos do Gabriel Knight. Isso foi uma piada baseada na faixa The Beast Within, que também é o nome do segundo jogo do cafajeste caçador de monstros.

– Quando o Torture Squad começou a se destacar no meio metálico nacional e as revistas começaram a publicar fotos dos integrantes, reconheci dois deles que trabalhavam em lojas da Galeria do Rock exatamente na época que eu a freqüentava religiosamente. Ou seja, eu já comprei um montão de CDs com esses caras, e achei bem legal ver as coisas acontecendo para eles. Fiquei até imaginando se a turminha das grandes bandas da Alemanha ou de outros países também já foram vendedores de lojas de Rock e se o público lembra de ter comprado coisas com eles. Já pensou? “Antes do Udo Dirkschneider ser famoso, ele me vendeu uns CDs”.

– O iTunes, onde guardo minhas músicas no computador, organiza por ordem alfabética pelo nome do artista. Por causa disso, sempre depois da pesadona Hellbound, que encerra este disco, ele começa a tocar a primeira faixa de Beethoven’s Last Night, do Trans-Siberian Orchestra. É bem engraçado depois de um Thrash furioso você ouvir de repente a fofa introdução da clássica Sonata ao Luar, do Beethoven, que abre o disco dos ex-membros do Savatage.

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