Acredito que nem James Wan e sua patota imaginavam que a boneca sapeca Annabelle ficaria tão famosa apenas por um rápido aparecimento em Invocação do Mal. Ela virou um verdadeiro ícone do terror, tendo gerado vários filmes derivados e até uma série só sua – que agora homenageamos com esta crítica Annabelle 3: De Volta Para Casa. Pois é, já temos mais filmes da Annabelle do que de Invocação do Mal. Que puxa.
CRÍTICA ANNABELLE 3: DE VOLTA PARA CASA
O título e o elenco entregavam: finalmente veríamos a história que todo mundo queria ver: como a boneca bacana foi parar no museu de objetos assombrados de Ed (Patrick Wilson) e Lorraine Warren (Vera Farmiga). Finalmente, né? Eu já reclamei de este não ser o tema na minha crítica do primeiro Annabelle. Estava mais do que na hora.
Só que não. Annabelle 3: De Volta Para Casa começa onde deveria terminar. A primeira cena mostra os Warren dizendo para uma galera – teoricamente aqueles cuja pele acabaram de salvar da boneca dos infernos – que vão confiscá-la e guardá-la, pois destruí-la seria ainda pior.
E assim o fazem. Eles levam a boneca encapetada para casa, chamam um padre para benzê-la e a trancam naquela caixa de vidro que já ficou famosa. E daí simplesmente chamam uma babá para passar a noite com sua filha Judy, e saem do filme.
Pois é, esta não é a história de como os Warren cruzaram caminhos com a Annabelle e nem mostra porque eles têm tanto medo dela (quando a colocam na caixa já há o adesivo advertindo para não abrir de jeito nenhum). Não, isso aconteceu antes. Annabelle 3 é focado na Judy, na babá e em uma amiga bicona e curiosa – que vai abrir a caixa (sempre tem um idiota nos filmes de terror).
ELA JÁ ESTÁ EM CASA
O que acontece é exatamente o padrão do terror sobrenatural. Dúzias e mais dúzias de sustos com aumento de trilha sonora, coisas que se mexem, visões em segundo plano. Todo o cerne do filme rola enquanto os Warren estão fora de casa, então não espere nada da investigação que costuma tornar a presença deles tão fascinante. E digo mais, a participação dos atores Vera Farmiga e Patrick Wilson, que tanto prometia, é apenas uma rápida ponta.
A falta de criatividade não significa que não haja cenas legais. A que envolve uma televisão e uma brincadeira entre duas linhas temporais, por exemplo, é uma das mais legais que vi recentemente, e merece até ficar famosa.
Também há, curiosamente, bastante humor. E o humor funciona bem. Particularmente, diria que funciona até melhor do que as partes mais propriamentes de medo, mas se você lê meus textos já deve saber que é muito difícil me assustar com assombrações.
Como um todo, no entanto, Annabelle 3 não passa de um filme nada. Entretém e é bem feitinho, mas tirando a cena da TV, vai sumir da memória muito mais rápido do que a boneca de Satanás que dá nome ao longa.
E isso é o mais difícil de entender. James Wan e a Warner conseguiram deixar todo mundo encucado com a maldita boneca from hell, mas já fizeram três filmes contando histórias genéricas que nada têm a ver com o que a deixou famosa. Até neste que, teoricamente, deveria contar o que todos queriam ver, pisaram na bola.
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