Hyrule Warriors: Age of Calamity é o lançamento “arrasa quarteirões” da Nintendo deste final de ano. Você não acha isso, no mínimo, estranho?
No mês de troca de geração da Sony e Microsoft, o novo Hyrule Warriors chega para preencher o vazio da continuação de Breath of the Wild. O game também ocupa um lugar de destaque frente às outras grandes franquias da Big N. Pô, este é o ano do Mario!
Não sabemos o quanto a pandemia afetou o calendário da Nintendo. De qualquer forma, isso é algo digno de nota e vale alguns comentários.
Por toda esta importância curiosa, ao invés de um review, o Delfos fará um especial de textos sobre Hyrule Warriors: Age of Calamity. Será uma daquelas sequências insanas em que maratonamos um jogo, com atualizações frequentes sobre a experiência, quase semanais.
Aviso importante: esta parte 1 é sobre a experiência com a versão demo. Se houver diferenças na versão final, elas serão comentadas nos próximos textos. Portanto, considere a experiência a seguir exclusivamente sobre a demo.
Então, bora lá, para a parte 1 do especial?
Hyrule Warriors: Age of Calamity – parte 1: Interlúdio sobre The Legend of Zelda
Tem tanta, mas tanta coisa interessante que desejo falar sobre Age of Calamity. Por isso, peço licença para iniciar com um pequeno interlúdio. Calma, vai fazer sentido em breve.
Hoje em dia, há algo não muito comentado sobre The Legend of Zelda. A IP sempre foi sucesso de crítica e conceituada pelo público. Porém, apesar da qualidade e do prestígio, ela nunca teve o volume de vendas do Mario, ou até de outras franquias menos reconhecidas.
Zelda era muito conhecida e popular, mas o alcance dela em si era pequeno, quando comparado aos blockbusters da Nintendo. Muita gente conhece Zelda, mas os games não foram tão jogados quanto outras franquias igualmente famosas.
Talvez por isso, a Nintendo sempre prezou por tremenda qualidade nesses jogos, com enorme tempo de desenvolvimento e cautela (até demais) nas mudanças feitas de um para outro.
Bem, com o anúncio de Hyrule Warriors, de dezembro de 2013, a Nintendo quebrou um padrão. Do nada, a Big N havia delegado a criação de um spin-off de The Legend of Zelda. Mais do que isso, ela pediu à Koei Tecmo um crossover com o estilo Musou da franquia Dynasty Warriors.
“Ué, como assim? O altíssimo nível da série The Legend of Zelda irá se misturar a Warriors, aquela franquia menor que tem dezenas de jogos e spin-off?”
Esta foi uma das reações iniciais dos fãs. Mas havia também um misto de empolgação e deslumbramento. Era algo diferente para franquia. No fim, Hyrule Warriors tinha seus problemas, mas o sucesso do jogo é indisputável. Original do Wii U, de setembro de 2014, ele foi relançado para 3DS e Switch. A Koei Tecmo surpreendeu Eiji Aonuma* e os fãs, pois o jogo é uma verdadeira carta de amor à franquia.
Agora, Hyrule Warriors: Age of Calamity chega como a prequência de The Legend of Zelda: Breath of the Wild. Esse último, o jogo que fez Zelda passar da casa dos 14 milhões de cópias vendidas. Pelos trailers, Age of Calamity parece ser parte canônica do IP. É a primeira vez que algo assim acontece na história de The Legend of Zelda.
Hyrule Warriors: Age of Calamity – parte 1: Primeiras impressões
A primeira fase do jogo, presente nesta versão demo, ocorre nos arredores do castelo de Hyrule (onde em BOTW é chamada de “Central Hyrule”). Você começa no controle de Link, o protagonista de Zelda. Aqui, ele é um guerreiro que ainda não se provou.
Ao começar a jogar, as similaridades com o Hyrule Warriors original são claras. Os comandos, no geral, são os mesmos. Para fazer combos, você utiliza sequências dos botões Y (golpe fraco) e X (forte).
