Super Size Me

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Não tem erro. É só qualquer coisa fazer sucesso que já vem uma galera copiando. Aconteceu com as Metal Operas e aconteceu com o formato irreverente de documentário popularizado por Michael Moore. Super Size Me é a primeira de muitas cópias que podemos esperar nos próximos anos.

Ao contrário de seu mentor, contudo, Morgan Spurlock (o diretor do filme) tenta mostrar os dois lados da moeda. Não me entenda mal, Super Size Me está longe de ser imparcial, mas não é tão declaradamente maniqueísta quanto os filmes de Moore (embora também o seja).

Bom, caso você ainda não saiba, este filme ataca o Mcdonald’s. Morgan pega como ponto de partida o caso de duas garotas que processaram a rede por danos causados à sua saúde e que perderam por não poderem provar que a lanchonete era a culpada. Pois bem, Spurlock decide provar e, para isso, se torna uma estatística ambulante. E lá vai o suicida comer durante 30 dias APENAS produtos com a marca do palhaço. Inclusive água.

Uma das cenas mais interessantes traz Morgan conversando com o advogado das garotas e ele pergunta: “Por que você está processando a rede?”. O cara responde: “Você quer dizer além de para obter ganhos financeiros? Você quer uma causa nobre? Hum… (cara de pensativo)”. Pois é, parece que não é só aqui no Brasil que certas profissões se alimentam do combustível errado. Em outra cena, vemos um otário falando que viu um cara em um restaurante dando uma bronca em um fumante, sendo que na mesma mesa tinha uma mulher obesa. “Por que não dar uma bronca nela também? Porque isso não é socialmente aceitável.” diz o gênio, que provavelmente nunca freqüentou uma escola e viu a forma como as crianças mais gordas são tratadas, assim como os que usam óculos, os que estudam demais, os que estudam de menos, etc. Aliás, para segregar e fazer os segregados se sentirem mal a humanidade é especialista, como prova sua história.

Também não deixa de ser interessante ver os efeitos do fast food em Morgan. Ele começa a maratona com saúde total e, em pouco tempo, os efeitos começam e são ainda piores do que os próprios médicos previam. Além dos óbvios, engordar e aumentar o colesterol, ele também começa a ficar depressivo, sua vida sexual é afetada e seu fígado fica no mesmo estado do de um alcoólatra. Admito que no começo do filme até fiquei com uma certa vontade de, ao fim da cabine, ir almoçar na lanchonete, mas depois dessa, fico com o bom e velho arroz com feijão.

Agora a cena mais assustadora do filme é uma onde Morgan mostra uns desenhos e fotos de pessoas/personagens famosos para umas crianças. O óbvio (ou melhor, o esperado desse filme) acontece, todas elas reconhecem o palhaço Ronald. Algumas delas reconhecem George Washington também, mas nenhuma delas reconhece um desenho misterioso. A não ser uma, que arrisca um palpite: “George W. Bush” fala o moleque. “Boa tentativa”, responde Morgan enquanto vira o desenho na direção da câmera para sabermos de quem se trata. Era um desenho de Jesus Cristo. Nenhuma delas reconheceu Jesus Cristo, o primeiro superstar da história (referência obrigatória ao clássico Jesus Christ Superstar). Manipulação? Muito provavelmente, mas ainda assim chocante.

Verdade seja dita, Super Size Me inova em um aspecto. É o primeiro filme-experiência científica-estatística do qual tenho conhecimento. Na verdade, o experimento para o qual Morgan foi cobaia poderia ser feito por qualquer órgão de pesquisa, mas o cara teve a idéia genial de transformar isso em um filme. Dessa forma, ele não só contribui para os cientistas e advogados do futuro, como também para tornar os resultados da pesquisa conhecidos pelo grande público que, como eu, acha estatísticas um saco (e eu ainda tive dois anos disso na faculdade – Bleeergh!).

Super Size Me vale a pena ser assistido para sabermos “o que o fast food pode fazer por nós”, como diz o material de divulgação. Não é um filme divertido ou engraçado como os de Michael Moore. Na verdade ele é até triste, por vermos as condições que a indústria de alimentos e a sociedade em que vivemos colocou algumas pessoas com menos sorte. Mas enfim, tinha gente rindo na sessão. Talvez você seja uma delas e também goste de rir da desgraça dos outros.

Super Size Me estréia essa sexta, dia 20 de agosto.

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