Altered Beast: Guardian of the Realms

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Uma das maiores decepções da minha vida! Foi isso que pensei logo após uma hora jogando a nova versão para Gameboy Advance da clássica série Altered Beast.

Para quem não conhece o jogo original (e acredito que isso seja muito difícil), ele foi lançado originalmente para arcades em 1988 e foi o carro-chefe da SEGA no lançamento do Mega Drive (Sega Genesis nos EUA) um ano depois. Na época, o jogo se destacava pelos excelentes gráficos, uma música épica empolgante e uma estória muito legal que envolvia a mitologia grega: Zeus ressussitava um herói morto para que ele salvasse sua filha, Atenas, das garras do deus do mundo inferior Hades.

A jogabilidade era bem simples e clássica: Um tradicional jogo de ação lateral, onde você ia enfrentando alguns monstros, zumbis e cães de várias cabeças (obviamente baseados no temível Cérbero, o “bichinho de estimação” de Hades) sendo que estes últimos, quando eram brancos, forneciam cápsulas, que deixavam o herói cada vez mais forte. Juntando três destas cápsulas, você se transformava em um poderoso monstro (daí o nome do jogo) e ganhava novos poderes e golpes. Somente transformado é que se conseguia chegar nos chefes, passar ao próximo nível e repetir a rotina até chegar ao final do jogo (Nota do Carlos: se você não conseguia pegar três cápsulas até encontrar Hades pela terceira vez, ele chamava você pro pau não interessando a forma na qual você estava).

Um dos fatores que mais chamavam a atenção na época era a (quase) perfeita conversão da versão Arcade para a versão doméstica do Mega Drive, fato considerado impossível e utópico nos anos 80. Mas Altered Beast, assim como Golden Axe, conseguiram essa proeza e acabaram se tornando os primeiros ícones da era dos videogames 16 Bits.

Finalmente, em 2003, a softwarehouse THQ lançou uma espécie de remake do clássico, mas o tiro saiu pela culatra. Para começar, a estória perdeu todo seu embasamento mitológico: Zeus ressussita um guerreiro para limpar o seu reino das criaturas de um demônio chamado Arcanon. Ou seja, nada de Hades e Atenas nesta versão. Para complementar, os cães de várias cabeças também não estão mais no jogo.

Os gráficos são bonitos e coloridos, mas os personagens e inimigos parecem que foram animados a partir de bonecos de massinha e acabam meio “deslocados” dos cenários.

O som é normal, nada de excepcional além dos tradicionais sons de socos e chutes e algumas falas retiradas do Altered Beast original de 15 anos atrás. As músicas, que outrora eram belíssimas, agora são uma mistura insossa de New Age com Techno e acabam destoando totalmente da estória. Simplesmente não combina um jogo sobre mitologia grega com uma trilha sonora de danceteria.

A jogabilidade é bem simples. O botão “A” soca, o “B” chuta e o “L” e o “R” servem para pular. Infelizmente os botões não respondem tão rápido quanto deveriam em um jogo deste porte onde os reflexos rápidos são fundamentais.

A dificuldade, com certeza, é a característica mais marcante desta nova versão. O jogo está muito mais difícil que a versão anterior (que já era bem chatinha em determinados momentos). As fases são muito longas e estão em maior número (são 15 agora contra 5 do jogo de 1988), as cápsulas azuis demoram bastante a aparecer e os chefes são o cúmulo da apelação. Tudo isso, infelizmente, influiu negativamente no fator diversão que é praticamente inexistente, em especial para os que não têm um sentimento nostálgico pelo Altered Beast original ou quem nunca jogou essa versão.

Outra coisa que me decepcionou muito nesta versão são as “Bestas” nas quais você se transforma. Elas eram um dos principais atrativos no jogo anterior porque tinham gráficos muito legais e eram assustadoras. Além disso as tranformações eram bem legais. No novo jogo, infelizmente, tudo isso se perdeu. As transformações são até interessantes mas as “Bestas”, apesar de serem mais variadas, estão muito mal feitas, estereotipadas demais. O lobo da primeira fase por exemplo lembra mais um inimigo vindo do desenho do Pica-Pau do que uma criatura assustadora da mitologia grega. Totalmente brochante.

Se você gosta da versão original de Altered Beast jogue esta mais pela curiosidade do remake, mas se você não conhece o jogo original passe longe desta decepção.

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