Sabe que eu estava empolgado para assistir a Predadores Assassinos? O nome brasileiro – e o diretor – remetem diretamente àqueles filmes B divertidíssimos, como Piranha 3D. Infelizmente, este não é o caso. Você vai descobrir o porquê lendo nossa crítica Predadores Assassinos.

CRÍTICA PREDADORES ASSASSINOS

Eu sinceramente esperava que Predadores Assassinos fosse um Piranha 3D com jacarés. Tipo, teríamos dúzias de pessoas sendo assassinadas por dezenas de répteis. A verdade é que este é um filme muito mais contido – e muito mais sério.

A história é focada em Haley (Kaya Scodelario), uma nadadora que decide ir atrás do pai no meio de um furacão. E é um daqueles furacões tão fortes que toda uma cidade foi evacuada. Adivinha onde o pai da moçoila se enfiou?

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Ela finalmente encontra o pai preso no porão de uma casa que, devido à tempestade, está lentamente sendo inundada. Não demora para ambos serem atacados por dois enormes jacarés. Agora eles precisam não apenas sair do porão – o que já vai ser bem difícil – como conseguir sair da área evacuada.

E sabe de uma coisa? Embora não seja o que eu esperava, este tipo de filme de terror claustrofóbico, quase inteiramente focado em um único local, muito me agrada. Na real, acredito que se eu tivesse lido a sinopse que acabei de descrever antes de assistir, ficaria ainda mais ansioso para vê-lo.

OLHA O JACARÉ!

Predadores Assassinos, Crítica Predadores Assassinos, Alexandre Aja, DelfosUma das reclamações mais comuns direcionadas a filmes de terror é a burrice dos protagonistas. Filmes mais recentes têm saudavelmente se afastado deste clichê, mas Predadores Assassinos o abraça fortemente.

Para começar: por que diabos o pai da moçoila não saiu da cidade com todas as outras pessoas? O máximo de explicação que temos aqui é que ele tem um apego sentimental à residência. Ok, mas tem um furacão vindo, meu! E outra: por que, pelo olho furado de Odin, a moça foi furar o bloqueio policial para se enfiar justamente naquela região? Poucos filmes têm uma premissa tão facilmente evitável quanto este aqui.

Infelizmente, não é apenas o clichê da burrice que ele abraça, mas simplesmente se limita a repetir todas as cenas que habitam produções do gênero terror claustrofóbico. Tem a esperança frustrada, tem o morto que é só uma pegadinha do Mallandro e tudo mais que você conseguir pensar. Na verdade, eu fiquei com uma forte sensação de que literalmente já havia assistido a Predadores Assassinos antes, como se ele fosse um remake.

E é uma pena, porque sua ambientação – uma casa inundada no meio de um furacão – é muito legal. Não apenas renderia um roteiro muito mais criativo, mas também cenas com um alto apelo visual. Ele até entrega este último em parte. As poucas cenas que acontecem do lado de fora da casa, em meio à tempestade, são bem bonitas, e deve ter dado um belo trabalho para serem criadas. Elas deixam claro que Predadores Assassinos não é um filme de terror de baixo orçamento.

A questão é que isso não é capaz de salvar um roteiro que se limita a repetir cenas feitas muitas vezes em filmes melhores. Predadores Assassinos é um daqueles casos que até pode agradar quem não tem muito repertório no gênero, mas para os demais, vai parecer extremamente requentado.

REVER GERAL
Nota:
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
critica-predadores-assassinosTítulo original: Crawl<br> País: EUA / Sérvia / Canadá<br> Ano: 2019<br> Distribuidora: Paramount<br> Duração: 1h27m<br> Diretor: Alexandre Aja<br> Roteiro: Michael Rasmussen, Shawn Rasmussen<br> Elenco: Kaya Scodelario, Barry Pepper e Morfydd Clark.<br>