God Bless Ozzy Osbourne

0

Depois do sucesso comercial do livro Eu Sou Ozzy, era natural que mais cedo ou mais tarde surgisse um documentário disposto a faturar mais alguns trocados sobre a vida de um dos mais polêmicos rockstars da história.

Produzido também pelo filho Jack Osbourne e com supervisão da mamãe, Sharon, a Yoko Ono do Metal, God Bless Ozzy chega pouco mais de dois anos após o lançamento do livro, visando complementar os “causos” contados naquela ocasião, mas com o mesmo objetivo de contar a história de Ozzy sem pudores ou censura.

Ao contrário do livro, aqui não temos apenas Ozzy fazendo um monólogo sobre sua vida. Toda a família Osbourne (inclusive a bela Aimee, que se recusou a participar do seriado The Osbournes) e diversos artistas consagrados também dão seus depoimentos e histórias sobre o polêmico vocalista.

A grande e óbvia vantagem do documentário sobre o livro, além dos depoimentos mencionados acima, foi a possibilidade de diversas inserções em vídeo ou imagens que contextualizem o espectador na história que Ozzy ou alguém de sua família está contando. Assim, em determinado momento, o Madman dispara que odiava os videoclipes que gravou nos anos 80, enquanto somos presenteados com trechos bem selecionados de Bark At The Moon ou The Ultimate Sin e concordamos que eram tosqueiras sem o menor sentido.

Em outro momento, Sharon menciona sobre o carinho que Ozzy tinha por Randy Rhoads e vemos vídeos antigos dos dois conversando, se abraçando e tudo mais. Isso tudo complementa o tipo de experiência que tivemos ao ler o livro e realmente lamentar a morte absurda do talentoso guitarrista.

Infelizmente, e ao contrário do que fora anunciado, não vi nenhum vídeo inédito ou que você não consiga encontrar em um Youtube da vida, com exceção de trechos de shows recentes, mas há de se reconhecer que foi feito um bom trabalho de pesquisa e seleção de filmes e imagens de cada época.

MUITA INFORMAÇÃO PARA POUCO TEMPO

Por outro lado, pelo documentário ser relativamente curto (95 minutos), muitas das boas histórias que lemos no livro acabaram de fora ou são contadas bem rapidamente, e esse é o grande ponto negativo que tirou um Alfredo inteiro da nota.

A duração do documentário realmente incomoda: a parte do vocalista à frente do Black Sabbath, por exemplo, passa voando e não dá para sentir o impacto que aquela nova música causou nos anos 70. Ao contrário do livro, no qual histórias contam como a banda virou alvo de bruxos e satanistas e como eles – no fundo – se divertiam com tudo isso sem perceber a quantidade absurda de pessoas que estavam influenciando.

Outra parte não tão explorada é a polêmica sobre o seriado da MTV, The Osbournes. Lendo o livro fica claro que esta foi a pior fase da vida de Ozzy, onde ele realmente esteve no fundo do poço e próximo da morte por conta do alcoolismo misturado a uma depressão profunda. No documentário, o nível de urgência da coisa não fica assim tão claro. Só temos um bom depoimento de Jack onde ele conta que muito material gravado na época ficou de fora do seriado porque seria simplesmente impossível de ir ao ar.

Mas todos os pontos principais do livro estão aqui: a infância difícil, a juventude rebelde, a criação do Black Sabbath e sua música sombria (e por tabela, de todo um gênero musical), os vícios, morcegos e pombas, as internações, o péssimo pai e marido até o período atual de sobriedade.

Por falar no “período atual”, fica clara a intenção dos produtores em terminar o documentário com uma mensagem positiva, mas soa bastante artificial a imagem que passam da vida recente de Ozzy e sua conquista da sobriedade após quase 50 anos de vício em qualquer coisa que você possa imaginar. Sem querer ser chato, mas é bom sempre ficar com um pé atrás em se tratando do protagonista.

Enfim, se você tiver que optar entre o livro ou o documentário, fique com o primeiro por ser mais completo e informativo, mas o documentário também cumpre a sua parte em desmistificar a polêmica história de Ozzy Osbourne. Vale uma tarde de chuva!