Quando estava estudando roteiro, alguns anos atrás, lembro de ter lido algo na linha “o público decide se gosta de algo nos primeiros minutos, então capriche no início”. Faz todo o sentido, não? Porém, me incomoda o quanto os roteiros e demais trabalhos de obras culturais levam isso a sério. A ponto de que muitas coisas – especialmente filmes e jogos – começam muito bem, e depois desandam forte. E veja só, eu já comecei minha crítica Os Caras Malvados e você nem percebeu.

CRÍTICA OS CARAS MALVADOS

O que esperar de Os Caras Malvados? Talvez uma versão mais fofa de Cães de Aluguel? Ou quem sabe de Onze Homens e um Segredo? Ora, este é um filme da mesma empresa que nos trouxe Meu Malvado FavoritoMegamente. Não por acaso, é por aí mesmo.

Em Os Caras Malvados conhecemos um grupo de ladrões formado por animais predadores. Temos um lobo (o vilão de todas as histórias), uma aranha, uma cobra, uma piranha e um tubarão. Ninguém gosta deles por causa do que são, e por isso aprenderam a viver sem precisar de outras pessoas.

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O tubarão é um mestre do disfarce. Como alguém pode não gostar dele?

Quando eles tentam fazer o maior assalto de suas vidas, acabam sendo capturados pela polícia. E então, recebem uma proposta irrecusável: vamos dar uma chance para vocês virarem caras legais. Se conseguirem, estarão livres. A-há, mas aí que tá. Eles não são caras legais. Eles são Os Caras Malvados. E, como tal, é claro que vão tentar se aproveitar da situação.

VOLTEMOS À OPINIÃO

Sinopse feita, voltamos à introdução. Os Caras Malvados causa uma excelente primeira impressão. Da estética à trilha sonora, ao simples estilo da coisa toda. E, especialmente, ao visual dos personagens, que tam aquele jeito marrento e engraçado costumeiramente ligado aos Looney Tunes.

Parecia que seria um filme ótimo. E, de fato, ele traz boas piadas e uma estética geral muito legal. Porém, peca em apresentar uma história bem batida e previsível, do tipo que parece que o foco na criação do filme foi no visual, não no roteiro. Como se o roteiro fosse uma pequena parte sem importância da obra final. E, você sabe, não é.

A DIFERENÇA DA PIXAR

Curiosamente, alguns dias antes de assistir a Os Caras Malvados, eu assisti ao Red, da Pixar. E aquele filme sofre também do problema grave de uma história previsível. Porém, de alguma forma, a mágica da Pixar conseguiu resgatar isso.

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Não que a Dreamworks não faça filmes legais. Muito pelo contrário, eu adoro vários deles. Mas Os Caras Malvados não dá essa liga. Ele começa bem. Mas daí só piora. E quanto mais previsível a história fica, mais difícil é resgatar a experiência. Eu comecei empolgado e terminei entediado.

Os Caras Malvados não é ruim. É um filme nada que entretém e até arranca algumas risadas, em geral baseadas no design fantástico de seus personagens. E daí pensamos naquela velha história da introdução. As pessoas decidem se vão gostar de algo nos primeiros minutos. E a primeira impressão de fato é importante. Porém, se o filme não tem nada a dizer depois dela, talvez seja o caso de fazer um curta.