Far Cry 3: Blood Dragon

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Poucos jogos fizeram tanto barulho aqui no DELFOS quanto Far Cry 3: Blood Dragon. Desde que informações sobre ele surgiram, justamente no dia primeiro de abril, ele veio rodeado de expectativas e controvérsias. Para você ter uma ideia, quando o Lucas publicou a notícia do anúncio, eu mandei um e-mail para ele dando uma bronca por ter divulgado uma brincadeira de primeiro de abril como se fosse real.

Quando ficou claro que o jogo existia mesmo, a expectativa foi às alturas. Saca só a empolgação do Lucas ao falar dele aqui. Estávamos diante do potencial jogo mais delfiano de todos os tempos, e logo e-mails começaram a chover na redação exigindo que resenhássemos ele. Pois atendendo a pedidos, vamos falar de Far Cry 3: Blood Dragon.

ANOS 80

Antes de mais nada, convém deixar claro que, embora leve o nome Far Cry 3, você não precisa do disco do jogo para rodar Blood Dragon. Isto não é um DLC, é um jogo à parte, feito em cima das fórmulas e jogabilidade do melhor jogo de 2012.

Isso significa que sai a “Branca de Neve” Jason Brody e entra o sargento Rex Power Colt, um cybersoldado com mais máquina do que material orgânico em seu corpo. E veja só, a voz dele é feita por Michael Biehn, ninguém mais ninguém menos que o Kyle Reese, o herói do primeiro Exterminador do Futuro.

Rex é um herói como não se faz mais hoje em dia, com cyber-bolas de sobra e sempre com uma frase de efeito na ponta da língua. Sua personalidade é o principal motivo para Blood Dragon ser tão legal! Ele faz um monte de referências e tira sarro das convenções dos videogames. Ele reclama do tutorial e de cada porcariazinha que você coleta no cenário. “Se eu pegar o sujeito que achou que isso seria divertido…”, reclama em sua voz rouca, dando voz a milhares de jogadores que não conseguem entender porque diabos estamos gastando nosso tempo pegando peninhas.

Além do herói em si, o jogo inteiro transpira anos 80. O visual escuro e a trilha sonora têm cara dos filmes pós-apocalípticos da época. O curioso é que tanto o visual quanto as músicas não invocam os filmes fanfarrões do Schwarzenegger, mas aqueles mais sérios, tipo Blade Runner. Isso é uma opção bem curiosa pois, ao contrário de jogos como Bulletstorm, que transbordam fanfarronice até no título, Blood Dragon parece sério. Se alguém passa enquanto você está jogando, sem prestar atenção nos diálogos, não vai ter nem ideia que está diante de um dos jogos mais engraçados dessa geração.

A história é contada através de imagens semi-animadas. Se você é velho suficiente para lembrar do Ninja Gaiden do Nintendinho, sabe do que falo. E se você não é velho suficiente para isso, Blood Dragon não é para você mesmo! =]

GAMEPLAY

Aqui Far Cry 3: Blood Dragon começa a parecer um tanto familiar demais. Tirando o visual e as piadas, tudo que está aqui estava em Far Cry 3. Não há armas novas (pelo menos não até a última fase) e nem mesmo novas habilidades. Rex Power Colt faz basicamente o que Jason Brody fazia.

Você sobe de nível rapidamente e cada nível traz um upgrade específico. Pois é, ao contrário da matriz, aqui não há uma árvore de habilidades para você escolher como o personagem evolui. Particularmente, gostei bastante dessa opção, pois contribui para dar o sabor de um videogame do passado.

Porém, o jogo em si é basicamente um pouco mais de Far Cry 3. Tem 13 campos inimigos para serem capturados na pequena ilha do novo jogo, e isso funciona exatamente como na matriz. A única diferença é que, ao invés de ter animais presos em jaulas, que podem ser liberados e fazer o trabalho para você, aqui temos um botão que chama um dos famosos Blood Dragons. Só que pense antes de chamar o monstro, pois depois que ele matar os inimigos, você vai ter que lidar com ele para completar a missão.

Uma vez que você capturar o campo ou, como diz no jogo, “instituir a democracia”, uma ou duas sidemissions vão ser liberadas. “Salve o cientista” são missões de stealth em que você deve matar um punhado de inimigos sem ser visto, ou eles atacam o cientista. A outra opção é caçar um animal específico com uma arma específica, como já existia em Far Cry 3.

FAR CRY 3: ENXUTO EDITION

Como não existem tantas missões quanto no jogo original, o negócio funciona melhor e desce mais suave. Todas as sidemissions foram divertidas para mim, e eu não me senti em nenhum momento querendo me livrar delas, como é comum acontecer em jogos de mundo aberto. Uma das missões de caça, em especial, me divertiu bastante, pois ela te manda ir até o esgoto para matar quatro tartarugas que estão fazendo amizades com ratos. Chegando lá, você encontra caixas de pizza no chão! Genial, delfonauta! E se você não sacou do que se trata, temo que nossa amizade vai acabar por aqui.

