Julian Casablancas + The Voidz – Tyranny

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Julian Casablancas está passando por um momento deveras complicado. Os últimos discos dos Strokes foram decepcionantes e seu primeiro álbum solo, Phrazes for the Young, de 2009, até tinha umas duas músicas legais, mas o resto era apenas um Synthpop sem-vergonha chupado dos anos 1980 que não impressionou ninguém.

Para sua segunda tentativa fora de sua banda principal, resolveu montar um novo grupo para dividir o fardo da nova empreitada, o The Voidz. E o negócio já começou com o pé esquerdo antes mesmo de gravarem Tyranny, seu disco de estreia. Já em seus primeiros shows para mostrar o repertório que formaria o álbum, o grupo foi achincalhado por fãs e críticas.

Ninguém parece ter gostado da nova sonoridade, considerando as apresentações desleixadas e a música simplesmente ruim, beirando o insuportável. Fato é que o disco finalmente saiu e confirmou grande parte dessas opiniões. Este novo projeto é um desastre de proporções colossais.

Misturando um Rock sujo, beirando o amadorístico, batidas Industriais e um tanto de Eletrônica, a mistura é para lá de indigesta e resulta numa maçaroca mal tocada e praticamente inaudível. Muito ruído, quase nada de melodia. Para completar a desgraça, na esmagadora maioria das faixas, Julian Casablancas ainda soterra seus vocais debaixo de efeitos ainda mais fortes que os que costuma usar nos Strokes.

Você já teve uns amigos que tinham acabado de montar uma banda e foi assistir a um ensaio? Aí se deparou com os caras cheios de empolgação, achando que estavam abafando, mas cada um parecia estar tocando uma música diferente e alguns só estavam fazendo barulhinhos aleatórios? Ouvir esse disco remonta basicamente a essa experiência. Bom, pelo menos você não precisa mentir ao final, dizendo que gostou e que eles têm potencial…

Quando pega mais pesado, como nas esporrentas M.utually A.ssured D.estruction, Where No Eagles Fly (essa com alguns ecos de Pós-Punk) e Business Dog até que funciona. Até por isso, são os melhores momentos do álbum e poderia ser um bom caminho a seguir pelo disco inteiro, mas não é isso que acontece.

Eles tentam variar, criando músicas mais climáticas, o que não deixa de ser uma tentativa louvável, mas acaba por resultar em canções chatas pra caramba. Xerox, Dare I Care e Off to War… são bons exemplos disso. Outras que pendem mais para o Industrial, como Father Electricity e Johan Von Bronx são uma bagunça sem pé nem cabeça. Com uma produção mais bem cuidada, até poderiam ter um resultado mais interessante, ao invés da pura barulheira.

E quando alguém compõe uma música chamada Nintendo Blood, ela já nasce com a obrigação de ser tremendona e não a chatice de batidas eletrônicas que acabou sendo. Um verdadeiro crime contra um título tão bom. E o que dizer de Human Sadness com seus intermináveis onze minutos? Novamente temos um caso de boas ideias que acabaram se perdendo totalmente por conta do exagero. Ouvir essa epopeia é tarefa inglória. Confira por si mesmo. E já aviso que o delfonauta que clicar no vídeo abaixo e conseguir chegar até o final ganhará todo o meu respeito.

Tyranny mostra um Julian Casablancas mais perdido que cego em tiroteio quanto ao seu direcionamento musical e nem a formação do The Voidz ajudou a centrá-lo. Poderia até ter saído coisa boa daí se tivessem organizado mais os conceitos e investido numa boa produção. Mas ao abraçar o exagero e a tosquice, se saíram com um álbum completamente equivocado, uma tranqueira insuportável.

Sei que sempre tem alguém que vai acabar gostando, mas realmente não consigo imaginar para quem recomendar esta bomba. Então fuja dela, é o melhor conselho que posso dar. Pois esse disco só serve mesmo para provar que o inferno astral de Julian Casablancas continua e, baseado no que apresentou aqui, parece que não vai sair dele tão cedo.