Speed Racer, o desenho

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Acelere com o nosso especial Speed Racer:

Obras Fictícias: Matrix Guilherminations: Eu odeio Matrix.
Speed Racer, o filme: Speed Racer, slow down!

Sei lá porque peguei a resenha do desenho clássico do Speed Racer quando o Corrales anunciou que faríamos um especial, alguns meses atrás. Nunca me interessei pelo desenho até o final do ano passado. Na verdade, o evitava como o diabo foge da cruz. Nunca gostei da maioria dos desenhos antigos que a Rede Globo nacional teimava em reprisar naquele horário que é dedicado à programação regional, e a idéia de “falta de qualidade técnica” que se tem à primeira vista só me deixava o gosto de “não vi e não gostei.” Só comecei a me interessar quando notei o saudosismo que ele exercia sobre aqueles que o assistiram nos anos 60 e 70, principalmente no autor de um dos meus webcomics favoritos, Scott Kutz do PVP.

Foi então que resolvi vencer meus preconceitos e realmente assistir à série. O veredicto? Speed Racer é um dos melhores desenhos animados na história da TV. Não me arrependi em nenhum momento por me forçar a assistí-lo, muito pelo contrário, se tornou uma atividade melhor do que assistir a Lost ou Heroes.

Então o delfonauta deve estar pensando: “O que torna esse desenho tão legal, afinal?” A resposta é simples: roteiro e personagens carismáticos. As histórias do desenho animado são excelentes, conseguindo misturar perfeitamente ação com mistério. Mistério, porque todas as histórias são no estilo “detetive”, onde Speed tem que descobrir o plano e prender os vilões. Ação, porque estamos falando de uma série que envolve carros de corridas e perseguições. Apenas os dois primeiros episódios, que compõem a primeira história, foram suficientes para me tornar fã de Speed Racer e ficar ansioso para assistir ao filme.

Mas vamos ao que interessa. Speed Racer surgiu da cabeça do produtor Tatsuo Yoshida, que criou o mangá Mach GoGoGo em 1966. Nessa época, os carros de corrida começaram a assumir um aspecto mais futurista e a atingir velocidades espantosas. Corridas e carros estavam na moda no mundo inteiro e uma série com esse apelo só poderia se tornar um sucesso.

Com a popularidade que a televisão ganhava na época, finalmente se tornando um eletrodoméstico presente em todas as casas, Tatsuo viu a oportunidade de transformar a série em um desenho animado. Como era dono do estúdio de TV japonês Tatsunoko, fundado em 1963 junto com seus irmãos, a idéia foi rapidamente posta em prática e em seguida vendida para estúdios americanos com o nome de Speed Racer.

Speed Racer é um jovem normal da década de 60, que sonha com carros e vencer corridas. Seu sonho é alimentado por ser parte da família Racer, chefiada por Pops Racer, um brilhante engenheiro mecânico que projetou os melhores carros e motores da época. No entanto, Speed não pode realizar seu sonho, pois seu pai o julga muito inexperiente para participar de corridas profissionais. O fato é que Pops Racer passou por um trauma quando seu filho primogênito, Rex Racer, quase morreu em um acidente durante uma corrida devido ao seu excesso de confiança. Quando Pops proibiu o filho de correr até que ele aprendesse a ter auto-controle, Rex virou as costas e abandonou a família, jurando voltar apenas quando se tornasse um corredor famoso.

A história começa quando Pops Racer apresenta os planos para a construção de um motor revolucionário à diretoria da empresa em que trabalha. Ele é ridicularizado por um dos membros, dizendo que tal motor nunca funcionaria e que melhorar o Mach 5, também projetado por Pops, era uma idéia ridícula. Ofendido, ele pede demissão e resolve construir o motor sozinho. Mas Pops Racer não tem dinheiro para isso e então Speed resolve ganhar a Corrida de South Mountain, apoiado pelo seu amigo Sparkie.

