Meu Encontro com Drew Barrymore

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Delfonauta, você se lembra do seu primeiro amor? Não me refiro ao primeiro amor “de verdade”, mas àquela primeira quedinha que tivemos por alguém durante a nossa infância. Pode ser por alguém que era da sua escola, um amiguinho(a), alguém que aparecia na TV e por aí vai. Eu me lembro que eu pagava um pau cabuloso para a Angélica na época que ela apresentava aqueles programas onde passava Changeman, Jaspion e tal. Curiosamente, quando eu a vejo na TV hoje, não consigo entender o que via nela quando era criança, já que, embora não a considere feia, a acho um tanto genérica.

Pois é, mas se eu me recuperei dessa quedinha infantil (que deu lugares a outras, é verdade), nem todos conseguem essa façanha. É o caso de Brian Herzlinger, que se apaixonou por Drew Barrymore quando a viu em E.T. e nunca mais se esqueceu da guria. Hoje, aos 27 anos, o carinha está desempregado e sem namorada. Então, como qualquer pessoa normal faria, decide investir o pouco dinheiro que tem em conseguir um encontro com o alvo de sua paixão infantil e transformar isso em um documentário. Ele chama dois amigos, se aproveitam da política de devolução de uma loja que permite que os caras levem uma câmera e devolvam 30 dias depois e mandam ver. Justamente por causa dessa política da loja, eles estabelecem dois desafios: ele teria que conseguir o encontro com a guria em 30 dias e o orçamento seria de 1100 doletas.

Parece divertido, não? E é. Brian é um cara extremamente carismático e não tem como você não torcer para ele. Além disso, é muito fácil se identificar com sua busca, afinal, todos nós já tivemos uma quedinha por alguém aparentemente inalcançável. E, se você for homem, também não vai ter muitas dificuldades para entender os sentimentos de Brian conforme ele vai chegando perto de seu objetivo. Pô, que cara nunca sentiu aquele friozinho na barriga antes de chamar uma mina para sair? Quem nunca teve que lidar com a dor da rejeição? Ou mesmo preferir ficar na eterna dúvida a se arriscar a levar um não e ter o coração partido? Pelo menos aqui entre os delfianos, creio que todos nos encaixamos nisso.

Drew Barrymore também não tem jeito de ser um alvo inalcançável. Embora não seja feia, ela também não é aquele mulherão maravilhoso. Um documentário como este tendo como objetivo uma das outras Panteras provavelmente teria um clima completamente diferente, já que, dentre essas três, Drew é sem dúvida a mais simpática e a que parece que gostaria mais de participar de um negócio assim.

O principal problema é que realmente eu não sinto que esse é um documentário honesto. Os caras parecem conhecer bastante gente no meio cinematográfico e o release confirma isso. A produtora deste filme, Kerry David, por exemplo, produziu Missão Impossível 2 e De Olhos Bem Fechados. Convenhamos, a mina produziu um trabalho do Stanley Kubrick. Não acho que ela teria grande dificuldade em chegar à Drew Barrymore. A imagem e som também estão relativamente boas, principalmente se você pensar que se trata de um filme feito com 1100 dólares (será mesmo?).

Mas o pior é que tudo segue uma fórmula de roteiro Hollywoodiano tão óbvia, que praticamente entrega que se trata de uma farsa. Ora, vejamos: o grupo vai encontrando dificuldades. Em determinado momento, parece que tudo foi em vão e eles chegam à beira da desistência. Mas então, milagrosamente, uma nova esperança surge e tchananan, temos um filme pronto.

Conveniente demais, não concorda? Pois é. Agora se admitirmos que realmente as coisas seguiram como um clichê hollywoodiano ou simplesmente não nos importarmos com isso, este é um longa extremamente recomendável. É divertido, engraçado e bonitinho. Podem dizer por aí que não é um tema suficientemente interessante para um documentário, mas eu diria que ele faz, e muito bem, o que toda forma de arte deveria fazer: divertir.

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
meu-encontro-com-drew-barrymorePaís: EUA<br> Ano: 2004<br> Gênero: Documentário<br> Distribuidor: Europa<br>