Os Smurfs e a Vila Perdida

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Os Smurfs já ganharam duas adaptações em live-action para o cinema nos últimos anos e, embora não sejam exatamente filmões obrigatórios, são bonitinhos e simpáticos o suficiente para serem assistidos.

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Curiosamente, a história de 2017 dos nossos amiguinhos de branco não traz atores reais. Esqueça Hank Azaria como o Gargamel, o que temos aqui é uma animação em computação gráfica, praticamente independente dos dois filmes anteriores.

Em Os Smurfs e a Vila Perdida, conhecemos a história do Gargamel, um sujeito que mora isolado da sociedade, conversa com o gato e acredita ter poderes mágicos. Ele é obcecado por homenzinhos azuis que moram em cogumelos, e sua vida inteira gira em torno deles. Eu não sei o que ele tomou, mas sem dúvida é das boas.

Na real, a principal história aqui é a da Smurfete. Ela mora em uma vila onde os papéis são bem definidos. O Vaidoso é vaidoso, o Gênio é gênio e o Desastrado é desastrado. Mas o que significa Smurfete? Mais especificamente, o que é o “ete”?

Talvez essa piadinha faça mais sentido em inglês, já que aqui no Brasil a gente sabe bem o que é “ete”. Se eu falasse das Delfetes, você imediatamente saberia os papéis delas no Oráculo, certo?

Mas vamos fingir que a gente não sabe isso. Que a gente não tem bem definido que a Smurfete tem os poderes e habilidades proporcionais aos de uma mulher. Ou seja, ela não paga para entrar em bares e baladas, consegue manipular os outros Smurfs facilmente com uma simples carinha de choro e faz pipi sentada.

Qualquer pessoa que se preza que tivesse os poderes de uma mulher, dominaria o mundo, mas a Smurfete só quer saber mais do seu papel. Ela acaba encontrando por acidente um chapeuzinho de Smurf diferente dos que conhece e, ao ser raptada pelo Gargamel, ele usa seus poderes mágicos para encontrar a tal Vila Perdida.

Agora a Smurfete e três dos seus melhores amigos, Gênio, Robusto e Desastrado, vão tentar encontrar a Vila Perdida antes do Gargamel para avisar os Smurfs que moram lá do perigo que se aproxima.

Esta é a aventura de hoje, que é diretamente relacionada à jornada de descobrimento da Smurf loirinha. Sim, todo mundo faz piadas com o fato de ela ser a única mulher da aldeia e com a sugestão de que ela é mãe de todos, mas o desenho consegue funcionar bem, ao mesmo tempo abordando este assunto e se mantendo à beira da polêmica que poderia gerar se não fosse tratado com delicadeza.

A verdade é que esta versão em CG dos Smurfs é muito fofa. Até o Gargamel, que sempre foi um personagem intencionalmente feio, está mais bonitinho por aqui. A historinha, embora não traga nenhuma novidade, é simpática e com certeza vai gerar identificação na molecada mais nova, especialmente nas meninas.

A Smurfete é, sem dúvida, a personagem mais famosa dos Smurfs e estava na hora de ela ganhar uma aventura própria. Os Smurfs e a Vila Perdida é um desenho dos Smurfs para a época atual, em que não basta mais a personagem feminina ser apenas uma mulher. A Smurfete, como todas as mulheres, pode ser o que ela quiser.

LEMBRA?

– Quem aí jogava videogame na época do Mega Drive? Eu fiquei lembrando durante todo o filme do clássico Streets of Rage e do fato de que todo mundo se referia aos heróis como “o cara, a mulher e o negro”. Chega a ser até engraçado lembrar disso hoje e constatar como as coisas mudaram.

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
os-smurfs-e-a-vila-perdidaPaís: EUA<br> Ano: 2017<br> Gênero: Comédia / Animação<br> Duração: 89 minutos<br> Roteiro: Stacey Harman e Pamela Ribon<br> Elenco: Michelle Rodriguez, Julia Roberts e Rainn Wilson.<br> Diretor: Kelly Asbury<br> Distribuidor: Sony<br>