Monster – No One Can Stop Us!!!

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Os paulistanos do Monster estão de volta. Uma das bandas mais legais e divertidas que surgiram nos palcos brasileiros nos últimos anos (e quem já viu o show deles, sabe exatamente do que eu estou falando). Os caras começaram em 1998, já como um trio, com Paul X nos baixos e vocais, Renato Stone nas guitarras e E. V. Sword na bateria. A primeira demo, Worst Nightmare, foi lançada no final daquele ano e fez tanto sucesso junto à crítica especializada que eles puderam realizar o sonho de gravar o primeiro CD completo. E em 2001, The Nightmare Continues.., foi lançado com uma excelente repercussão e possibilitou aos caras abrirem alguns shows internacionais, como foi o caso do Children of Bodom, em sua primeira passagem por São Paulo. Os principais destaques deste primeiro trabalho eram as letras bem humoradas, o instrumental variado que hora puxava para um Hard Rock estilo Twisted Sister, hora caía para um Metal tradicional como Judas Priest, tudo sempre acompanhado pelos vocais marcantes de Paul X. E agora em 2004, eles voltaram com o segundo lançamento, No One Can Stop Us!!!.

No novo CD, uma coisa se destaca logo de cara: o competente trabalho gráfico, com uma bela trazendo a foto de um soldado na Segunda Guerra Mundial, em meio aos escombros de Berlim, levantando a bandeira com o símbolo da banda. O encarte também é muito bem feito, com todas as letras, explicações sobre as faixas e, lógico, muitas fotos do Monster em ação nos shows e pelas ruas de São Paulo.

Infelizmente, de faixas inéditas mesmo, só temos 4 músicas novas que, se não ganham nenhum prêmio de originalidade, pelo menos trazem, sim, boas novidades ao som da banda. Para começar, fica claro que o Monster deixou um pouco de lado o Hard Rock e aposta todas as fichas em músicas mais pesadas e diretas, com influências que remetem diretamente ao melhor do Heavy Metal nos anos 80, incluindo boas doses do Thrash americano da época.

O CD já começa bem pesado, com a porrada At Last, uma música bem legal que mostra a forte influência do Megadeth (mais especificamente da fase Rust in Peace) no som dos paulistanos. Aliás, essa música funciona muito bem ao vivo e obteve uma excelente resposta do público, quando foi tocada no BMU em Julho, abrindo o show do Monster.

A segunda faixa, A Toast to Your Life, tem uma batida mais cadenciada (sem deixar de ser pesada) e me lembrou de algumas músicas do Metallica da época do Black Album. A letra é uma homenagem da banda ao André Boragina, vocalista da banda Fates Prophecy, que faleceu há alguns anos.

Logo em seguida temos a faixa que dá nome ao CD, No One Can Stop Us!!!, um Metalzão alegre, bem tradicional, com uma daquelas letras bem características da banda, recheadas de bom humor, mas que não chega a empolgar tanto quanto às demais músicas.

A quarta música, Over The Edge é a inédita que traz mais elementos novos. Temos uma composição sombria, bem diferente da linha alegre e divertida que o MonsteR costuma encarnar em cima do palco, além de uma letra bem introspectiva que trata das mudanças na vida e de como você pode, hoje, estar no topo e amanhã no fundo do poço. Belíssimo trabalho de guitarra de Stone e, na minha opinião, a faixa mais legal do CD.

Para as faixas 5 a 12, a banda preparou uma surpresa especial para os nostálgicos de plantão, trata-se do SP Metal Medley, um medley maravilhoso com hinos do Heavy Metal nacional da primeira leva de bandas paulistanas na primeira metade dos anos 80. O Monster regravou trechos (afinal se trata de uma música só) de verdadeiras pérolas como Missão Metálica do Avenger, Salém do Harppia, Anjos da Escuridão do Salário Mínimo, Duas Rodas do Centúrias, Santuário da banda de mesmo nome, Espartaco também do Santuário e Batalha no Setor Antares do Virus, em versões pesadas, mas que honram as originais, a não ser por um pequeno detalhe: todas as músicas foram compostas e gravadas, originalmente em português, mas o MonsteR, já pensando em atingir novos mercados, passou tudo para o inglês, respeitando os temas e estruturas das letras. Algumas músicas sobreviveram ao processo e ainda ganharam uma sobrevida fantástica, como é o caso de Metallic Mission (a Missão Metálica do Avenger) e Angels of Darkness (Anjos da Escuridão do Salário Mínimo), mas em outras versões, é difícil não estranhar essa troca de idiomas, parece que descaracterizou um pouco, como em Salem ou Sanctuary.

De qualquer forma, fica registrada a belíssima homenagem que os caras fizeram aos pioneiros do Metal nacional que muita molecada hoje em dia, infelizmente, não tem mais acesso, ou por falta de conhecimento mesmo, ou porque simplesmente os vinis não existem mais no mercado e as bandas encerraram suas atividades naqueles idos dos anos 80.

Aliás, vale o toque, porque grande parte destas músicas que o MonsteR regravou, estão presentes na coletânea de bandas paulistanas, SP Metal (daí o nome da faixa) e SP Metal II, uma iniciativa louvável da loja (e selo) Baratos Afins, nos anos 80, para ajudar as bandas nacionais e que continua a ser reeditado até hoje, em versão CD. Se você ainda não tem esses dois CDs, vale a pena correr atrás para entender melhor as origens do Heavy Metal brazuca. Acredite, você vai conhecer belas bandas, que não contavam com o apoio da mídia e dos grandes selos naqueles tempos, como se vê hoje em dia, e tinham que ralar muito para gravar um simples single, muitas vezes pagando do próprio bolso o aluguel dos estúdios e a fita master.

Para complementar este segundo lançamento do Monster, a banda ainda incluiu versões ao vivo das duas melhores músicas do primeiro trabalho: If You Can´t Trust Me, uma das campeãs de agitação nos shows pelo seu refrão “fuck you”, e a maravilhosa Monster, que já virou um clássico do Metal nacional e comparece aqui em um momento muito especial e engraçado, em que a banda erra o seu começo e é obrigada a recomeçar, mas sem perder a postura e o bom humor no palco.

Faltaram mais músicas inéditas, é verdade, mas no geral temos um belo trabalho do Monster que está conquistando uma posição de destaque na cena nacional através de seus shows cheios de energia e de bons trabalhos lançados.

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