O Wim Wenders é um daqueles cineastas que fez parte da vida de quem estudou comunicação, já que alguns de seus filmes, em especial Asas do Desejo, de 1987, são comumente estudados em faculdades.
Porém, admito que eu só me lembro do cara por causa do seu nome aliterado. Acontece que a maioria dos filmes que a gente estuda em faculdade são muito chatos, e depois que a gente não precisa mais assistir a eles por obrigação, acaba evitando feito a praga.
Porém, não fosse o diretor um nome bastante conhecido da minha juventude, eu jamais diria que Submersão traz no comando alguém que tantas pessoas consideram um mestre da sétima arte. Não que o filme seja ruim. Não é. Mas trata-se de uma película cuja direção é totalmente padrão, parecendo ter sido feita no piloto automático pelo nosso amigo.
SUBMERSÃO
Se a direção em si não apresenta novidades, até que a história arrisca um bocado. Leia uma sinopse internet afora e você provavelmente vai encontrar a informação de que acompanhamos um sujeito mantido prisioneiro por jihadistas (James McAvoy).
Isso, no entanto, é uma meia verdade. A segunda metade do filme de fato é focada no sofrimento do Professor Xavier cabeludo, mas a primeira metade é basicamente um romance focado nos diálogos. Aliás, você não estaria errado ao lembrar da série Antes de Alguma Coisa. Tem muito aqui, muito mesmo, dos clássicos do Richard Linklater.
Veja bem, os dois protagonistas (McAvoy e Alicia Vikander, a nova Lara Croft) se conhecem em um hotel e começam a conversar. E, meu amigo, como essa moça fala. Ela é uma estudante do oceano e solta informações como eu solto cabelos. E o assunto em si é fascinante. Afinal, assim como George Costanza, eu sempre quis fingir ser um biólogo marinho. E agora, graças a este filme, eu tenho o devido estofo para impressionar mulheres em baladas.
MAS DAÍ VEM A SEGUNDA METADE
Pois é, o que era um romance se torna algo bem mais tenso, ainda que nunca caia totalmente para o lado de um terror claustrofóbico. Depois que os dois se separam, o filme mostra o que cada um foi fazer. Ela continuou estudando o oceano e realizou o sonho de descer até uma profundidade tão escura que seus colegas chamam de “inferno”. Ele foi pra Somália e… se deu mal.
Isso seria um spoiler, mas além de estar na sinopse oficial, o próprio filme já mostra que isso aconteceria, com as jogadinhas que faz com a linha do tempo. Então o que temos aqui é basicamente uma obra em duas partes na qual você sabe bem o que vai acontecer em cada uma. E eu gostei mais da primeira. O mundo precisa de mais romances intelectuais e de menos histórias de terroristas, não acha?