Na Companhia do Medo

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Confesso que me interessei por esse filme desde a primeira vez em que li sobre ele. Confesso também que boa parte desse interesse foi fruto do nome do filme em inglês (Gothika) que me fez acreditar que haveria algo de gótico no filme (sim, eu sou ingênuo e não, não sou gótico).

Em 100% das resenhas que eu li em outros sites, um pouco demais da estória é revelado. Embora não seja o clímax, é algo bem importante e cuja revelação é, possivelmente, a maior surpresa do filme. Recomendo que, se você for assistir a esse filme e ainda não tiver lido nenhuma resenha, que leia apenas essa e, apenas depois da sessão, leia as outras.

Inversão de papéis são as palavras de ordem da trama. Em Na Companhia do Medo (como de um nome tão legal podem chegar nesse nome horrível?), conhecemos Miranda Grey (Halle Berry), uma psiquiatra criminalista extremamente lógica e racional que, depois de um acidente, acorda três dias depois, não em sua casa, nem em um hospital, mas na penitenciária onde trabalhava. Por que ela está lá? Bom, essa é a revelação que eu não vou fazer, pois não gostaria que ela tivesse sido revelada para mim antes de assistir ao filme (e foi).

Pela primeira vez do outro lado, ela se depara com seus outrora colegas analisando-a com a mesma atitude não-tô-nem-aí com que ela analisava seus pacientes (atitude esta, infelizmente, usada por praticamente todos os profissionais de saúde que conheci durante a minha vida, que estão mais preocupados em saber se o convênio do paciente está em dia ou com o recheio de sua conta bancária do que com a sua saúde, propriamente dita).

O pior é que ela realmente acha que não está louca (e algum louco acha que está? Como eu posso saber que eu não sou louco e o Delfos é apenas parte da minha imaginação? Ou até mesmo da sua, caro leitor?) e que tem algo mais acontecendo. Algo sinistro e que ela, como boa protagonista de um filme hollywoodiano está disposta a descobrir.

O filme funciona bem, até certo ponto. Na verdade, ele começa mal, com aquela sucessão de sustos-que-não-são-sustos, tipo um cara abrindo um guarda-chuva atrás da protagonista. Depois vem a parte boa, com sustos de verdade e com uma condução da trama legal e interessante. No final, volta a parte ruim, mas agora, de tão ruim, nos leva ao arrependimento de termos gasto nosso rico dinheirinho para assistirmos à tal película.

A sensação de coito interrompido é onipresente quando nos deparamos com o mesmo clímax ao qual qualquer pessoa chegaria. Aquilo que matamos desde o começo do filme, mas que nem demos muita importância por acreditar que era tão previsível que os roteiristas e seus polpudos salários, teriam capacidade de fazer algo muito melhor. Não tiveram. E isso nos leva a refletir sobre o que está acontecendo com o mundo do entretenimento. Será que sou eu que já fui tanto ao cinema que sou muito difícil de impressionar? Afinal, mesmo filmes que eu gostei, como Irmão Urso e O Último Samurai são extremamente previsíveis. Ou será que todas as estórias já foram contadas e a outrora ilimitada imaginação humana chegou ao seu limite? O que você acha? O espaço de comentários aí embaixo é todo seu.

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