No entanto, o mesmo membro da diretoria queria apenas tirar Pops Racer da jogada, para depois roubar os planos e ficar com os louros da invenção. Para conseguir os planos, ele contrata capangas, que vão ter que correr atrás de Speed na corrida de South Mountain, uma vez que Pops escondeu os planos com uma tinta invisível no pára-brisas do Mach 5. Vencendo a corrida e estragando os planos dos ladrões, Speed finalmente convence seu pai a deixá-lo participar de competições profissionais.

A partir daí, o resto é história e a ação corre solta em todos os episódios. É quando somos apresentados ao Corredor X, ídolo de Speed e maior automobilista do mundo. O que Speed não sabe é que o Corredor X na verdade é o seu irmão Rex, que realizou o sonho de se tornar o grande tremendão das corridas. Rex fica entusiasmado ao ver o talento do irmão e resolve ajudá-lo, incógnito, a se tornar um grande campeão.

Compondo o resto do elenco principal, ainda temos Trixie, a namorada de Speed, o macaco Chin-Chin e o espevitado irmão caçula de Speed, Spritle, que no Brasil foram chamados de Zequinha e Gorducho, respectivamente. Também temos a Mamãe Racer, o estereótipo da mãezona, que aparta as brigas e mantém a família unida.

Todos os episódios seguem num estilo semelhante ao desenho da Liga da Justiça Sem Limites, com uma história única dividida em dois episódios. Isso permitiu histórias mais longas para a época, acostumada a ter uma aventura contada em um único episódio.

Outra coisa que se nota no desenho é o alto nível técnico. Opa, mas espere aí! Eu não havia dito que o que me afastava do desenho era a falta de qualidade técnica? Pois é, caro delfonauta, a primeira impressão engana. Apenas assistindo ao desenho com atenção, você percebe os detalhes que conquistaram gerações. A qualidade sonora é indiscutível, os carros têm som de carros de verdade e são diferentes entre si. A trilha sonora é empolgante e grudenta. Duvido que alguém ouça a música do Speed Racer e não fique repetindo o refrão “Go, Speed Racer, Go”.

O único problema do desenho é realmente a qualidade visual. Há muitos erros de proporção e perspectiva, que são essenciais para um desenho de ação. Apesar de levar em consideração que foi o primeiro desenho com ação desenfreada que levava corridas a sério e ângulos de câmera inovadores, os problemas ainda incomodam, apesar de não atrapalhar tanto.

Como veredicto final, o DELFOS recomenda enfaticamente o desenho original, que serviu para inspirar gerações e trazer um novo mundo de desenhos animados feitos no Japão.

Curiosidades:

– O “M” no carro de Speed na verdade é uma referência ao nome da família no original Japonês, Mifune, não ao nome do carro, Mach 5. Isso foi uma homenagem ao astro de filmes japoneses Toshiro Mifune.

– O nome original do Speed Racer é Go Mifune. Aqui há outra brincadeira, uma vez que a palavra go é um homófono ao numeral 5 em japonês.

– O Mach 5 faria inveja até ao James Bond. Além de ser o mais rápido do mundo, ele ainda conta com macacos automáticos, utilizados para levantar o carro rapidamente para reparos, além de fazer com que o carro pule; pneus de tração especial; serras circulares para passar por áreas com muitas árvores e mato, cortando e abrindo caminho; câmara submarina, à prova d’água e de balas; lanternas especiais que permitem inclusive visão infra-vermelha; capacidades anfíbias, oferecendo ar e propulsão em baixo d’água; e um pássaro-robô sonda, utilizado para pesquisar terreno e enviar mensagens à família Speed.

– Durante a série, o Corredor X é primeiramente apresentado sob o nome de Corredor Mascarado, que é a tradução correta do nome original japonês, Fukumen Racer.

– Houve um remake do desenho, que não emplacou. Nessa nova versão, o Corredor X não é o irmão de Speed, que realmente morreu no acidente.

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