Eu joguei Stubbs the Zombie in Rebel Without a Pulse em 2005. Escrevi até uma análise, que só viria a ser publicada na segunda metade de 2006.
Eu adorei o jogo na época e, desde então, morria de vontade de ter uma nova oportunidade de jogá-lo. Eu tentei reinstalar minha cópia no computador, mas não consegui fazê-la rodar. Desde então, torcia para ele ser acrescentado à lista de jogos retrocompatíveis no Xbox One, para que eu pudesse recomprá-lo. Isso nunca aconteceu.
Em 17 de fevereiro de 2021, a Nintendo fez um Direct, o primeiro em muito tempo. Antes da apresentação, vazou uma lista de jogos que estariam nela. Nessa lista, tinha apenas a palavra Stubbs, sem mais informações. “Será?”, pensei. E era! Finalmente, 16 anos depois do seu lançamento, eu teria uma nova chance de curtir Stubbs the Zombie. A nova versão está disponível para Xbox One, PS4 e Switch.
STUBBS THE ZOMBIE
Durante a campanha, que fiz inteira em uma manhã e parte da tarde, tive vários pensamentos que poderia elaborar aqui. Porém, resolvi reler minha resenha para evitar me repetir. E, veja só, tudo que eu tinha programado de escrever eu já tinha escrito lá em 2005.
Isso mostra como o jogo não envelheceu nada. Não tive problemas de gameplay, falta de checkpoints, dificuldade ou outras coisas que costumam aparecer quando você joga algo que saiu originalmente quase duas décadas antes. Na verdade, eu me diverti muito. E as coisas que me incomodaram, como o design de som silencioso ou as cores lavadas já eram reclamações minhas na primeira vez que joguei.
As cores, aliás, foram o principal problema do jogo para mim. Cheguei a pensar que havia algo errado no port, mas minha reclamação no original deixa claro que sempre foi assim. Acontece que, nas cutscenes, as cores são vivas e atraentes. Porém, no gameplay, é tudo de um esverdeado que beira o preto e branco. Olha só.
Eu queria muito que tivesse uma forma de desligar esse “filtro” para que as cores brilhassem. E é uma pena que não tenha, pois mesmo sendo um jogo antigo, Stubbs the Zombie ainda é bem bonito e visualmente agradável.
SIMPATIA DE ZUMBI
A começar pelo próprio Stubbs. Ora, ele é muito carismático. É simplesmente impossível não se afeiçoar a ele, e ao seu jeitinho que é muito mais inocente do que perigoso, mesmo quando está comendo miolos. Veja só se ele não é bonitinho:
O humor também é igualmente legal, e até mesmo bonitinho. A princípio, pode parecer que a coisa é um tanto mórbida. Afinal, você controla um zumbi que sai infectando pessoas inocentes e trazendo o apocalipse Z. Porém, é tudo feito com uma leveza deveras agradável.
Por exemplo, ao arrancar o braço de uma vítima, o cara pode comentar algo tipo “ah, eu gostava tanto desse braço”. Ora, não tem nada engraçado em uma pessoa perdendo um braço, mas se ela reage como se isso fosse um leve inconveniente, para mim isso torna a coisa hilária. Aliás, tem até uma esquete do Monty Python, se não me engano no filme O Sentido da Vida, que é exatamente assim.
Até mesmo o exército de zumbis que você cria é nessa linha. Eles te seguem mancando, se arrastando, falando “brains“. São um grupinho adoravelmente idiota. Não dá para não gostar deles.
HALO Z
Quanto ao level design e ao funcionamento da coisa toda, me chamou a atenção o quanto Stubbs lembra Halo. E sim, eu sei que o jogo foi criado por pessoas que trabalharam na Bungie, e até mesmo foi feito na Halo Engine. Mas eu não tinha registrado o quanto eles se parecem.
Das fases bem abertas aos controles dos veículos, é visível que há gente de Halo aqui. Até os checkpoints são iguais, repetindo o que eu critiquei na minha análise de Halo 3. Por exemplo, na penúltima fase, quando a coisa fica cascuda, e você começa a encarar o exército e tanques, eu morri, e perdi mais de dez minutos de progresso. Daí, dois segundos depois de restaurar o checkpoint, o jogo salvou automaticamente, criando um checkpoint um metro à frente do anterior. Isso depois de ter passado metade da fase sem criar nada. Vai entender.