Outra característica dos jogos Warriors que retorna são os (divertidos) gritos e comentários dos personagens durante a batalha. Eles indicam o que está acontecendo e para onde você deve ir mapa.
De imediato, notei três principais diferenças no gameplay. A primeira é uma integração ainda maior com as habilidades dos jogos Zelda, aqui especificamente com BOTW. No anterior, você já podia usar itens da série, mas a Koei Tecmo adaptou todos os usos da Sheikah Slate ao combate (bombas, poder magnético, formar gelo e parar o tempo). Até agora, os personagens que joguei (Impa, Zelda e Link) podem usá-la e cada um provoca efeitos diferentes com os poderes.
A segunda mudança são os combos aéreos e os wall-jumps. Em Hyrule Warriors, já existia alguns golpes assim, mas eles eram exclusivos a combos de alguns personagens. Aqui, há várias opções para deixar os heróis no ar e martelar botões para dar porrada!
E a terceira mudança, que deve ter feito este jogo bem superior e até próximo de um Pikmin, é que você pode dar ordens para seus personagens se movimentarem pelo mapa. Isso mesmo! Inclusive, você pode alternar personagens em cada fase, mesmo se estiver jogando co-op. Enquanto um se desloca para uma região a seu comando, você controla outro no combate e por aí vai.
Hyrule Warriors: Age of Calamity – parte 1: Aspectos Técnicos
No campo negativo, uma coisa notável na versão demo é a performance. Não interessa se você sabe o que é framerate, ou se não liga para resoluções altas. Você vai notar uma queda brusca de qualidade no jogo.
Assim como o Hyrule Warriors anterior, Age of Calamity usa o máximo do potencial do console e acaba sofrendo consequências por isso. Na demo, notei com frequência queda de qualidade na imagem, sumiço repentino e reaparecimento de inimigos na tela, além das já faladas quedas de frame. Isso fica pior quando jogado com um amigo em co-op na sala, mas vou comentar mais sobre a experiência multiplayer nos próximos textos.
Ah, uma outra coisa: não espere pelo mesmo nível de qualidade visual de BOTW. Age of Calamity foi desenvolvido em uma engine própria e, apesar da direção de arte e dos modelos de personagens serem praticamente iguais, a iluminação, efeitos, etc., não são os mesmos do melhor jogo de 2017.
Felizmente, apesar da discrepância audiovisual em comparação a outros jogos principais do Switch, não senti que esses problemas afetaram o gameplay. É só uma pena que um jogo que parece ser tão legal sofra por conta disso.
Hyrule Warriors: Age of Calamity – parte 1: Ué, mas é canônico ou é retcon?
A história começa com um evento extremamente curioso, que não vou comentar aqui por motivos de spoilers. O que posso dizer é que esse evento traz grandes chances de este jogo ser um retcon, mas talvez não canônico. Pela minha memória de BOTW, muita coisa não se encaixa nele.
Aliás, ainda no campo de “não fazer sentido”, o início de Age of Calamity tem um momento muito anticlimático. Quando aparece o primeiro Guardian no jogo, os piores inimigos de BOTW, rola uma linda cutscene que mostra o Link “parreando” o laser do inimigo.
Ao ver isso, eu gritei um “yes!” e fui tentar rebater o raio na cara do Guardian. Bem, eu não tenho certeza se isso é de fato possível, porque não consegui fazer. O pior é que o jogo mandou eu fugir do robô e, no final, descobri que a fase é toda roteirizada. Só ao final você dá cabo do Guardian, com o uso de torretas pela fase. Argh.
Por enquanto, muitas dúvidas, mas…
Hyrule Warriors: Age of Calamity – parte 1: Um bom começo
A impressão inicial da demo é positiva. Vamos falar mais disso em breve, porque tem outras mecânicas e novidades que não mencionei. Como disse acima, Age of Calamity tem muita coisa para ser comentada. Portanto, fique ligado, em breve teremos o próximo capítulo desta saga de artigos. Até lá!