Delfonautas e delfonautos, temos aqui a grande surpresa do ano. Recentemente, vimos muitas adaptações de contos de fadas, e boa parte delas tentava ser contada de forma diferente, mas nenhuma realmente empolgou. Finalmente, é pelas mãos do nosso amigo Sam Raimi que temos a primeira a fazer jus à historinha com a qual todos nós crescemos.
Como você já deve saber, Oz – Mágico e Poderoso é uma prequência para o clássico O Mágico de Oz. Aqui conhecemos Oz, o futuro Mágico, quando ele ainda dava shows em circos para pequenos grupos. Yada, yada, yada, ele acaba indo por acidente à mágica terra de Oz, onde é informado de uma profecia que conta de um grande mágico que viria para acabar com a bruxa malvada que vem aterrorizando o local. Ao ver a possibilidade de se tornar rei de Oz e viver a vida que sempre quis, ele decide aceitar o desafio.
Ao ler a sinopse acima, você provavelmente terá vários palpites do caminho que a história vai seguir, e eles estarão certos. De fato, o caminho é bem previsível, mas é uma viagem que merece ser feita.
ALÉM DO ARCO-ÍRIS
A primeira coisa a ser destacada é o visual. Oz – Mágico e Poderoso é lindíssimo. O longa começa em preto e branco e na proporção 4:3, dando à abertura uma cara de filme antigo, e com charmosíssimos créditos de abertura. Porém, quando chegamos em Oz, a tela se alarga lentamente, e as cores começam a aparecer. E a partir daí tudo é extremamente colorido.
Na trilogia Homem-Aranha, Raimi parecia não estar confortável com efeitos especiais e computação gráfica, o que deixava várias cenas com um visual abaixo do aceitável para a época. Aqui, no entanto, ele parece ter aprendido, pois eu não consegui ver nenhuma falha nos efeitos deste. O simpático macaquinho voador, em especial, parece estar na mesma cena com os atores de carne e osso e eu poderia jurar que a boneca de porcelana se movia pelo poder da mágica (e veja só, ela foi filmada como uma marionete de verdade!).
Além do visual, a história se encaixa perfeitamente no clássico de 1939. Ele mostra de forma muito legal como o Mágico de Oz se tornou o “homem atrás da cortina” e a Bruxa Má do Oeste, por exemplo, está tão parecida com a imortalizada por Margaret Hamilton que chega a ser assustador.
É tudo feito com tanto respeito e carinho à obra original que só faltou mesmo um pequeno detalhe para ficar perfeito, e eu vou contar porque não é spoiler, mas se você tem receio, é só não selecionar o espaço a seguir: o filme termina com a câmera subindo em direção aos céus. Era o momento ideal para que aparecesse ao fundo uma casinha voando em um furacão e cortar para os créditos ao som de Over The Rainbow, e esse seria um final tão perfeito, e ao mesmo tempo tão óbvio, que até agora não acredito que não acontece.
Os fãs do filme original também ficarão felizes ao ver que este também se utiliza do artifício de repetir os atores do mundo real em Oz, fazendo um paralelo entre suas histórias e desejos, mas esses eu não vou falar quais são para você ter o mesmo prazer que eu tive ao encontrá-los. E fique ligado também para a participação especial do Leão Covarde, que é do tipo “piscou, perdeu”.
O carinho não vai apenas para O Mágico de Oz, mas a toda a sétima arte. Na tradição de A Invenção de Hugo Cabret, em vários momentos temos homenagens à história do cinema. Por exemplo, Oz (o mágico, não a terra) se considera apenas um ilusionista, até que aprende a usar suas ilusões para maravilhar as pessoas, assim como qualquer bom diretor de cinema.
Completam os destaques positivos a direção de Sam Raimi, que aqui está nada menos que espetacular. Temos uns dois ou três plano-sequências, alguns enquadramentos muito legais e o melhor uso de 3D desde Avatar. Sem falar algumas piadas que ficam ainda melhores graças à forma que são filmadas. E não se engane, delfonauta, este é um longa deveras engraçado. Aliás, o visual e o 3D são tão legais que é uma pena que a sessão não tenha sido em Imax, então se tiver a oportunidade, esta é uma obra que vale o investimento para ver na tela grande.
Por tudo isso, temos aqui a que promete ser a maior surpresa de 2013 e o primeiro grande candidato a figurar na lista delfiana de Melhores do Ano. Não perca!
EM SIMPLE PORTUGUESE:
Devo assistir: Sim.
Em 3D: Sim.
CURIOSIDADES:
– É uma pena que a tradução para português do título não tenha sacado que “The Great and Powerful” era a continuação do nome artístico de Oz no circo. Como não pensaram em traduzir para algo como “Oz, o Magnífico”?