STUBBS É ÚNICO
Apesar dessas semelhanças mecânicas, o gameplay de Stubbs é único. Este é claramente um jogo pensado para divertir o máximo possível. Por exemplo, você tem vários ataques diferentes, de socos a jogar o pâncreas como granadas. Seria bem fácil, e até compreensível, que a turma da Wideload limitasse a criação de zumbis a mordidas. Porém, desde que um NPC morra através de um ataque zumbi, ele volta à vida uns 10 segundos depois de cair, agora do seu lado.
E essa foi uma ótima decisão. Stubbs não é um jogo de estratégia. Você não precisa se preocupar em “fazer zumbis”. Basta ir se defendendo como achar melhor e, quando se der conta, terá um pequeno exército fazendo novos zumbis automaticamente. E isso me leva a pensar como seria legal um Stubbs moderno. Embora o visual continue bonito, dificilmente tem mais de dez NPCs na tela. Imagina como seria bacana ter literalmente um exército te seguindo, estilo World War Z?
STUBBS THE ZOMBIE: THE MUSICAL
Vale também fazer um adendo sobre a trilha sonora. Eu cheguei a comprá-la lá em 2005, e desde então a ouço com alguma frequência (seria legal que jogos se mantivessem jogáveis mesmo anos depois do lançamento, assim como música continua tocável, né?). Tem algumas músicas muito legais. Ouve só essa divertida versão de Lollipop.
A trilha sonora é composta de bandas relativamente grandes da época, como Death Cab for Cutie, Cake e até o Flaming Lips, que gravaram covers de músicas famosas dos anos 30, 40 e 50. Nem todo o disco é tão legal quanto Lollipop, mas o curioso é que a desenvolvedora tenha investido tanto na trilha sonora, e só tenha usado essas músicas em um pequeno minigame.
Pois é, tirando essa batalha de danças, o resto do jogo acontece em um tremendo silêncio. Tem efeitos sonoros, claro, e os personagens falam bastante, mas quase não tem música ou sons ambientes durante o jogo. E isso é uma pena.
Aliás, só para não falar que nada no jogo envelheceu mal, a implementação das legendas é péssima. É realmente o tipo de coisa que acontecia em 2005 e não acontece mais hoje em dia. Tipo assim:
STUBBS THE ZOMBIE É MEU CAMARADA
Também vale falar que o jogo esfria MUITO depois da fase da represa. O último terço do jogo é muito inferior ao que veio antes. O foco nessas fases é mais em sobreviver e menos em brincar de fazer zumbis. Você literalmente tem que guardar granadas e outros ataques mais fortes para destruir tanques e personagens voadores, o que vai contra o jeitão lúdico e pouco perigoso de tudo que vem antes. E, claro, a coisa termina com um chefão bem chatinho, como era praxe na época.
Isso me pegou forte nessa rejogada de 2021. Acontece que eu joguei várias fases de manhã, me diverti pacas, parei para almoçar, e o que joguei depois do almoço foi justamente essa parte chatinha. Stubbs the Zombie é um jogo bem curto (tem uma conquista para terminá-lo em menos de duas horas), e é curioso que ele não mantenha seu fôlego durante toda sua duração.
Ainda assim, foi muito legal para mim ter tido uma nova oportunidade de curtir um jogo do qual gostei tanto lá nos primórdios do DELFOS. Quero acreditar que minha cópia de Xbox One de Stubbs the Zombie vai continuar sendo jogável nos Xboxes do futuro, impedindo que ele suma de novo da minha vida. Eu com certeza vou querer jogá-lo outras vezes.
A série “… de cabeça fria” envolve voltarmos a vivenciar algo antigo e que às vezes até já resenhamos aqui no DELFOS com a cabeça fria e com nossas experiências atuais. Se você gostou, mostre pra gente fazendo comentários e compartilhando, pois nos esforçaremos para fazer muitas outras.
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