O Massacre da Serra Elétrica

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Ok, hora da confissão. No momento em que escrevo essa resenha, ainda não tive a oportunidade de assistir ao Massacre da Serra Elétrica original. Dada sua fama de ser absurdamente trash, sempre imaginei que se tratasse de uma comédia na linha de Brinquedo Assassino ou Hora do Pesadelo. Contudo, ao receber o convite para assistir ao remake, me surpreendi com a frase “inspirado em fatos reais”. Poxa, se a história foi inspirada por fatos reais não deve ser uma comédia. E por isso fui ao cinema meio sem saber o que esperar. Só sabia que estava muito ansioso para assisti-lo. Achei até que teria que alugá-lo em vídeo, pois considerando a demora para chegar aqui (o filme é de 2003), achei que sairia direto em DVD. Felizmente, não foi o caso e o remake chega ao Brasil no próximo dia 11 de fevereiro.

Bom, após assisti-lo, eu não diria exatamente que O Massacre da Serra Elétrica é uma comédia descarada, mas também não o classificaria como um filme de terror, como Os Outros ou O Grito. A razão para isso é que ele é demasiadamente explícito. A todo momento vemos tripas, miolos e ossos, o que acaba passando o clima de tensão para um clima de nojeira. Ora, é fato que é muito mais natural ter medo do que fica implícito do que do escancarado. Vide Psicose, por exemplo.

Na verdade até mesmo o Massacre do título não é tão massacre assim. São apenas 5 adolescentes para serem mortos e mais uma de bônus, ou seja, coisa que um Jason da vida elimina logo na introdução dos filmes. Os adolescentes em si também têm muito a ver com os protagonistas dos filmes de terror-comédia aos quais estamos acostumados. Todos são usuários de maconha, burros e bonitos. Principalmente a protagonista Erin, interpretada por Jessica Biel. Eu não sou muito fã dessas magricelas (leia também a resenha de Táxi, mas tenho que confessar que a garota é demais. E ainda fica o tempo todo com a barriguinha à mostra e sua camiseta branca chega até a ser molhada lá pelas tantas. Convenhamos, mais terror adolescente impossível.

Mais um clichê é sua trilha sonora, que entrega os sustos cerca de 5 segundos antes de eles acontecerem. E quando acontecem, o roteiro segue aquela mania de ser um gato, um porco, um amigo do grupo ou coisas do tipo. Ou seja, é tudo enrolação para levar o filme a seus 98 minutos.

Uma curiosidade sobre o filme é seu formato de tela. Não sei dizer se ele chega a ser em tela cheia, mas com certeza widescreen ele não é, pois sua imagem é quase quadrada o que causa um certo estranhamento ao assisti-lo no cinema. Outra coisa engraçada é a semelhança do personagem Kemper (Eric Balfour) com o Marcos Mion. Parecem até gêmeos. O que é definitivamente assustador em O Massacre da Serra Elétrica é a polícia. Mas não pelo papel que tem no filme, de se preocupar com coisas menores e de tentar incriminar inocentes, mas pela forma com que suas atitudes e abuso de autoridade se assemelham às da policia paulistana.

Este remake é, no geral, é um filme médio. Vale para os marmanjos pagarem pau para a Jessica Biel ou para uma tarde chuvosa sem muito mais coisa para fazer. Mas considerando que no mesmo final de semana de sua estréia, também entrarão em cartaz os oscarizáveis O Aviador e Menina de Ouro, o pobre Massacre da Serra Elétrica deve ter um massacre no seu futuro.

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