Thom Yorke – Tomorrow’s Modern Boxes

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Thom Yorke gosta de pegar a galera de surpresa. Os últimos dois discos do Radiohead foram lançados de sopetão, anunciados em cima da hora. Para seu segundo disco solo, Tomorrow’s Modern Boxes, repetiu a estratégia e mais, lançou o disco direto na plataforma Bit Torrent, por módicos seis dólares.

E depois de ouvir esse negócio, ainda parece um preço bem salgado. Em seu terceiro trabalho fora do Radiohead (o outro foi o álbum do Atoms for Peace), repete a mesma forma eletrônica da qual passou a utilizar desde o início dos anos 2000 e da qual tanto parece gostar.

Batidas eletrônicas etéreas, gélidas, formando canções ermas, distantes de qualquer elemento que possa causar simpatia. Trocando em miúdos, é chato “bagarai”. Pega só o lado experimental do Radiohead e o funde à Eletrônica pura. E nem é aquela feita para sacudir o esqueleto na pista de dança. Ou seja, parece não ter qualquer propósito útil, a não ser agradar o peculiar gosto musical de Thom Yorke.

Não há como negar que, de uns tempos para cá, o sujeito realmente prefere pilotar um notebook a tocar uma guitarra. Mas bem que podia fazer algo mais interessante nesse campo, ao invés dessas trilhas incidentais esquizofrênicas que se parecem todas entre si.

As músicas são tão iguais que, mesmo tendo escutado o disco um bom número de vezes, ainda sou completamente incapaz de diferenciar as faixas. E o pior, quando ouvi a primeira vez, também não vi nenhuma diferença para o álbum do Atoms for Peace. Na verdade, se ele comercializasse as exatas mesmas músicas como um disco diferente, eu cairia no truque e provavelmente jamais perceberia. Infelizmente, nem dá para mostrar ao delfonauta um exemplo do que estou falando, pois, até o fechamento desta resenha, não consegui encontrar nenhum vídeo de canção do álbum para colocar aqui.

É impressionante como sua carreira paralela consegue ser tão pior que sua banda principal, embora ambas se utilizem de muitos elementos em comum. Parece que é aí que entra a colaboração dos outros integrantes do Radiohead, para diminuir a chatice eletrônica de Yorke nas canções da banda. E se este é mesmo o caso, que Belzebu os abençoe por isso.

Tomorrow’s Modern Boxes também mostra uma bela acomodação do músico em seu lado solo. Afinal, mesmo após tantos anos, cada novo disco do Radiohead é aguardado com ansiedade e ainda é capaz de surpreender. Mas fora dele, Thom Yorke lançou três álbuns absolutamente iguais e sem qualquer atrativo.

Eu ainda tinha alguma esperança quando dei o play no álbum, mas desde as batidas de abertura da primeira faixa, A Brain in a Bottle, já bateu a depressão, pois sabia exatamente como seria o disco inteiro, algo que se confirmou plenamente. É triste quando isso acontece. E minha paciência com o cara se esgotou 38 minutos depois, ao final de Nose Grows Some.

O Radiohead ainda é uma das minhas bandas favoritas e sempre vou acompanhar cada novo lançamento deles com altas expectativas. Mas a carreira solo de Thom Yorke abandono por aqui. Cansei, dei três chances e me frustrei em todas. Já me forneceu material suficiente para formar um bom veredicto: seus discos solo definitivamente não são para mim.