Irma Vap – O Retorno

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Não deixe de ler também nossa cobertura da coletiva com a equipe do filme.

A peça O Mistério de Irma Vap, escrita por Charles Ludlam, foi um grande sucesso em sua encenação brasileira, ficando nada menos que 11 anos em cartaz. Portanto, transportá-la para o cinema parece uma boa idéia, já que é praticamente uma garantia de sucesso de publico, certo? Se depender unicamente da qualidade do filme, a resposta é não.

Devo dizer que tenho um grande trauma de teatro e não entro em um há anos. Portanto, não conhecia a peça. Mas, quando li a sinopse do filme, fiquei bem animado. A história parecia muito boa, tinha todo o jeito de se tornar uma das melhores comédias cinematográficas nacionais. Pois é, me decepcionei feio.

O que chamou minha atenção na sinopse foi o fato de não se tratar de uma mera transposição de uma mídia para a outra. Irma Vap – O Retorno é, na verdade, uma grande brincadeira de metalinguagem. A história é a seguinte: após produzir uma peça que é um fracasso de público, um dos produtores bate as botas. O filho do presunto convence o parceiro do finado (Marcos Caruso) a fazer uma nova montagem de O Mistério de Irma Vap, pois o sucesso será garantido. Eles contratam dois jovens atores (Thiago Fragoso e Fernando Caruso – nenhuma relação com Marcos) para substituírem a dupla original, Darci Lopes (Ney Latorraca), que aceita dirigir a nova empreitada, e Tony Albuquerque (Marco Nanini), que ficou paralítico num acidente mal explicado e vive sob os cuidados da irmã excêntrica, Cleide (de novo, Marco Nanini).

Nesse meio tempo, Cleide se apaixona pelo personagem de Thiago Fragoso, Tony descobre que a irmã está lhe sacaneando e Darci tenta organizar os ensaios em meio a toda essa balbúrdia. Em suma, temos uma história nova e a peça dentro do filme, da qual acompanhamos os ensaios.

A película tem todos os elementos para dar certo. Possui ritmo, boa direção, bons atores dedicados a seus papéis (e há várias pontas de outros globais logo no início) e, convenhamos, ver Marco Nanini e Ney Latorraca (ele também interpreta a mãe de Darci) vestidos de mulher (e algumas vezes contracenando consigo mesmos), já seria meio caminho andado para as risadas.

No entanto, este é o único elemento que falta ao filme. Ele não tem a menor graça. Não arranca uma risada sequer. No máximo, um sorrisinho de canto de boca e olhe lá. O que, para uma comédia, é a pior coisa que poderia acontecer.

Realmente é uma pena um filme tão bom tecnicamente cometer o único pecado de ter um humor tão fraco (digno de um Zorra Total), afinal não é a técnica que leva o espectador ao cinema e nem deve ser, já que acredito que um filme visualmente pobre, mas com uma trama empolgante (como exemplo cito O Balconista) é muito melhor que uma película primorosa tecnicamente, mas que não consegue provocar outra reação em seu público além de bocejos (um exemplo desta categoria: Três Vidas e um Destino).

Bom, embora ache que o tipo de humor (ou falta dele) do filme não deva ser o mesmo da peça, afinal nada se sustentaria por 11 anos com esse tipo de piadas, os fãs do original talvez devam arriscar uma sessão de Irma Vap – O Retorno para tirar a prova. A todos os outros, recomendo passar longe.

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Nota
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Alfredo De la Mancha
Alfredo é um dragão nerd que sonha em mostrar para todos que dragões vermelhos também podem ser gente boa. Tentou entrar no DELFOS como colunista, mas quando tinha um de seus textos rejeitados, soltava fogo no escritório inteiro, causando grandes prejuízos. Resolveu, então, aproveitar sua aparência fofinha para se tornar o mascote oficial do site.
irma-vap-o-retornoPaís: Brasil<br> Ano: 2005<br> Gênero: Comédia<br> Duração: Aproximadamente 80 minutos<br> Roteiro: Carla Camurati, Adriana Falcão e Melanie Dimantas<br> Artista: Livre<br> Diretor: Carla Camurati<br> Distribuidor: Downtown Filmes<br>