Obviamente, além dos campos e das sidemissions, tem as missões da história. E elas são igualmente enxutas: apenas sete, bem pouco para um jogo de mundo aberto, mesmo um baixável de 15 dólares. As duas primeiras são emendadas no início do jogo, antes de você ser “liberado” para fazer o que quiser.

As duas últimas também são ligadas, e a penúltima é o pior defeito do jogo: trata-se de uma fase de arena, em que o jogo te dá apenas uma arma específica e manda matar trocentos inimigos. Lembrou-me bastante o círculo da Fraude em Dante’s Inferno e igualmente chato. É uma pena que, de apenas sete “fases”, uma seja assim.

Por uma ironia do destino, nos meus primeiros dias com o jogo, eu tinha pouco tempo por vez para jogar, então fui evitando as fases de história e, antes que me desse conta, já tinha feito todas as sidemissions, liberado todos os campos e pegado todas as coisinhas aleatórias. Eu literalmente não tinha mais nada a fazer no jogo a não ser as fases de história. E daí, quando sentei para fazê-las, fiz as cinco restantes de uma vez (as duas primeiras você faz automaticamente ao iniciar o jogo). Então se você quer apenas ver a história, já vá esperando matar Far Cry 3: Blood Dragon em um ou dois dias.

Cada sidemission libera um upgrade para suas armas. E você vai precisar deles, pois começa bem limitado. Para você ter uma ideia, inicialmente sua metralhadora solta apenas uns dois ou três tiros cada vez que você aperta o gatilho. Que espécie de metralhadora é essa? Felizmente, as missões são tão legais que logo você já estará overpowered até demais. E se eu já estava me sentindo overpowered ao terminar as sidemissions e começar a jornada pelas cinco missões de história restantes, nada poderia me preparar para a última missão!

GENOCÍDIO É DIVERTIDO

Amigo delfonauta, se tem um jogo que faz jus à expressão “pic* das galáxias”, este jogo é Blood Dragon. Na última fase, você recebe a única arma nova, e ela é tão absurdamente pintuda que você vai se sentir o Hulk esmagando homenzinhos. Para você ter uma ideia, no começo da última fase, Rex pergunta para o computador que te dá as missões (algo tipo a Cortana de Halo, mas sem o apelo sexual) qual é o objetivo, e ela responde: “mate tudo”! Nesse momento você provavelmente vai soltar um “oh, yeah” em uníssono com o protagonista do jogo. Fala sério, quantas vezes isso já aconteceu na sua vida gamer? É lindo!

E daí, se você já estava se sentindo o Hulk, no final dessa fase o jogo ainda te dá mais um brinquedinho, que eu não vou falar qual é para não estragar a surpresa, que deixa você AINDA MAIS fuckin’ invencível. E para completar, ainda toca a inspiradora música tema de um conhecidíssimo filme dos anos 80 que eu, obviamente, também não vou falar qual é. Mas eu garanto, delfonauta, os últimos minutos de Blood Dragon vão tirar lágrimas de alegrias dos seus olhos! Genocídio nunca foi tão divertido.

Enquanto a maior parte dos jogos coloca na sua última fase uma provação, um momento de dificuldade, em que o jogador precisa usar todas as habilidades que adquiriu ao longo do jogo, Blood Dragon vai pelo caminho oposto. É a pura alegria de explodir coisas. E quando você estiver jogando este trecho e gritando “bum!” em uníssono com seu personagem, provavelmente vai concordar que poucas vezes se divertiu mais com um controle nas mãos.

Far Cry 3: Blood Dragon durou nove horas e meia para mim. Nesse tempo, fiz absolutamente tudo que ele oferece: todas as missões, colecionáveis, campos e troféus. Não é tão pouco se você considerar o preço (15 dólares) ou mesmo se o comparar com outros jogos, como God of War: Ascension. Ainda assim, me pareceu curto, provavelmente por sua estrutura de mundo aberto, que normalmente nos traz jogos bem longos. Eu diria que mais umas cinco ou seis missões principais seriam muito bem-vindas, e a tal fase da arena poderia ser totalmente excluída.

No entanto, com a exceção da fase da arena, Blood Dragon acabou se tornando o único jogo de mundo aberto que eu já joguei que é “all killer, no filler”. Pois é, até pegar as coisinhas aleatórias foi divertido aqui, graças às frases de efeito do protagonista e por não terem exagerado na quantidade. Foram nove horas e meia da mais pura diversão gamer e, desta forma, fica difícil não recomendar para qualquer delfonauta que tenha crescido sob a cultura dos anos 80.

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