O Coronel e o Lobisomem

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Não se deixe enganar pela frase que ilustra os cartazes desse filme: O Coronel e o Lobisomem não é uma comédia. Tudo bem, não se trata de um filme sisudo ou que se leve a sério, mas está a anos-luz de um Monty Python ou de um Mel Brooks. Na verdade ele é tão comédia quanto aqueles filmes tremendões que o Schwarzenegger fazia em sua época pré-governador, ou seja, tem umas piadinhas e um clima divertido, mas sua história não é baseada no humor.

Logo no início, acompanhamos o coronel Ponciano (nome legal), interpretado por Diogo Vilela, a um tribunal, onde ele vai tentar provar que o seu nêmesis, Pernambuco (outro nome legal – na pele de Selton Mello) é um lobisomem. Nesse ponto, acontece um flashback onde vamos acompanhar os dois desde a mais tenra infância até as primeiras tensões em seus relacionamentos, como sempre motivados pelo amor por uma linda mulher: no caso a realmente linda Ana Paula Arósio, cujo personagem tem mais um nome legal: Esmeraldina.

Na verdade o filme pouco tem de Lobisomem. São apenas duas cenas onde ele aparece e mesmo na história não tem lá muita importância. A prioridade é dada para os problemas encarados por Ponciano, muitos deles de ordem financeira e quase todos causados por Pernambuco.

O visual do filme é ótimo, talvez um dos melhores do cinema nacional. Imagem cristalina, figurino trabalhado, realmente nesse aspecto não há defeitos. Contudo, defeitos não faltam em outras áreas. As atuações, por exemplo, seguem o “Padrão Globo de Qualidade”, o que não é um elogio. O fato de o elenco contar apenas com globais também não ajuda nesse quesito.

Antes de a sessão começar, um indivíduo da Fox pediu para prestarmos atenção aos efeitos especiais do filme, dizendo que eram inéditos no cinema nacional. Isso elevou as expectativas de todos os presentes, que esperavam encontrar os efeitos no “nível Gollum”, mas infelizmente ficou muito aquém disso. Os brasileiros realmente precisam parar de se comparar apenas com o que é feito no nosso país. Se queremos que a sétima arte tupiniquim (ou qualquer outra) ultrapasse as fronteiras de nosso ensolarado país, precisamos nos comparar com o que de melhor é feito no mundo. Apenas assim atingiremos um grau de qualidade satisfatório.

Um outro defeito, e este realmente é o mais grave deles, é o finalzinho deveras mequetrefe da produção. É simplesmente algo que não faz sentido nenhum, uma terrível tentativa de ser poético sem capacidade para tal.

Apesar de seus defeitos, contudo, O Coronel e o Lobisomem é um filme que deve divertir muita gente e fazer muito sucesso no nosso país. Qualidades para isso não faltam. Pode não ser perfeito como cinema, mas é perfeito para a diversão. E isso é mais do que o suficiente.

Não deixe de ler também a coletiva do filme, com presença até do Milton Nascimento.

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