Vou começar esta crítica Indiana Jones e a Relíquia do Destino com um disclaimer.
meu gosto em indiana jones não bate com o da maioria
Se você é um delfonauta das antigas (high five!), deve se lembrar que eu dei nota máxima a Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal. Eu sei, isso provavelmente já deve fazer você me mandar ouvir pagode. Mas tem mais. Eu acho Os Caçadores da Arca Perdida chato pra burro.
Te perdi? Bom, se você ainda está interessado em saber o que achei do mais novo Indiana Jones depois dessas bombas, veio ao lugar certo. Afinal, esta é minha…
CRÍTICA INDIANA JONES E A RELÍQUIA DO DESTINO
Lembra de X-Men O Confronto Final e aquela tentativa tosca de rejuvenescer o Ian McKellen e o Patrick Stewart? Pois é, como o CGI evoluiu desde então. Indiana Jones e a Relíquia do Destino começa com um flashback, que se passa próximo à trilogia original. E é incrível, porque nessa primeira parte temos o Harrison Ford exatamente como ele era na época. Eu sinceramente não diria que isso é exatamente bom, mas é incrível mesmo assim.
O flashback apresenta o McGuffin, a tal Relíquia do Destino, que é um disco, assim como o título original entrega, então não sei porque mudaram a palavra aqui no Brasil. Mas enfim, é uma relíquia construída por Arquimedes que os nazistas acreditam ser capaz de controlar o tempo.
Salto para 1969. Indiana Jones agora está velhinho e a ponto de se aposentar. E uns nazistas remanescentes ainda estão procurando a tal relíquia, dividida em duas metades. E essa é a aventura de hoje. Os nazistas querem controlar o tempo, e o Indy quer impedí-los. Bora pra um monte de humor e cenas de ação explosivas?
INDIANA JONES E O COVER DE RESPEITO
Aqui no DELFOS a gente costuma chamar bandas com membros originais, mas sem os principais (tipo o Creedence Clearwater Revisited) de covers de respeito. Indiana Jones e a Relíquia do Destino tem o Harrison Ford e o John Rhys-Davies, além de trazer John Williams de volta da aposentadoria. Mas obviamente não tem a dupla principal, Steven Spielberg e George Lucas (creditados aqui como produtores executivos). Então acaba sendo o mesmo caso. Uma espécie de reunião com alguns de seus membros famosos, mas que é totalmente nostálgico, e vai apenas tocar acordes do passado.
A boa notícia é que Indiana Jones e a Relíquia do Destino é um excelente cover de respeito. James Mangold deixou seu estilo próprio de lado para copiar o Spielberg. O roteiro emula bem o fato de que até mesmo o Indiana Jones original era uma homenagem às matinês de um passado – ainda mais – distante. Assim, tem bastante humor, um climão descompromissado delicioso e um monte de cenas de ação exageradas que o cinema nunca teria conseguido fazer nas matinês de outrora.
INDIANA JONES E O UNCHARTED
Todos nós sabemos que os games de Uncharted surgiram como uma espécia de Indiana Jones modernizado. E é bem claro aqui que a influência é cíclica. Indy influenciou Uncharted, que por sua vez influenciou o Dr. Jones de volta. Sem exagero, há pelo menos três cenas aqui que são interpretações diretas de cenas famosas da série de videogames da Playstation. Coisa que nem o próprio filme de Uncharted fez. Em outras palavras, Uncharted era o videogame que Indiana Jones nunca ganhou. E Indiana Jones e a Relíquia do Destino é o filme que Uncharted nunca recebeu. Eu sinceramente não sei se reajo a isso como um velho cínico ou como um fanboy nerd. Afinal, sou os dois.
INDIANA JONES E O ÚLTIMO HOLLYWOOD
O fato é que Indiana Jones e a Relíquia do Destino é um Indiana Jones modernizado. Não me refiro à tecnologia ou ao CG que, obviamente, evoluíram muito desde os anos 80. Mas à própria narrativa. O jeito de contar histórias mais rápido e mais focado em entretenimento que reflete os filmes populares da última década. É Indiana Jones refletido pela Marvel, se é que você me entende. E, considerando que tanto a Lucasfilm quanto a Marvel hoje são da Disney, essa analogia é mais próxima da verdade do que parece.
Mas eu gosto desse estilo de cinema, assim como gosto das matinês antigas e dos Indiana Jones originais (tá, com exceção do A Última Cruzada). Então essa mistura me parece muito saborosa. Afinal de contas, nos anos 80 Indiana Jones representava o cinemão de entretenimento da época, então é até de certa forma natural que continue fazendo isso em 2023.