Juno

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É impressão minha ou aborto está na moda? Pô, esse é o segundo filme relacionado ao tema a que assisto este mês (no caso, janeiro). Claro, este não tem no aborto o tema principal. É mais relacionado à gravidez adolescente. E, como em qualquer gravidez adolescente inesperada, o aborto é sempre contemplado como uma opção.

A sinopse, aliás, é exatamente essa. A ninfeta Ellen Page (que eu não vou usar para nenhuma mistura lascivo-gastronômica ou qualquer outra piada sexista, já que tenho muito medo dela) engravidou do amigo do McLovin’ (Michael Cera). Depois de considerar o aborto, ela decide doar o filhote para um casal que não consegue engravidar (Jeniffer Garner e Jason Bateman). A partir daí, a “graça” é ver como ela lida com isso e como essa decisão vai afetar sua vida.

Curiosamente, para um longa que trata de um tema tão cabeçudo, Juno é até bem light e bonitinho. Não light e bonitinho como uma comédia romântica, mas definitivamente não é um filme deprê, grosseiro ou qualquer outro adjetivo que poderia se encaixar caso a história não fosse conduzida de forma primorosa pelo diretor Jason Reitman (do tremendão Obrigado Por Fumar).

Não posso deixar de falar do elenco, bem conhecido dos filmes de heróis. Afinal, temos aqui a Kitty Pride, a Elektra e o J. J. J.. O elo mais fraco é Jason Bateman, que entrou para o seleto grupo do “evite a todo custo” desde que esteve em dois dos piores filmes que já vi: O Ex-Namorado da Minha Mulher e Licença Para Casar. É até estranho que um filme bom tenha decidido contratá-lo.

Curiosamente, algumas das melhores cenas do longa são justamente entre ele e a ninfeta grávida, onde eles discutem algumas coisas da cultura Pop, como o melhor diretor de filmes gore ou mesmo qual foi a melhor época para o Rock (agora, convenhamos, quem, em sã consciência, diria que isso aconteceu em 1993? Isso é um absurdo – embora acredite que o Cyrino discorde da minha opinião).

E por falar em opinião, agora reparei que essa resenha está muito carente justamente disso. Pois então vamos ao que interessa. Juno é ótimo. A história e os personagens são muito bem desenvolvidos e é muito fácil se identificar com cada um deles, principalmente se você já passou pelo problema em questão ou se já levou algum susto do tipo. O filme passa, mas fica a inveja dos protagonistas, que vivem em um país onde o governo não fica proibindo coisas que estão fora de sua jurisidição. A facilidade com que a garota teria feito o aborto se quisesse, sem dúvida denota um país mais evoluído que o nosso. Apesar de o governo deles extravasar os limites racionais na política externa, pelo menos respeita o espaço privado dos seus próprios cidadãos. Exatamente o contrário do que vemos por aqui.