Se você está acompanhando as resenhas sobre os livros de Dexter, já sabe que os acho bastante irregulares. Quando a história é boa, a escrita de Jeff Lindsay não acompanha. E quando ele acerta a mão na técnica, a trama não é tudo isso. O quarto livro da série, Dexter – Design de um Assassino, encaixa-se perfeitamente na segunda categoria.
E embora Jeff Lindsay tenha novamente acertado a mão na técnica de escrita e especialmente no senso de humor, traduzido pelos pensamentos hilários do Dexter narrador, a trama deste romance é genérica ao extremo, completamente sem inspiração e facilmente esquecível. É um livro que nada acrescenta às desventuras do personagem, com uma história repetitiva.
Dessa vez Dexter sai atrás de um psicopata metido a artista. O sujeito espalha corpos pela cidade arranjados e decorados de maneira macabra. Não dá para elaborar mais sem dar spoilers, mas lá pelas tantas acontece um negócio que torna o novo jogo de gato e rato pessoal tanto para Dexter quanto para o maluco arranjador de corpos.
Esse modus operandi do novo assassino lembra muito o Ice Truck Killer do primeiro livro e da primeira temporada da série, e só contribui ainda mais para a sensação de que você já leu essa história antes. O fato de que todo o desenrolar parece seguir a mesma fórmula dos três livros anteriores demonstra falta de inspiração ou um possível cansaço criativo do autor. Se era esse o caso, talvez fosse melhor dar um tempo e só voltar a escrever quando batesse alguma nova inspiração.
Para não dizer que não há nada de bom aqui, há sim pelo menos dois pontos positivos. Ele continua a desenvolver muito mais a importância dos filhos de Rita e sua relação com Dexter, de uma forma que o seriado de TV não chegou a fazer, talvez por falta de um pouco mais de coragem. E a conclusão do livro também acaba sendo bacana pelo absurdo exagerado envolvido na situação, o que só contribui ainda mais para o humor, que é um dos pontos fortes da série literária.
Ainda assim, é muito pouco para salvar uma leitura que não chega a lugar nenhum e falha em entreter por seu jeitão de trama reciclada. O terceiro romance errou ao mexer com um dos principais elementos do personagem, mas ao menos tentou de fato inovar. Este preferiu jogar no seguro da boa e velha repetição de fórmulas.
Por incrível que pareça, a série de TV, mesmo com suas horríveis últimas temporadas, por enquanto segue ganhando a batalha contra a fonte original, algo bem difícil de acontecer. Mas resta a esperança de que os próximos romances virem o jogo. Basta um pouco mais de inspiração e uma história que saia do lugar-comum feito até aqui. Não é pedir demais.
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