The Simpsons: Hit & Run

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É sempre assim. Basta algum jogo inovador ser lançado e alcançar um relativo sucesso, que começam a pipocar os seus clones. Aconteceu com Space Invaders no final dos anos 70, com Pac-Man nos anos 80, com Street Fighter 2 nos anos 90 e está sendo assim com o jogo Grand Theft Auto 3 na primeira década do século XXI.

Não que o GTA 3 seja um jogo totalmente original. A bem da verdade, não é mesmo, pois puxou muitas de suas características de Driver 2, lançado alguns anos antes para o Playstation original, e dos jogos da série GTA anteriores para PC. Mas é fato que foi o primeiro jogo do estilo a ter uma qualidade que realmente chamava a atenção e despertava o interesse dos jogadores.

Bom, eu escrevi tudo isso até agora para dizer que o mais novo jogo dos Simpsons faz parte desta safra de clones do GTA 3. Independente de ser um clone ou não (afinal, pode até ser um clone decente), sempre que eu ouço a informação de um novo jogo da família Simpson, me vem uma coceirinha na cabeça, porque, de todos os já lançados até hoje, somente o fliperama da Konami de 1991, conseguiu me convencer (Nota do Carlos: assino embaixo). Todos os outros não conseguiam transplantar para o videogame o espírito da série de TV e, com Hit & Run, infelizmente, essa sina se repete mais uma vez.

A estória é bem simples. A cidade de Springfield está sendo infestada por abelhas mecanizadas, furgões pretos, veículos estranhos e pessoas que agem como se fossem zumbis e você, controlando Homer, Marge, Lisa, Bart e Apu (!!!), deve descobrir o que está acontecendo.

Em cada “fase” (vamos chamar assim), você controla um destes personagens (que tem seu próprio carro, mas isso não o impede de “pedir emprestado” os veículos alheios) e dirige em uma determinada parte da cidade cumprindo tarefas opcionais, visitando lugares, juntando dinheiro e realizando as missões obrigatórias para assim passar da tal “fase”, acionar um outro personagem, visitar outros lugares da cidade complementando a estória, e por aí vai.

Analisando a grosso modo, a idéia pode até ser interessante, mas o grande problema do jogo é o fundamental fator diversão, praticamente inexistente aqui, porque as missões são muito, mas muito chatas. Coisa do tipo, chegar na usina nuclear antes do tempo acabar, colher tomates em uma horta, comprar comida em uma lanchonete, recolher objetos que um ladrão deixa cair de seu carro, enfim, missões sem criatividade nenhuma dos programadores que fazem você ficar indo de um canto para o outro da cidade sem um objetivo concreto (as missões não têm relação nenhuma com a estória principal), e sempre correndo contra o maldito relógio, parece até aqueles jogos de corrida com “Check-Points” de 15 anos atrás.

As tarefas opcionais seguem a mesma linha medíocre (com uma corridinha aqui e ali) e não acrescentam praticamente nada à sua diversão, a não ser que você fique feliz em colecionar novas roupas para os personagens.

Os gráficos, a princípio, parecem bem feitos e são bem coloridos. Mas os personagens principais usam poucos polígonos e são “duros” demais quando estão fora dos carros (problema também encontrado na “matriz” GTA3). Para piorar, o jogo oferece uma variação muito pequena de automóveis em Springfield e todos parecem se comportar da mesma maneira quando você os dirige, salvas raras exceções.

É verdade que a cidade é enorme e você irá reconhecer vários locais clássicos do desenho, como a escola, a usina nuclear e a taverna do Moe, mas para um jogo deste calibre, bem que poderiam ter caprichado mais na interação dos personagens com os elementos da cidade já que pouquíssimos lugares possuem um “ambiente interno” e todos são desproporcionais ao tamanho dos bonecos e veículos na tela.

O som é a parte mais divertida, pois os dubladores oficiais da série fazem as vozes no jogo também. Algumas frases, em especial as de Homer, são muito engraçadas e acabam compensando o nervoso que você passa nas missões cronometradas. Os demais sons e as músicas são até bem feitos, mas acabam não chamando muito a atenção quando você está mais preocupado em procurar atalhos para vencer o tempo.

Quanto à jogabilidade, simplesmente não tenho nada a comentar a não ser que o jogo funciona exatamente da mesma forma que GTA 3. Você tem uma gama de controles para quando seu personagem está dentro de um veículo e uma outra gama para quando anda nas ruas a pé. Os comandos respondem bem mas se você for jogar no computador, eu recomendo a utilização de um Joystick “Pad” (como o Sidewinder Game Pad da Microsoft por exemplo), porque é um saquinho ficar decorando os controles para o carro e para o personagem no teclado.

Enfim, se o jogo fosse “comum” mas tivesse uma boa estória e uma maior criatividade e variedade nas missões, eu até poderia dizer que era uma boa opção em tempo de vacas magras, mas, infelizmente, pelos problemas apresentados, Simpsons: Hit & Run para PC (e também para X-Box, Playstation 2 e Gamecube) acabou reprovado no centro de controle de qualidade Delfos.

Fica para a próxima…. Será?

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