Amigo leitor, como você está no DELFOS, deduzo que é um apaixonado por cultura pop e, como tal, entende um pouquinho de roteiro. Assim, o que vem à sua cabeça quando você vai assistir a um filme chamado Terremoto?

Particularmente, eu esperava algo na linha Roland Emmerich. Um filme desastre cheio de efeitos especiais. Terremoto tem isso. Mas curiosamente não é o foco. Em um longa chamado Terremoto, você espera que o tal abalo sísmico aconteça logo no início ou, no máximo, no ponto de virada entre o primeiro e o segundo ato, depois de os personagens serem apresentados.

Crítica Terremoto, Terremoto, Delfos

Pois sabe quando o maledeto dá as caras aqui? No ponto de virada entre o segundo e o terceiro ato. Ou seja, o terremoto de Terremoto não é o desenvolvimento. É o clímax!

CRÍTICA TERREMOTO

Outra coisa curiosa é que Terremoto é uma continuação. O filme anterior, Bølgen, de 2015, gira em torno de um Tsunami. Pelos meus parcos conhecimentos geográficos, um tsunami é causado por um terremoto, então a ordem deveria ser invertida. Mas isso não é importante.

Este filme é um drama bem sério, focado no geólogo Kristian (Kristoffer Joner). Depois de salvar geral no longa anterior, ele ficou paranoico e acredita que um novo desastre vai acontecer a qualquer momento. Ele foca sua pesquisa nisso, o que custa o relacionamento com sua família.

Crítica Terremoto, Terremoto, Delfos
Esse pôster definitivamente não é do filme que eu assisti.

Quando ele encontra motivos para crer que um grande terremoto vai ocorrer, ele passa a avisar todo mundo, tanto entes queridos quanto autoridades. Obviamente, ninguém acredita. E obviamente, ele estava certo.

Esse drama do geólogo desacreditado e obcecado é a real história de Terremoto. E vou ser sincero. É muito chato. É chato a ponto de que eu ficava olhando no relógio para ver quanto faltava para acabar.

AFINAL, O FILME CHAMA TERREMOTO!

Penso que exatamente o mesmo filme poderia gerar impressões bem diferentes com outro nome. Se o Terremoto fosse algo que viesse de surpresa, teria um impacto bem maior. Afinal, quantos filmes revelam como será o clímax de antemão?

O título e sinopse oficiais deveriam deixar claro que se trata da história de um geólogo obcecado e desacreditado. Não causar espectativas de ser um Roland Emmerich norueguês. Afinal, quem vai assistir a este filme do jeito que está divulgado quer ver destruição, não drama pessoal de relacionamentos.

E, no final das contas, o Terremoto e as consequências dele são interessantes e emocionantes. Tem uma cena em que um prédio cai em cima do outro que é cinema da melhor qualidade. É de ficar se segurando na poltrona, mas demora tanto para acontecer que a essa altura o filme já se perdeu.

Crítica Terremoto, Terremoto, Delfos
Essa cena é fantástica. Mas só vem no final.

É comum a gente falar aqui no DELFOS que determinados filmes valem ver em casa, não no cinema. Pois Terremoto é um caso à parte. Ele até merece ser visto no cinema (mesmo antes do desastre, a direção é muito legal e estilosa), mas a sensação é que tudo que vem antes do clímax é uma introdução arrastada.

Minha recomendação? Se tiver a possibilidade (tipo se um dia ele estiver no Netflix ou você resolver comprar uma passagem para a Argentina), assista só aos últimos 20 minutos. Ou então, mude sua mentalidade e assista-o pelo drama de relacionamento dos personagens, não pelo Terremoto que o dá título.