Guerras Secretas

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Poucas séries na cronologia Marvel foram tão importantes como esta Guerras Secretas. Uma imensa estória em 12 partes, envolvendo os principais heróis e vilões do universo Marvel. A lista de convocados para a guerra envolve medalhões do porte de Homem-Aranha, X-Men e Hulk do lado dos heróis e Doutor Destino, Lagarto, Ultron e Galactus do lado dos vilões, tornando esta uma aventura essencial para qualquer pessoa que goste de quadrinhos.

A premissa é simples: uma entidade cósmica chamada Beyonder cria um planeta e transporta para lá os seres mais poderosos da Terra, dividindo-os em dois grupos. Sem mais delongas, Beyonder diz: “Destruam seus inimigos e todos os seus sonhos serão realizados! Nenhum de seus desejos me é impossível de realizar!” Pronto. A confusão está armada e brigas começam a surgir dos dois lados.

Do lado heróico, o motivo para a discussão é a presença de Magneto, o arquiinimigo dos X-Men, que não é bem recebido para lutar do lado de Capitão América e companhia, por mais que Charles Xavier, o principal antagonista do mestre do magnetismo, defenda sua presença no grupo. Do lado do mal, a disputa pelo poder e pela liderança do grupo é o estopim de suas discussões.

Diferenças resolvidas, é hora da porrada. Claro, com tantos personagens, o roteirista Jim Shooter tinha que centralizar a estória em alguém. Infelizmente, os escolhidos, do lado dos heróis foram Reed Richards e Capitão América, deixando de lado heróis mais carismáticos e populares, como os X-men e o Homem-Aranha, sendo que este último deve pronunciar menos de dez frases nas centenas de páginas da série. Por outro lado, a vilania é bem mais divertida, tendo seu argumento centralizado em Doutor Destino e Galactus, dois dos vilões mais legais da Marvel.

Esta série é famosa, principalmente pelas repercussões que teve na cronologia. A mais afetada delas foi, sem dúvida, a do Homem-Aranha, que encontrou o seu famoso uniforme negro no planeta criado por Beyonder. Empolgado com uma roupa nova que não rasgava, que podia mudar de visual e que, principalmente, produzia sua própria teia, o Homem-Aranha traz este uniforme de volta à Terra e continua a usá-lo em suas aventuras, mesmo após o fim da guerra de Beyonder. Depois de algum tempo com o novo uniforme, o Aranha descobre que o uniforme negro era, na verdade, um simbionte, um organismo vivo que estava tentando dominá-lo. Depois de muitas aventuras, reviravoltas e enrolações como só a Marvel sabe fazer, este uniforme acabaria dando origem ao um dos mais poderosos e perigosos inimigos do Homem-Aranha e o que eu mais gostaria ver em um filme do herói: Venom. Acho que depois dessa, Peter Parker teria preferido permanecer com seu uniforme rasgado.

Voltando, Guerras Secretas é uma aventura que merece ser lida por fãs de quadrinhos no geral, não tanto pela sua estória, que não é nada além de razoável e tem um final decepcionante, mas pela importância que ela viria a ter no futuro da cronologia, permanecendo, até hoje, como uma das mais importantes da Marvel.

Publicada nos EUA em 1984/1985, Guerras Secretas chegou ao nosso ensolarado país pela Abril Jovem em duas ocasiões: a primeira, em 1986 e a segunda e última (até o momento) entre dezembro de 1994 e abril de 1995 na extinta revista A Teia do Aranha números 62 a 66.

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