Musou é uma subdivisão do gênero hack and slash que acho bem curiosa. Videogames sempre tiveram um pezinho na “fantasia de força” (embora isso não seja mais tão usado atualmente). Porém, não acho que nenhum outro gênero levou isso tão ao extremo como os musous. Ora, veja só essa imagem de Samurai Warriors 5.

Samurai Warriors 5, Samurai Warriors, Koei Tecmo, Omega Force, Delfos
Uma espadada faz miséria com dezenas de guerreiros.

Eu já joguei vários exemplares do gênero – inclusive analisei Dynasty Warriors 9 – e sempre quando inicio uma campanha em um desses jogos, eu gargalho quando começo a dar golpes. Os musous da Omega Force são o equivalente humano a games como Maneater. E são igualmente absurdos.

Porém, eles são também sempre iguais. Até mesmo Dynasty Warriors 9, que levou o gênero ao mundo aberto, é muito semelhante aos outros. Eu sinceramente não sei se tem outras desenvolvedoras além da Omega Force criando musous, mas é incrível como essa turma só faz isso. Chega ao ponto de outras empresas contratarem eles para levar suas franquias ao gênero – lembra de Hyrule Warriors?

SAMURAI WARRIORS 5

Samurai Warriors 5, embora tenha a intenção de ser um reboot, é bem típico do gênero. Em cada capítulo, você escolhe um entre 37 personagens (que são liberados aos poucos) e é colocado em um mapa com milhares de inimigos. Alguns dos inimigos têm nomes, e só estes fazem alguma diferença. Os outros estão lá só para darem a sensação de poder, já que eles mal te atacam.

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Tem tanto inimigo que um combo de mais de 600 golpes é considerado baixo por aqui.

Ao longo de cada fase, você vai recebendo objetivos. Estes são bem básicos, como “derrote fulaninho de tal” ou “chegue ao ponto X”. Eventualmente, o objetivo pode ser “derrote 100 inimigos”, e só nesses casos você deve investir seu tempo fazendo miséria com os genéricos.

A história envolve personagens que já apareceram mais em videogames do que o Super Mario. Afinal, todo mundo que já pegou um controle na mão conhece nomes como Nobunaga OdaTokugawa Ieyasu. Ao longo da campanha de Samurai Warriors, estes e muitos outros personagens históricos japoneses serão seus aliados, inimigos, ou um meio termo entre os dois. A coisa é bem confusa, e vai do Tokugawa chamando Nobunaga de irmão para lutar contra ele algumas fases depois. Samurai Warriors 5, portanto, parece a política brasileira. E, no final das contas, dificilmente você vai se importar com a história, e vai apenas correr de um objetivo para o outro, assim como qualquer brasileiro.

COMPLEXIDADE

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Apesar de ser bem simples de jogar, e bem tranquilo – ocasionalmente eu segurava o controle com uma mão só enquanto martelava o botão de ataque – há alguma complexidade para aqueles que desejarem. Há uma infinidade de armas, e a possibilidade de colocar nelas joias com efeitos específicos, como danos elementais.

Cada personagem tem um tipo de arma preferido, então a melhor estratégia é equipar as naginatas em quem gosta de naginatas, e lanças em quem gosta de lanças.

Cada personagem também tem uma skill tree independente, e níveis de maestria com cada arma. Skill points e XP de armas são divididos entre todos os personagens. Então você pode usar seus skill points para melhorar o ataque do Nobunaga Oda, mas daí vai ficar sem para melhorar a defesa do Tokugawa Ieyasu.

DEFESA DE BASE

Talvez o principal diferencial desse jogo seja que ele quer que você alterne sua campanha entre dois modos de jogo. Musou é o modo história, necessário para desbloquear personagens, armas e skill points. Nele, você e seu exército costumam avançar. E daí tem o modo Citadel. Este são fases de combate que envolvem impedir que o exército inimigo tome sua base. O gameplay é basicamente o mesmo, mas ao invés de você se movimentar pelo mapa, deve proteger um ponto até vencer o chefe ou o tempo acabar.

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Avançar no modo Musou desbloqueia novas fases no modo Citadel. Avançar no Citadel te dá dinheiro e recursos que permitem melhorar a sua base, e com isso poder fazer mais upgrades nos personagens.

Apesar de serem dois modos independentes, a ideia é você investir seu tempo jogando um pouquinho em cada um, e assim melhorando cada vez mais sua base e seus lutadores.

Samurai Warriors 5, como é tradição nesses jogos, tem conteúdo pra caramba. Tem uma pá de capítulos, contando a história de vários personagens históricos. Porém, se o gameplay funciona para uma ou duas horas de diversão, ele acaba cansando. É simplesmente repetitivo demais, e não há nenhuma criatividade no level design. O que você faz no tutorial é o mesmo que fará quanto estiver com 30 horas de jogo.

SAMURAI WARRIORS 5 NO SWITCH

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It’s raining men!

Samurai Warriors 5 está disponível para PS4, Xbox One, Windows e Switch. Eu tive acesso à versão de Switch e, embora o jogo não seja nenhum esplendor gráfico, ele claramente é demais para o consolinho da Nintendo. É muito comum você estar em um campo totalmente vazio e, de repente, 100 inimigos aparecerem do nada bem na sua frente. Isso sem falar quedas constantes de framerate. Suponho que o jogo rode melhor nos consoles de gente grande, mas eles não têm o benefício da portabilidade. E esse é um benefício considerável para um jogo como esse, em que partidas curtas aumentam a diversão, enquanto jogadas prolongadas enjoam.

Inclusive, apesar de o tempo todo ter algumas centenas de inimigos na tela, me chamou atenção quando comparei as imagens que você vê nesta matéria com as que usei na minha resenha de Dynasty Warriors 9. Não sei se é questão do jogo ou do console em que o rodei, mas Dynasty Warriors 9 tem muito mais gente na tela a qualquer momento.

EU GOSTO DE FALAR IEYASU. IEYASU.

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Se você já jogou qualquer musou antes, sabe exatamente o que vai encontrar aqui. Para mim, esses são games que divertem por alguns minutos, mas logo me dão vontade de jogar literalmente qualquer outra coisa. No caso de Samurai Warriors 5, eu sinceramente fiquei a fim de curtir algo com a mesma temática, mas mais sustância, como um Nioh ou até um Samurai Shodown. Dificilmente vou ter paciência para ir até o final da campanha de um desses, mas por alguns minutos, eles me divertem.