Meu Passado Me Condena 2

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Coincidências do destino. Eu consegui passar ileso até agora sem assistir à série de TV que originou este filme, e também à sua primeira parte. No entanto, na véspera desta sessão de imprensa, estava passando o original na TV e eu resolvi assistir. Você sabe, a trabalho e tal. Pra me preparar para poder analisar Meu Passado Me Condena 2, que assistiria no dia seguinte. Pois eu logo vi que ia sofrer. E sofrer foi o que fiz, caro amigo.

Para você ter uma ideia, eu faria uma comparação nada blasfema com a via crucis. O primeiro filme foi o caminho até a cruz, com a multidão me humilhando e cuspindo em mim. O segundo foi a crucificação em si, o momento pelo qual eu estava esperando e que temia que chegasse.

Isso tudo porque Meu Passado Me Condena 2 é totalmente baseado no manual das comédias românticas escrito em 1919 por Steve Screenwriter. Tudo que acontece aqui você já viu antes. Tudo. TUDO. Tudo mesmo.

Aqui acompanhamos o casal Fábio e Miá (que levam o mesmo nome dos atores que os interpretam). Eles são casados há três anos e a moça está de saco cheio da imaturidade e da bagunça do rapaz. Ela demonstra isso reclamando basicamente o tempo todo. Ela pede o divórcio. Imediatamente, toca o telefone com más notícias: a “avó” de Fábio morreu. Ele usa isso para convencer a patroa a ir com ele até Portugal, onde vai acontecer o enterro, e assim ganhar mais uns dias para ver se consegue reconquistá-la através da chantagem emocional.

Quando eles chegam a Portugal, logo encontram a ex-namorada de Fábio e o bully do passado, que agora é noivo dela. O casal coadjuvante obviamente vai servir de tentação para separar ainda mais os dois.

Se a sinopse já não traz novidades, o que dizer do longa em si? Basicamente, eles passam o tempo todo brigando. Eles brigam tanto, e são tão incompatíveis em absolutamente tudo, que você acaba torcendo para eles se separarem mesmo. Isso seria um final feliz aqui, o divórcio dos dois.

Ele faz de tudo para reconquistá-la ela, ao mesmo tempo que continua fazendo todas as coisas que a irritam. A mensagem do filme é que casamento é um inferno, mas que é melhor passar uma vida de inferno com alguém que você gosta do que viver num paraíso com outra pessoa.

Ao mesmo tempo, quando ele finalmente decide dar um basta e parar de aguentar a reclamona, ela fica chocada e triste, como se não tivesse ficado todo o filme até aquele momento pedindo para se separar. Não faz sentido, a não ser naquele universo de quem foi criado por comédias românticas baseadas em conflito, que é o que temos aqui.

Se já é difícil recomendar uma comédia romântica, mais difícil ainda é uma baseada unicamente na incompatibilidade do casal. Dei um dragão porque, apesar de clichê, pelo menos não fiquei entediado durante a sessão, e sinto que estou sendo bem generoso. Afinal, se deveria ser uma comédia, e eu não escutei nenhuma risada na sala durante toda a projeção, algo deve ter dado muito errado. Talvez se tivessem saído um pouquinho que fosse das fórmulas do gênero, poderiam ter criado algo clichê, mas simpático. Meu Passado Me Condena 2 lembra muito Separados Pelo Casamento e, como tal, passe longe.

REVER GERAL
Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
meu-passado-me-condena-2País: Brasil<br> Ano: 2015<br> Gênero: Comédia Romântica<br> Roteiro: Steve Screenwriter<br> Elenco: Fábio Porchat, Miá Mello, Antônio Pedro, Mafalda Rodiles e Ricardo Pereira.<br> Diretor: Julia Rezende<br>