Entrevista Exclusiva: A virada das luzes na carreira de Andre Matos

0

Após a primorosa masterclass que ocorreu no Rio de Janeiro, o vocalista Andre Matos, pela segunda vez, bateu um papo com a gente e falou um pouco sobre as grandes mudanças recentes da banda-solo, o fim prematuro do Symfonia, o futuro do Viper e uma surpresa: um novo disco do Virgo não está tão longe quanto parece… Descubra aí embaixo!

DELFOS – Uma postagem no Facebook oficial da banda deu conta de algumas mudanças estruturais e empresariais que sua banda solo sofreu. Quais foram essas mudanças e como elas influenciaram a banda como um todo?

Andre Matos – Esse é o tipo de coisa que acontece corriqueiramente. Volta e meia existe a necessidade de se reestruturar e de analisar atitudes que deram certo e outras que não deram tão certo. Qualquer banda ou qualquer empresa passa por esse tipo de coisa, e a gente vê isso acontecendo frequentemente, seja em empresas estatais, empresas privadas, e é como eu falei – uma banda não deixa de ser diferente disso.

A gente está sempre tentando otimizar, e eu acho que já urgia há algum tempo certas mudanças estruturais, como a que a gente divulgou. Essas mudanças começaram pelas raízes, digamos assim, mas elas vão se estender até todos os ramos das atividades da banda solo, e isso vai se fazer mais notório a partir do segundo semestre deste ano, quando o público vai poder notar de fato essas diferenças.

DELFOS – Na entrevista anterior concedida ao DELFOS, você citou o fato de que as mudanças que a indústria fonográfica vem sofrendo possibilitaram uma dinâmica diferente, principalmente no que tange ao lançamento de material inédito (n.e.: Andre havia dito que atualmente não há mais a necessidade de se lançar um disco novo a cada dois anos, e que você pode, por exemplo, lançar músicas de forma esparsa). E, nesse mesmo post do Facebook, foi anunciado que a banda está trabalhando em canções novas. O pensamento ainda se mantém atualmente?

Andre Matos – Sem dúvida, sem dúvida. A gente passou por um período longo de transição da indústria fonográfica, porém eu ainda me atenho a certos costumes do passado, digamos assim – ainda tenho contrato com gravadoras fora do Brasil e até dentro do Brasil, enfim… Então, não é que no caso da banda-solo eu tenha total liberdade de lançar o que quiser, quando quiser, como quiser, pois existe uma logística para isso. Mas uma coisa é certa: nunca se deve deixar de olhar para o futuro e nunca se deve deixar de trabalhar material novo, independente do prazo pro lançamento disso. O que eu me preocupo, apenas, é que tenha qualidade e, leve o tempo que levar, deve ser lançado com qualidade.

DELFOS – Com relação ao Virgo e ao In Paradisum, do Symfonia. Estes são trabalhos que, por serem discos pontuais e não terem lançamentos posteriores, se destacam dos outros álbuns que você já lançou. Você entende que esses discos possuíram uma função diferente dentro da sua carreira?

Andre Matos – Sob esse ponto de vista, sim. Foram discos pontuais que não tiveram uma continuação, mas, do ponto de vista de importância, eu não desmereceria esses trabalhos em função de outros. O fato deles não terem sido continuados difere de um projeto pro outro. No caso do Virgo, foi apenas uma coisa que ficou em suspenso e que, eventualmente, pode haver uma parte 2, nós temos vontade de fazer isso. É apenas solucionar de que forma seria lançado, mas a gravação em si, a produção de material novo não seria um problema. Já no caso do Symfonia, o projeto foi mesmo interrompido precocemente, e aparentemente não há a possibilidade de retorno ou de continuação desse projeto.

DELFOS – Continuando nessa linha do Symfonia, a criação de uma “banda dos sonhos” do Power Metal levou muitas pessoas a acreditar que surgiria algo inovador e etc., mas o In Paradisum acabou sendo um trabalho competente, mas conservador. Essa foi a ideia ao longo da produção?

Andre Matos – Sim, justamente por isso. Como as carreiras de cada um ali já, por si só, eram carreiras firmes e que já primavam pela inovação, o Symfonia foi muito despretensioso. Desde o começo a intenção foi de não fazer nada diferente daquilo que estávamos acostumados, vamos apenas tentar fazer isso bem. Nesse aspecto, se alguém imaginou algo diferente, talvez seja porque não se inteirou completamente do propósito da coisa – porque desde o começo a gente ressaltou essa questão de que não deviam esperar nada inovador, pois não era essa a intenção. A intenção era fazer o que a gente sabia fazer e fazer bem, e por isso fazer esse time dos sonhos para que a gente pudesse curtir isso de forma despretensiosa.

DELFOS – Falando um pouco do Viper. A despeito da origem da reunião, que seria pontual, o Viper se manteve ativo e está aí até hoje fazendo turnê, etc. O futuro da banda-solo a gente já sabe, mas e o do Viper?

Andre Matos – Isso a gente não sabe (risos). Nós recentemente realizamos um último show que estava programado e não há a previsão de novos shows no momento, porque essa segunda etapa dos shows foi justamente para comemorar o lançamento desse DVD, e vai chegar um momento em que esse repertório vai se esgotar. Eu, no Viper, francamente falando, me limito aos dois primeiros álbuns, em que eu participei efetivamente, e algumas outras músicas que eu me arrisco a cantar e que eles me propõem a cantar, mas não tem muito mais além disso. Tampouco há a previsão de qualquer tipo de material novo com o Viper. O Viper foi realmente uma coisa mais nostálgica, mais saudosista da nossa parte, e uma homenagem ao aniversário da banda, como se fosse um presente aos antigos fãs.

DELFOS – E agora, Andre, vamos ao bate-bola! Eu vou falar o nome de um disco e você diz o que acha, tudo bem?

Evolution – Viper: Um disco que eu gostaria de ter gravado.

Roots – Sepultura: Muito criativo.

Powerslave – Iron Maiden: Meu preferido do Iron Maiden.

Soldiers of Sunrise – Viper: Poderia ter sido gravado em condições melhores.

Fair Warning – Van Halen: Primeiro disco de rock que eu ouvi na vida e que me colocou nessa situação irreversível (risos).

Heaven and Hell – Black Sabbath: O grande clássico do Black Sabbath.

Mentalize – Andre Matos: Um disco que não foi devidamente apreciado ainda, pois foi um disco muito futurista.

British Steel – Judas Priest: No meu entender, o meu favorito do Judas, e Judas Priest é uma das minhas bandas favoritas.

Ritualive – Shaman: Até agora, eu acho que foi a melhor produção nacional de DVD já feita nesse estilo.

A Night At the Opera – Queen: Um clássico, independente do estilo.

Holy Land – Angra: Meu favorito do Angra.

DELFOS – Muito obrigado pela entrevista, Andre! Eu vou te pedir, agora, para deixar uma mensagem para o seleto público do DELFOS, que acabou de acompanhar essa entrevista.

VEJA MAIS MATÉRIAS RELACIONADAS AO ANDRE MATOS AQUI:

Vamos discutir a (quase) reunião do Angra

Nando Moura e as tretas do Metal Nacional

Aquiles Priester, Angra e a briga pelos royalties

Kiko Loureiro e a entrada no Megadeth

Ruídos Delfianos: A história completa de Temple of Shadows

Edu Falaschi – Moonlight

Viper – To Live Again Live in São Paulo