Por mais que o cinema nacional esteja se diversificando nos últimos anos, seja em temas abordados, seja em gêneros, o campo da animação ainda é muito pouco explorado. São poucos os profissionais que se aventuram nesse ramo e menos ainda os que conseguem colocar algo em nossas telas. Lino é um destes bravos exemplares.

O Lino do título (Selton Mello) é um sujeito extremamente azarado que trabalha como animador de festas infantis trajando uma fantasia de gato. Um dia ele sofre a gota d’água e decide que precisa dar um jeito na vida. Para isso ele contata um mago, e o cara indica um feitiço que pode deixá-lo com uma vida melhor.

Só que alguma coisa dá errado e Lino acaba transformado justamente num gato gigante, igual à fantasia que sempre usa nas festinhas de criança. E claro que ele vai se meter em altas confusões na jornada para encontrar um jeito de reverter o feitiço e voltar a ser humano.

Tecnicamente o longa é muito bom. Se o design geral de personagens e cenários não é exatamente um primor de originalidade, a técnica de animação é muito bem feita. Não deixa nada a dever em qualidade a muitas animações estadunidenses que chegam aqui. E definitivamente é muito superior a muita tranqueira que também costuma vir de fora e tomar nossas salas. Franquia O Reino Gelado, estou falando com você!

O filme mira numa criançada mais nova, e acredito que este público-alvo tem tudo para gostar do desenho. É colorido, movimentado e bonitinho, e já vem, obviamente, dublado em português!

Delfos, Lino, Cartaz

Faltou dar mais uma lapidada no roteiro, seja em algumas falas, seja em piadas mesmo. A dupla de policiais assistentes, por exemplo, só usa piadas infames e bobinhas, que não devem fazer sorrir nem a criancinha mais inocente. Mas no geral, a maior parte da película consegue divertir a contento.

Outra coisa que me chamou atenção foram certas escolhas de design “americanizadas”. Tipo os uniformes e viaturas da polícia, ou mesmo quando eles encontram índios, são todos ao estilo estadunidense. Enquanto isso, coisas como placas de sinalização e outros elementos são mais brasileiros.

Imagino que essa escolha estética seja para possibilitar levar o filme para um mercado internacional, e se foi por isso mesmo, é perfeitamente compreensível. Contudo, seria mais legal se tudo isso fosse abrasileirado, o que daria um charme a mais para o filme e o tornaria mais marcante justamente para nós, brasileiros, tão desacostumados a ver coisas nossas em animação.

Seja como for, Lino ainda assim é bem divertidinho e leve. Não é uma excepcional animação em termos de história e condução narrativa, mas visualmente é caprichado e tem tudo para entreter os pequenos.