Black Label Society – Catacombs of the Black Vatican

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Eu estava bastante ansioso para o novo álbum do Black Label Society quando este foi anunciado. Com o forte nome de Catacombs of the Black Vatican, eu esperava um disco tão ou mais pesado que seus antecessores, seguindo a linha do “heavy metal com sotaque sulista” de seus álbuns mais recentes.

É verdade que os primeiros álbuns da banda eram muito mais próximos de um Southern Rock com fortes influências do Black Sabbath, porém desde o lançamento do disco 1919 Eternal, a banda entrou em franca transformação. O Southern Rock de antes deu lugar a um Heavy Metal rápido e direto, gerando trabalhos bastante promissores – como o próprio 1919 Eternal e também o disco The Blessed Hellride – e cujo ápice se deu no disco anterior, Order of the Black – o trabalho mais pesado e consistente da banda.

Logo, era de se esperar que esse disco seguisse essa mesma linha, o que, aliado ao ótimo trabalho que foi o Order of the Black, apenas aumentou mais as minhas expectativas. E foi aí que eles lançaram o primeiro single.

Sabe quando você tem a sensação de que tem algo faltando? A música não é ruim – é até bem equilibrada e não tem tanta guitarra quanto as músicas da banda costumam ter – mas parecia extremamente deslocada. Ainda assim, preferi manter as esperanças de que era apenas uma balada qualquer e que o disco seria tão pesado quanto o seu antecessor. Porém, devo dizer que não é.

Este é um disco bastante diferente dos trabalhos mais recentes do Black Label Society. Sai a velocidade característica da banda e entram músicas mais cadenciadas, onde há um groove muito mais latente do que o normal, mais próximo dos primeiros discos da banda.

Outra característica marcante deste álbum é a falta de peso: as guitarras de Zakk Wylde nunca soaram tão leves. Até nas músicas mais rápidas que normalmente viriam com guitarras carregadas de distorção – como em Heart of Darkness – a performance de Zakk se dá de maneira mais contida do que em seus álbuns anteriores, o que é interessante justamente por um dos grandes problemas da banda ser o excesso de guitarras. Mesmo assim, não é este o motivo do álbum ser apenas mediano.

Apesar da quebra de expectativa por não ser um álbum pesado, o grande problema desse álbum é mesmo o quanto ele é esquecível. As músicas não são chatas, mas soam como se a banda inteira estivesse no piloto automático. É como se o disco não fosse ruim o bastante para você odiá-lo, mas também não fosse bom o bastante para você querer ouvi-lo mais vezes. Pensou em álbum nada? Eu também. Mas deixemos isso para lá e vamos ao faixa-a-faixa.

O disco começa com Fields of Unforgiveness, cujo riff inicial lembra bastante o de Fire it Up, do disco Mafia. Com um bom solo e um bom refrão, a música é interessante, porém não tem o apelo que poderia ter. A seguir vem My Dying Time e Believe, que com o seu ritmo cadenciado dão um ótimo parâmetro de como será o disco.

Logo depois vem a primeira balada, Angel of Mercy. Zakk Wylde sempre fez ótimas baladas (vide o seu álbum de acústicas Book of Shadows, uma ótima pedida para uma tarde de domingo ociosa), mas essa infelizmente soa bastante genérica – principalmente quando comparada com as melhores baladas que Zakk já produziu (cof, Road Back Home cof!). Zakk Wylde também se auto-plagia e rouba um pedaço do solo da música Sold My Soul para colocar aqui – mas isso não é um problema, uma vez que até Randy Rhoads já fez isso.

A seguir vem a já comentada Heart of Darkness, que é bem próxima dos lançamentos anteriores da banda, mas por ter um refrão insosso e repetir o riff muitas vezes, acaba se tornando maçante. Beyond the Down é provavelmente a música mais legal de todo o disco. Ela tem o clima mais calmo e cadenciado desse novo lançamento mas também tem um ótimo riff, que remete diretamente aos discos mais pesados da banda, sendo um meio termo bastante agradável e por isso mesmo surpreendente.

E sob o nome de Scars vem a segunda balada do álbum. Ela não possui o apelo que baladas normalmente possuem, mas é bastante relaxante e intimista, e com um solo daqueles que há muito tempo Zakk Wylde não fazia. Damn the Flood é a música mais rápida do disco, com Zakk fazendo os vocais rasgados que só ele sabe fazer. Logo depois vem I’ve Gone Away e seu riff incrivelmente pesado para os padrões desse álbum – mas que ainda assim não corresponde à sonoridade cadenciada que a música possui.

Logo em seguida temos Empty Promises, que possui um ótimo refrão e traz aquele apelo tão presente nas músicas do Black Label Society e tão em falta nesse disco. E fechando vem Shades of Grey, uma balada que me lembrou bastante alguns cantos de igreja (!), o que provavelmente se deve ao seu refrão em coro. É uma balada interessante e que foge do lugar comum, mas que talvez ficasse melhor se não fosse tão longa.

Catacombs of the Black Vatican traz uma nova sonoridade e surpreende por seguir um caminho diferente. Talvez essa mudança de ares dê um novo gás à banda e seja o pontapé inicial para outros petardos virem. Se você não é fã do que o Black Label Society já fez até aqui, talvez o estilo deste novo disco lhe apeteça – mas é melhor ouvi-lo aguardando pelo próximo lançamento.