Ela é o Cara

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Eu estava com medo, muito medo desse filme. Pelo título e pelos atores envolvidos, esperava que ele resumisse em uma única película tudo de ruim que o cinema estadunidense é capaz de produzir.

Saca só a sinopse: uma menina que gosta de futebol (Amanda Bynes, da sitcom What I Like About You e do divertido desenho Robôs) se sente desprezada pelo treinador por não aceitar que ela jogue no time dos meninos. Então, como toda garota que se preze faria, liga para seu amigo cabeleireiro e pede para transformá-la em um cara. Pronto, está armada a confusão e a pobre menina vai descobrir o pesadelo que é ser um homem no colegial, principalmente na aula de educação física. E tenho certeza que nosso amigo Bruno pode me apoiar nisso.

Verdade seja dita, pessoas trocando de sexo, de personalidade e afins, já é basicamente um subgênero da comédia e já rendeu ótimos filmes, mas está deveras esgotado. Você sabe desde o começo, por exemplo, que vai existir uma cena onde o personagem vai ter que trocar a fantasia várias vezes rapidamente para não ser pego. Sabe que os personagens vão ser todos estereotipados. E sabe também que eventualmente a farsa será descoberta, mas que mesmo assim o final vai ser super-duper feliz.

Ela é o Cara tem todas essas características, o que me faz pensar o que ele tem da obra de Shakespeare na qual é baseada (o conto Noite de Reis), além dos nomes dos personagens e de algumas poucas citações. Na verdade, eu não acho que seriam capazes de criar um filme com mais clichês do que esse nem se tentassem. E veja só, mesmo assim eu me surpreendi positivamente com ele. Embora não seja nem um pouco inovador e nem vá mudar a vida de ninguém, trata-se de uma comédia que acaba agradando por ser completamente despretensiosa e visivelmente ter como razão de sua existência a pura e simples diversão. E faz isso muito bem, com ótimas piadas de situações constrangedoras.

Admito que até eu estou estranhando dar uma nota tão alta para um filminho como esse, mas o que posso dizer? Eu realmente me diverti muito durante a projeção. E quem disse que, para um filme ser bom, ele precisa ser inovador? Se uma comédia faz rir, seu objetivo foi alcançado. Ela é o Cara cumpre muito bem essa missão.

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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
ela-e-o-caraPaís: EUA<br> Ano: 2006<br> Gênero: Comédia de troca de sexo<br>