Skyline – A Invasão

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Se tem uma coisa que eu odeio é quando um filme – ou qualquer história, na verdade – começa pelo meio na tentativa de mostrar algo intrigante o suficiente para te manter ligado durante a apresentação dos personagens a seguir. Amigo roteirista, se você não é capaz de fazer o público se interessar pela sua história sem precisar mudar as peças de lugar, talvez você deveria fazer outra coisa. Escolha: seja não-linear de uma vez ou seja perfeitamente cronológico. Não seja indeciso, pois isso é sinônimo de amador.

Obviamente, Skyline começa dessa forma, mostrando que não é apenas o título nacional que é indeciso. Como o dedicado fã Pixaitiano já sabe, Skyline apresenta uma tentativa infrutífera da NASA em contatar alienígenas nos confins do universo. Inicialmente, a experiência parece não ter dado certo, até que dezenas de luzes azuis cósmicas começas a surgir… E sugar os pobres seres humanos!

Ou pelo menos essa era a sinopse antes, mas parece que os caras mudaram de ideia. Afinal, a NASA nem aparece aqui. Na verdade, acompanhamos um grupo de amigos em um prédio de alto padrão quando acontece uma suposta invasão alienígena. A partir daí, são eles tentando sobreviver, enquanto são mortos um a um. Típico slasher com uma ambientação de Guerra dos Mundos.

É tudo bem genérico e sem graça, e é consideravelmente piorado pelo final que termina onde a maioria dos filmes começariam, estilo “estamos iniciando aqui uma grande franquia”.

E como se isso já não bastasse, teve vários problemas “externos” na cabine. As cores, por exemplo, estavam claras demais. Não que o filme seja claro demais, simplesmente parece que configuraram o brilho do projetor acima do que deveriam, fazendo o que deveria ser preto virar cinza claro.

Além disso, uma coisa que sempre rola nas cabines da Playarte é que os funcionários do Bristol ficam entrando e saindo da sala. A movimentação em si já incomoda bastante, mas os caras gostam de deixar as portas abertas, e dessa forma toda a luz do Shopping bate diretamente na tela. Inteligentes esses camaradas, não? Não é à toa que as salas deles estão sempre às moscas.

Mas ok, esses dois parágrafos não têm nada a ver com você e provavelmente não vão acontecer na sua sessão (a não ser que você escolha ver no Bristol). O que você vai ver, com certeza, é a legenda tosquíssima, que parece ter sido feita por alguém que aprendeu satisfatoriamente o vocabulário da língua inglesa, mas não aprendeu figuras de linguagem. Ah, e o cara não sabe escrever em português também.

Dessa forma, prepare-se para momentos em que o sujeito confunde “mas” com “mais”, erra a digitação e chega ao ponto de colocar frases em horas que ninguém está falando nada – enquanto deixa várias outras sem tradução.

Ou então, a mulher diz que vai ao “ladies’ room” e o cara me coloca quarto das meninas. Mas pior mesmo é quando o sujeito diz “she’s smoking” (algo como “ela é gostosa”, “ela é tremendona”, enfim) e a tradução que popa é “ela está fumando”. Caramba, mano, tudo bem que também poderia ser usado nesse sentido, mas será que o tradutor não percebeu que não tinha nenhum cigarro na cena? Convenhamos, não precisa ser um expert em reações humanas para interpretar isso – e esse é exatamente o trabalho de um tradutor. Ou vai ver usaram algum tradutor online para economizar uns trocados. Aliás, é bem provável.

Como você já deve imaginar, as legendas de Skyline são daquelas que mais atrapalham do que ajudam. Se você sabe inglês, elas vão prejudicar consideravelmente sua sessão, mas se você não sabe e precisa delas, o filme não deve fazer sentido nenhum. Capaz de ficar até melhor justamente por causa disso.

Mas falando sério, se o trabalho de legendagem tivesse sido minimamente bem feito, muito provavelmente Skyline levaria nota de filme nada. Mas não foi, então a nota é de filme ruim mesmo. Afinal, a gente tem que avaliar o que vai ser visto no cinema, né?