O cinema adora uma boa história de sobrevivência em ambientes selvagens e adversos. Se for numa montanha cheia de neve, melhor ainda. Adivinha só: O Poder e o Impossível é mais uma dessas histórias, e ainda por cima ganha o bônus de ser baseada em eventos reais.

Eric LeMarque (Josh Hartnett) vai fazer snowboarding numa montanha, sai da trilha e acaba se perdendo. Daí, só lhe restam três opções: ou ele consegue achar o resort de onde saiu por conta própria, ou torce para ser resgatado, ou simplesmente espera a morte chegar.

Afinal, ele não tem nenhum conhecimento de sobrevivência, nenhum abrigo contra o tempo inclemente, nenhuma provisão, nada de água e praticamente só a roupa do corpo e sua prancha. Ah, sim, e quando escurece ainda aparecem lobos. Porque a vida tem um senso de humor cruel.

Embora seja um filme até curto, ele é inacreditavelmente chato. O que depõe muito contra ele, visto que esse tipo de história geralmente costuma ser tensa e dramática. E ele até tenta ser isso, mas faltou mais perícia. Ele é bem arrastado, a história do protagonista é bastante boba e ao invés de torcer por ele, eu torcia mesmo para que ele morresse de uma vez e o filme acabasse logo.

Mas, como o nome original do negócio já é um spoiler gigante, não foi isso o que aconteceu e tive de aturar essa bagaça por intermináveis 98 minutos. Bem, podia ser pior, poderia ser um filme de duas horas.

Delfos, O Poder e o Impossível, Cartaz

Enfim, enquanto Josh Hartnett anda pela neve, solta uns palavrões e depois anda mais um pouco, através de flashbacks vamos vendo a história pregressa de Eric, da infância com um pai exigente e nervosinho, passando pela promissora carreira como jogador profissional de hóquei no gelo da qual abriu mão, e terminando com seu vício em drogas.

O personagem tira a força para sobreviver à sua provação justamente do fato de que sempre foi considerado um desistente na vida (principalmente por conta de ter largado uma promissora carreira esportiva) e que dessa vez ele não iria desistir da própria vida.

Tudo muito bonito, tudo muito emotivo. Em teoria. Mas simplesmente nada dá liga. Se o filme já é devagar quase parando nas partes que deveriam ser tensas, dele na montanha, toda vez que entra um flashback o ritmo piora ainda mais. E sejamos francos, a história pregressa dele nem é tão interessante e incomum assim.

Enfim, há ótimos filmes dessa temática “homem ferrado na natureza”, como 127 Horas, por exemplo. Mas este aqui definitivamente não é um deles, estando lá pela terceira ou quarta divisão da categoria. Certamente não vale o preço do ingresso, quanto mais o tempo investido em frente à tela.

REVER GERAL
Nota
Artigo anteriorSeria Josh Homme um grande babaca?
Próximo artigoVeja os novos episódios de Entre Linhas
Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
o-poder-e-o-impossivelTítulo original: 6 Below: Miracle on the Mountain<br> País: EUA<br> Ano: 2017<br> Gênero: Cinebiografia<br> Duração: 98 minutos<br> Distribuidora: Imagem<br> Direção: Scott Waugh<br> Roteiro: Madison Turner<br> Elenco: Josh Hartnett, Mira Sorvino e Sarah Dumont.