Na Natureza Selvagem

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Meu interesse em Into the Wild foi como “o filme do Eddie Vedder”. Não, o cara não virou ator, mas compôs toda a trilha sonora do filme. Assisti ao filme sem ler nada a respeito, confiando no taco do vocalista Vedder. Não me arrependi.

O filme conta a história do recém formado Christopher McCandless, que abre mão de um futuro brilhante por uma vida de verdade. Christopher doa todo o dinheiro que havia recebido para a faculdade, bota uma mochila nas costas e sai de casa rumo ao Alaska. A premissa do filme é realmente bem simples, mas o grande diferencial de Into the Wild é a maneira como toda a história é mostrada. A narrativa é dividida em três partes, o ponto de vista da irmã de Christopher, que mostra os motivos que o levaram a essa viagem, os meses anteriores à chegada, e os 100 dias no Alaska. Essa divisão na história flui tão bem que os 140 minutos de filme passam tão rápidos quanto uma música levada por Vedder no violão.

A busca de Alex por liberdade é muito bem acompanhada pelas músicas compostas por Vedder, todas elas levadas no violão e no vocal rouco, quase como Mark Lanegan. O foco principal de toda a viagem de Alex fica no modo como ele se relaciona com as pessoas que vai conhecendo pelo caminho, formando um vínculo muito forte com todas elas, mas mesmo assim, mantendo uma superficialidade anormal em todas as relações. Como ele mesmo diz “se engana quem acha que a alegria de viver vem principalmente das relações humanas.”. E é exatamente isso que ele prova até o ultimo momento do filme.

Outro ponto interessante do filme é como os efeitos do isolamento ficam claros no personagem, ponto para Emile Hirsch (que ainda esse ano aparece nas telonas pilotando o Mach 5). Alex começa a se sentir cada vez mais à vontade com a solidão, entendendo-a de um modo diferente e julgando-a de um modo diferente ao que as pessoas “normais” fazem. As passagens que mostram as anotações no diário de viagem dele, ou as citações que ele faz dos livros que carrega durante a viagem deixam isso bem evidente.

Into the Wild é um excelente filme, mas é ainda um excelente começo de carreira solo para Eddie Vedder, que compôs um álbum excelente em todos os aspectos, seja como trilha sonora ou como um álbum comum de música. Ao todo são 11 faixas, mostrando a evolução musical que 16 anos de Pearl Jam trouxeram.

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